Eles estão construindo as primeiras barricadas. O Regente enviou dois regimentos para construí-las. Carroças com pedras chegam a todo instante e lentamente os dias de água corrente fluindo em direção à Montanha vão chegando ao fim.
Estou com tanta raiva que poderia cuspir fogo e chamuscar todos eles, mas infelizmente não sou um dragão de verdade. Sou um homem preso em uma armadilha muito maior que ele. Um homem fadado a ver seu povo ser consumido pelo desamparo nas mãos de um líder negligente.
Um novo regimento chega para substituir os que estavam trabalhando até então. Esses vieram do Leste em direção à Muralha e pelo que soube são um grupo de novatos sem treinamento. Ora, afinal parece que terei algum divertimento hoje com esse grupo de crianças vestidas de soldados.
Os jovens olham assoberbados para a Muralha e sua imponência, então reparam nos portões abertos, dando livre passagem em direção a Montanha e recuam como se pudessem ser atacados por um bando de canibais. Um esgar dos lábios revela minha irritação, mas a máscara a tudo cobre. Distraio-me com a visão de um dos novatos, cujo cavalo é malhado. A visão me remete imediatamente a donzela que salvei do Mercado Norte, provando que sim, eu não consigo e esquecê-la e não, não há limites para onde posso lembrar-me dela.
Do alto do pinheiro sigo observando com o máximo de frieza o novo grupo ser encarregado de empilhar pedras na beira do rio. Os mais experientes ficam responsáveis pela parte da construção do lado de fora da Muralha enquanto o povo da Montanha, um punhado de gente munida de baldes, carroças e barris, tenta armazenar água enquanto pode.
Como podem os soldados não verem seu desespero? Como podem continuar empilhando pedra sobre pedra sabendo que estarão sentenciando essas pessoas ao desespero e à morte?
Avisto a silhueta alta e imponente de Nianzu comandando as pessoas. Nós dois trabalhamos muito nos últimos dias para tentar armazenar água. Elaboramos infindáveis planos, mas todos estão fadados a cair no mesmo destino: O Regente vai fazer secar o rio do lado deles e em algum momento a água vai acabar. Um dos córregos já foi até envenenado. As plantações irão morrer, as chuvas não serão o suficiente, o ar seco que vem do deserto de Deli irá predominar e eles perderão a pouca plantação que tem. Será impossível criar animais e logo estarão definhando presos entre as cordilheiras, sem chance sequer de se mudar. Não sem recursos para atravessar o deserto de Deli a direita e a incrível barreira de Montanhas até o mar. Nossa única chance é destruir essa barragem ou impedir que seja erguida e para isso precisamos de outro imperador.
Um que não seja o regente e um que tenha a voz e o comando que o príncipe não tem.
Quanto mais penso, mais tenho certeza que o príncipe não poderá chegar a ser coroado imperador. Vou mata-lo antes... Então eu serei o imperador e quando o for meu povo não passará mais necessidade. Nem os que estão deste lado da Muralha, nem os de lá. Aliás, eu irei destruir a Muralha, para que as crianças que eu vejo agora carregando baldes e barris com a água do rio possam se refestelar nas margens mais largas que correm entre as florestas, para que possam estar entre as florestas de meu domínio, como sempre deveria ter sido. Eu olho para o meu povo da Montanha e meu coração se aperta. Como estes soldados podem seguir o que estão fazendo de forma tão insensível?
Mais pessoas chegam para coletar água, trazendo mais duas carroças. Os soldados do lado de cá da Muralha estão ficando ressabiados com a quantidade de gente na beira do rio, mesmo que a distância entre eles seja enorme e que ninguém esteja fazendo nada ameaçador. Só estão pegando água, baldes e mais baldes.
Nianzu e eu tentamos construir um açude às pressas, mas em cinco dias não conseguimos avançar muito. O Regente tem o dobro de pessoas e recursos de modo que a barragem deles secará a nossa muito antes que tenhamos água suficiente. O ódio que tenho me faz ter vontade de cavalgar imediatamente para o palácio e enterrar minha espada na garganta dele, mas sei que isso só faria mergulhar o reino em caos e guerra.
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Qingshan e o imperador
Любовные романыO imperador está morto, o Regente não se importa com o povo e o príncipe não é capaz de governar. Nesta releitura da balada de Hua Mulan, a família de Li Qingshan não possui homens e as coisas estão cada vez piores para ela e sua mãe. Quando mergulh...