Capítulo 22
Fred Toledo
Me despedi de Marina com o coração apertado, ela nunca iria se colocar contra, era boa demais para isso. E eu não conseguiria deixar a mãe do meu filho passar por algo difícil sozinha.
Bruninho estava preocupado demais, mas garanti para ele que tudo ficaria bem. Não achava justo deixá-lo no escuro, mas queria ter mais informações, e conversar com o médico que assumiria o tratamento seria melhor, para depois poder contar tudo da melhor maneira possível.
Eu estava otimista, mas lidar com uma doença tão agressiva e traiçoeira me deixava amedrontado.
Na tarde que eu passei em São Paulo com Bruna, ela fez outra ressonância, mais exames de sangue e seguimos para um apartamento meu na cidade. Ela tentava parecer acostumada com a situação, mas achava difícil estar. De qualquer modo, eu preferia Bruna sendo a maluca que eu brigava sempre, do que se rendendo.
À noite, Marina postou uma foto comemorando os cem mil seguidores no instagram. Na legenda contava que não esperava nada disso, caiu literalmente de paraquedas nesse mundo e não poderia deixar de expressar sua gratidão.
Digitei um comentário, entre as centenas de pessoas comemorando, dizendo que a amava muito e que ela era merecedora de cada conquista.
— Ela acha que cem mil a tornou famosa? — Bruna perguntou e eu virei o rosto, estava atrás de mim no sofá.
— Mas você gosta de ser provocante, hein? — perguntei e ela fez uma careta esnobe — está se sentindo bem?
— Estou — ela falou brava e seguiu para a cozinha.
Pedimos nosso jantar e depois ela desabafou sobre como estava temerosa. O fato de retirar as mamas a deixava muito insegura, mas se isso controlasse o problema, era o melhor a ser feito. E, de qualquer maneira, ela tinha que confiar nas decisões médicas.
— Depois você faz as outras cirurgias pra reparar — falei.
— Ah, vai ficar lindo — ela falou sarcástica — mas o importante agora é sair viva disso. Não suportaria deixar meu filho nesse mundo. Pra você e aquela uma cuidarem.
— Eh, Bruna... — falei reticente e ri — você não muda mesmo.
— Não pense que vai se ver livre de mim tão cedo, mocinho — ela falou cheia de convicção.
— Nem quero isso. Preciso de você pra atormentar meus dias felizes — eu brinquei e ela riu desanimada.
Precisei ficar mais dois dias com ela em São Paulo. Para esperar os novos exames e marcar a cirurgia. Ela chegou a pedir para Luísa vir fazer companhia, mas a amiga tinha compromissos. Não me surpreendia, Luísa não iria querer ser amiga de alguém debilitada em uma fase difícil.
Senti que Marina não gostou da minha demora, mas ela jamais iria externar. Eu a conhecia, sabia que alguma insegurança pairou sobre ela, talvez alguém possa ter insinuado algo.
— Você acha que a sua namorada vai querer ter filhos com você um dia? — Bruna perguntou, aparecendo na sala com uma toalha enrolada na cabeça. Eu, que trabalhava pelo computador, ergui o rosto para encará-la direito — porque se ela abortou uma vez...
— Não vamos remoer essa história.
— Sua mãe diz que você anda alucinado pra casar e ter outros bebês.
— Pelo menos mais um — falei, voltando minha atenção para a tela do notebook.
— E se ela não quiser?
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Minha Louca Tentação
Literatura FemininaVolume 3 da série tentação Vol. 1 e 2: Doce tentação •Disponíveis na amazon