𝐀𝐑𝐂𝐀𝐃𝐄
𝘄𝗲 𝘄𝗲𝗿𝗲 𝗮𝗹𝘄𝗮𝘆𝘀 𝗮 𝗹𝗼𝘀𝘁 𝗴𝗮𝗺𝗲
ponto de vista do Baji.Dez anos atrás 一 Tóquio.
Minhas mãos sangravam, seja pelo meu ferimento exposto ou pelo nariz do cara que acabei de quebrar, eu não sabia e ao menos tinha interesse em saber. Mikey provavelmente ficaria bravo comigo se soubesse que ando batendo nas pessoas sem motivo, mas essa era a única maneira de me afastar de pensamentos ruins, de não ter que ficar sozinho comigo mesmo. Eu sabia que socar pessoas não era algo certo, todavia nada na minha vida foi certo por muito tempo. Sabia que chegaria em casa, e encontraría minha mãe triste, mas com um sorriso no rosto pra tentar parecer forte para mim, mesmo que nós dois soubéssemos que não era a realidade.
Desde que me pai me trocou por uma garota não tão mais velha que eu, minha mãe se afogou em uma depressão profunda, passa tempo demais trabalhando pra tentar ocupar a cabeça com algo. Pra não ter que ficar naquela casa e lembrar de tudo que passamos nela, nas falsas palavras de amor, na falsa vida perfeita. Acho que somos parecidos nisso, passamos muito tempo fora de casa com nossos demônios, apenas para que eles não nos dominem dentro dela. Penso que esse é o mal da minha familia. Eu sei que não vou viver muito, a vida não é justa com pessoas como eu. Tenho doze anos e já conheço toda a podridão do mundo, não possuo mais aquele olhar inocente, já estou até em uma gangue. Mesmo que eu ache que a Tohman é indefesa, mas mesmo assim isso não parece certo, no entanto estou com meus amigos e sinto que não preciso temer.
Manjiro e Draken cuidam de tudo, sao bons ouvintes e amigos e eu sou grato por tê-los em minha vida. Mitsuya por outro lado é mais carinhoso, ele sempre esta cuidando de todos como um irmão mais velho, acredito que seja porquê está acostumado a ser assim, criando as irmãs e coisa do tipo. Pah-chin é uma pessoa boa, estressado e bobao mas eu sei que ele faria de tudo por nós, com seu jeito tonto mas faria. Já Kazutora, somos mais próximos que a maioria, entendemos da dor um do outro, essas merdas com a familia, convivemos com demônios grandes o bastante para nos devorar. Mas sabemos que se estivermos um ao lado do outro, isso não vai importar. Eles são meu tesouro.
Mesmo assim, eu sinto que falta alguma coisa em mim, talvez amor.
Respiro fundo antes de limpar minha mão na minha camiseta, manchando o tecido com o sangue carmesim. Levanto do chão e começo a caminhar pelo parque, irei pra casa me limpar e depois encontrar os garotos. Provavelmente mamãe não estava em casa, mas tenho certeza que tinha comida na geladeira.
一 Isso deve estar doendo. 一 Paro de andar ao escutar uma voz suave atrás de mim.
Tão leve quanto a brisa que bate em meu rosto, era linda de se escutar, como um anjo.
Viro meu olhar em direção aquela voz e me deparo com uma garota de estatura pequena. Com seus longos cabelos soltos enquanto uma presilha prendia sua franja. Seu rosto era perfeito, as bochechas naturalmente coradas. Ela não parecia estar assustada ao me ver sangrando, na verdade caminhava em minha direção como alguém da realeza, seus passos leves como o andar de um nobre. A postura reta e os olhos fixos em mim, eu me sentia um mero servo de sua beleza inexplicável.
Ela era como uma rainha.
一 Deixe-me cuidar disso. 一 Disse tocando minha mão ferida, seus dedos eram quentes e gentis. E seus olhos analisavam com calma o ferimento. 一 Vou lavar com água e depois passarei um remédio para cicatrização e então o curativo tudo bem?.
Balancei a cabeça em concordância. Eu ao menos sabia o que dizer, nunca havia me sentido tão impotente desse modo. Ao menos deveria ter deixado uma estranha me tocar, no entanto eu não possuia vontade alguma de afasta-la. Vi quando ela retirou de sua pequena mochila, ataduras, uma garrafa com água e um remédio, os colocou ao seu lado enquanto lavava minha mão com leveza. Senti minha pele arder ao ter o líquido em contato direto com meu machucado, mas não deixei que isso fosse transparente. Afinal ela lavava meus dedos com gentileza e dedicação.
一 Você não costuma falar muito, certo? 一 Perguntou, sem tirar os olhos da minha mão 一 Meus irmãos também dizem que eu falo demais, então devo estar assustando você. Mas jamais te deixaria sair machucado desse jeito 一 Sorriu gentilmente.
Como ela era capaz de ser tao boa com alguém que acabara de conhecer?
一 Eu a machuquei socando um cara. 一 Falei, pela primeira vez.
Ela não pareceu assustada, ainda passava o remédio com cuidado em minha mão.
一 Bom, espero que o outro cara tenha achado alguém pra cuidar dele também 一 Respondeu com firmeza. Seus olhos se encontraram com o meu, e eu vi algo neles que não via a muito tempo.
Bondade e Compaixão.
一 Como pode ser tão legal com alguém que acabou de conhecer? Eu sou um estranho. 一 Perguntei.
一 Bom, acho que eu só não aguentaria te ver sangrando por ai como se não fosse nada. Se eu vejo alguém machucado, com certeza irei ajudar. 一 Respondeu sem hesitar. Agora passava a atadura por minha mão. 一 Se me falar seu nome não seremos mais entranhos.
Hesitei um instante, nos conhecemos a menos de vinte minutos, mas ela parecia confiável. Como se pudesse lidar com todo peso do mundo em suas costas, realmente, como uma rainha.
一 Me chamo Baji Keisuke. 一 Respondi rapidamente.
Ela sorriu, finalmente soltou minha mão que agora estava enfaixada com cuidado e não havia mais resquício algum de sangue. Encarei seus olhos que miravam em minha direção, o vento do fim da tarde batia em nossos rostos e fazia com que nossos cabelos voassem. Ela estava linda, angelical.
一 Agora somos amigos, Baji! 一 Exclamou em felicidade. Como se fosse a melhor coisa do mundo. 一 Meu nome é Haitani [Nome].
Haitani [Nome].
Eu não sabia, mas conhecer [Nome] naquele dia me faria ter uma dívida eterna com ela, que valia muito mais, do que uma mão machucada.
Esse era o preço, por querer andar ao lado de um ser tão bondoso e justo.
De uma Rainha.
一
Capitulo curto e não revisado, perdão :(
Apenas para introduzir de forma sutil a relação deles dois. Acredito que devem estar confusos sobre o que aconteceu para que [Nome] não lembre dele, sobre o que aconteceu naquele dia.
Mas prometo que com o passar da história eu irei explicar tudo com mais leveza.
Obrigado pra quem leu até aqui, fiquem bem amo voces <3

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HAITANI, baji keisuke.
Fanfiction❝ acho que você não tem coração, tola fui eu que pensei em lhe dar o meu ❞ onde uma memória recuperada foi o bastante para causar uma guerra em tóquio e despertar o mais genuino amor. keisuke baji x oc fem © kz2tora.