Epílogo - A casa de chá

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Um ano se passou e o imperador nunca se casou. Alguns diziam que não suportava a traição da noiva Liling, que foi exilada por atuar para o Regente, outros diziam que ele teve seu coração roubado por uma desconhecida, uma estranha. Uma criada, talvez. Ou teria ele se apaixonado pelo seu capitão da guarda? Ninguém sabia dizer ao certo, só sabiam que ele não havia se casado, tampouco substituído a noiva.

Depois de um tempo, no entanto, o imperador passou a visitar seus vilarejos e seus mercados com a desculpa de conhecer seu povo, mas algumas pessoas juravam que tinham ouvido de um certo oficial da guarda, chamado Ren ou Yan, o povo nunca sabia dizer ao certo quem começara com os boatos, que o imperador estava na verdade procurando por uma mulher.

Uma mulher que se disfarçara de capitão e então sumira levando seu coração consigo.

Mas as notícias nunca chegaram a um certo vilarejo, pois tão mágico era o conto do imperador apaixonado por uma camponesa disfarçada de homem que ninguém conseguia acreditar. O povo achou mais simples entender então que o imperador buscava uma esposa para curar seu coração partido e não que estivesse literalmente procurando uma mulher específica. Uma mulher com um cavalo malhado.

Ele a procurou incansavelmente, sem encontra-la, mesmo quando as Muralhas foram abertas e a Montanha juntou-se oficialmente ao reino, quando as cerejeiras voltaram a florir depois do inverno e tampouco quando murcharam uma vez mais e a neve caiu. Ele a procurou e não achou até que um dia, com os dias longos do verão, o imperador chegou a um posto de guarda onde um capitão veio recebe-lo. Um homem simpático, que mancava ligeiramente de uma perna e se chamava Chen. Ele fez um longo relatório ao imperador sobre as coisas naquela região e contou uma história engraçada de um ano atrás sobre quando ele e seu regimento foram assaltados pelo Dragão ao voltarem para casa.

O imperador, que até então não fora muito mais que polido, pareceu ficar interessado subitamente.

— Acho que me lembro desse assalto — disse ele. — Aliás, peço desculpas por isso.

— Ora, não é preciso, majestade! — o capitão se apressou em dizer — o senhor fez o que era preciso para ajudar seu povo e ninguém saiu ferido. Além do mais meu vilarejo não estava muito longe.

— E a histórias que contamos renderam muito. — comentou outro soldado.

— Onde fica seu vilarejo? — perguntou o imperador para o capitão.

Li Chen então contou sobre seu vilarejo e a casa de chá da família, convidando-o a visita-los sem criar uma expectativa com o convite, no entanto.

— Estamos indo para o Mercado Norte — comentou pensativo o imperador — se seu vilarejo fica a caminho de lá, penso que não faria mal conhecer essa tão famosa casa de chá.

O capitão ficou exultante.

— As mulheres de minha família ficarão encantadas, principalmente minha sobrinha, que reformou todo o lugar e quem toca o lugar agora.

— Sua sobrinha não tem um marido? — estranhou o imperador, afinal era costume as mulheres deixarem que os maridos cuidassem de tudo, a menos que fossem viúvas.

O capitão ficou desconfortável com a pergunta e o imperador cada vez mais curioso.

— Bem, minha sobrinha teve alguns problemas... Passou por uma fase de rebeldia e fugiu de casa. Nunca nos contou o que aconteceu exatamente, mas suponho que todos nós podemos imaginar o que ela andou fazendo dado o resultado. — um vermelho intenso tomou as faces do capitão, antes que ele pigarreasse. — De todo modo fico muito feliz que ela tenha tomado jeito e esteja cuidando da casa de chá agora. Pode não parecer, mas ela nos trouxe muita felicidade.

Qingshan e o imperadorOnde histórias criam vida. Descubra agora