Capítulo 20
Marina Marques
Fechei os olhos quando ele caiu deitado ao meu lado, depois de me beijar na boca. Meu peito subia e descia, a respiração voltava ao ritmo desacelerado, mas o corpo ainda tinha arrepios de satisfação.
Esse homem me saciava de um jeito que eu nunca conseguiria fazer sozinha, e isso era perigoso, porque eu sempre fui boa em explorar meu próprio prazer. Mas com ele era ainda melhor, muito melhor.
Ficamos em silêncio, eu, pronta para querer ir embora. Fred, do jeito que era, devia estar pensando que errou em ter nos levado para a cama rápido demais. De novo. Era sempre assim. Era difícil pra nós dois nos beijarmos sem termos vontade de tirar a roupa. Foi como se precisássemos disso para matar a abstinência e a saudade.
Eu queria ficar com ele, namorar com ele. Queria poder correr para ele e contar que algo na minha vida mudou, eu estava avançando no trabalho, crescendo mais rápido do que imaginava, profissionalmente. Na verdade, indo por um caminho que nunca imaginei. Eu dava o meu melhor em cada entrevista, talvez fazer com prazer, com determinação e querer que desse um resultado incrível ajudasse, todos aprovaram meu desempenho até que recebi um contrato onde meu salário mais do que dobrou.
Claro que não contei isso em casa, seria como entregar a minha carta de alforria para eles rasgarem. Logo eu poderia sair de casa e ter um lugar confortável e só meu. Mas contar isso para Fred seria como ofendê-lo. Por que eu não poderia vir morar com ele? Por que eu tinha que ir pelos caminhos que projetei, sem ceder e pular as minhas fases? Eu nem tinha resposta para essas perguntas, mas queria desse jeito. Poderia estar sendo teimosa, mas se eu viesse morar com ele, logo ele ficaria perturbando, me forçando a parecer feliz com a ideia de ser mãe. Tem mulheres que nascem com esse espirito materno, acho incrível. Tem mulheres que nascem decididas a não querer de maneira nenhuma, que visam a felicidade em outra coisa que não a maternidade. E tem as como eu: que talvez gostariam, mas o medo de reproduzir toda a rejeição se tornou muito maior ao longo da vida.
Não dava para acreditar em quem diz que não iria, quem iria me garantir? Se tivessem dito para minha mãe que ela me desprezaria tanto, ela teria me tido? Eu duvido muito.
— Mari — fui tirada dos meus devaneios malucos quando Fred me chamou — te amo.
Não disse nada, mas me aconcheguei no corpo dele, fui abraçada e ele deu um beijo no topo da minha cabeça. Virei o rosto e ele deu um beijo na minha testa, entre os olhos e virei mais um pouquinho, queria o beijo gostoso na boca.
Eu gostava demais de como ele era safado, foi só o tempo de o beijo aprofundar, nossas mãos começarem a acariciar nossos corpos e eu erguer uma perna dobrada em volta dele para começarmos de novo.
Acabei dormindo com ele. Por sorte, eu não trabalharia na manhã seguinte. Bônus da minha nova função.
Como eu tinha a manhã livre, Fred ligou para Edu e avisou que estava doente, só iria trabalhar pela tarde. Achei uma desculpa pouco convincente, mas ele afirmou não ter algum evento importante nesse horário.
Eu estava sem celular, o que era horrível. Não achava que minha mãe ou alguém iria se preocupar com meu sumiço, mas teria que inventar algo que não envolvesse Fred.
Contei por alto o que houve quando minha mãe descobriu sobre o aborto, por isso, não a queria sabendo de nós dois outra vez.
— Se decidirmos voltar — eu atalhei.
— Ela vai notar quando você parar de dormir em casa — ele falou provocativo.
— Vou inventar alguma coisa — decidi — você achou que seria incrível ter minha família como aliada, Fred, mas não foi.
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Minha Louca Tentação
ЧиклитVolume 3 da série tentação Vol. 1 e 2: Doce tentação •Disponíveis na amazon