Capítulo 02

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Capítulo 02

Frederico Toledo

No domingo pela manhã, preparei um café da manhã delicioso para nós dois e levei para a cama. Coloquei uma rosa vermelha e peguei o maldito anel, que andava guardado comigo para que no momento certo, ela não tivesse como escapar.

Só poderia ser uma provação divina, mas eu nunca vi alguém tão irredutível quanto Marina. Não havia um motivo coerente para suas recusas, ela apenas não estava pronta. Não iríamos nos casar no dia seguinte ao pedido, mas eu precisava dessa confirmação, de que nós dois teríamos um rumo, que iríamos além.

Não aceitava mais a história de ter acabado de me separar. Já se foram dois anos, eu não me separei almejando solteirice. Mas porque não amava aquela mulher, porque me casei forçado, porque me fizeram acreditar que era a coisa certa. Ela engravidou e meu filho precisava de uma família. Demorei a me dar conta de que pais separados e felizes era muito mais saudável do que juntos e em guerra.

Não que eu e Bruna não vivêssemos em guerra hoje, mas conseguíamos criar nosso filho sem muitos conflitos.

E eu queria mais filhos, queria uma família completa. Sendo mais sincero ainda, queria algo parecido com o que Edu e Jordana construíam.

Marina sorriu para mim, ao me ver sendo carinhoso logo pela manhã, mas pareceu ter notado algo errado e pegou o celular. Atendeu uma ligação, que por Deus, eu nem ouvi chamar, se vestiu apressada e saiu correndo feito uma maluca. Fechei os olhos por um momento e soltei o ar, não era a primeira tentativa que ela saía correndo. Parecia adivinhar.

Mais tarde, ela ligou avisando que estava com Jordana no apartamento deles.

— A Denise está aqui também — ela contou, parecia nervosa.

— Está tudo bem? — perguntei desanimado e ela suspirou, chegando a rir.

— Claro. E você?

— Você saiu correndo — eu rosnei.

— Tive um imprevisto — ela falou como se fosse verdade.

— Eu quero me casar — falei pausadamente.

— A ligação está péssima, preciso desligar. Te amo muito, beijo! — ela falou apressada e desligou antes que eu dissesse algo.

Joguei o celular sobre a cama e respirei fundo. Se havia mulher mais complicada e indecifrável que Marina, eu desconhecia. Eu entendia que ela não queria depender de mim, não estava impondo ser seu patrocinador. Queria ser parceiro, que morássemos juntos, que a nossa vida fosse pensada juntos. Que pudéssemos fazer planos além de qual festa vamos na semana que vem, ou que restaurante vamos jantar.

— Tô muito frustrado — resmunguei com Edu, na segunda-feira, quando entrei em seu escritório. Olhei para ele, que estava empenhado em fazer a pequena Helena andar.

— Jordana não entende Marina também — ele comentou — e olha que eu achei que o problemático fugindo de compromisso fosse eu — ele zombou e eu fiz uma careta.

— Nós temos um compromisso — falei com força — não consigo entender por que ela foge tanto.

— Ela tem o que? Vinte e cinco anos? Tá nova pra casar.

— Jordana tem menos e está aí, sendo a princesa do seu reino — eu resmunguei azedo e Eduardo riu.

— Jordana queria ser a princesa — ele explicou — e eu me esforço pra dar isso a ela. Marina não parece querer. Além do que, tem essa conversa sobre não se dar com os pais.

Minha Louca TentaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora