Capítulo 28 - Era uma vez uma guerreira

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... Que voltou para casa.

Depois da longa e intensa cavalgada por dias sem dormir, chego a meu vilarejo no meio da noite, quando todos estão dormindo. Ninguém parece escutar o cavalo que relincha baixinho quando o solto no cercado da família Fa e ninguém escuta quando abro a porta da casa de chá, já que não quero acordar minha mãe.

Nesse tempo em que estive fora aparentemente nada mudou, exceto que a despensa está cheia, ervas perfumadas estão penduradas nas paredes para secar e sacos de especiarias ocupam as prateleiras junto de outras tantas coisas. Sinto-me tendo cumprido um dever e redimido minha honra.

Eu deixo todo meu pagamento em nossa gaveta de dinheiro, troco a túnica e a calça masculina por uma roupa antiga minha que eu costumava deixar na cozinha e volto para a recepção, onde sento no piso de madeira gasto, observando a luz do luar entrando pelas frestas da janela. Observo as xícaras coloridas na estante, ouço os sons da noite na minha casa, o cricrilar distante, o vento no bambuzal, assisto as sombras das mesas de nossa casa de chá... E penso em Jun.

Não sei se tomei a decisão correta deixando-o, mas ele é o imperador e eu não pertenço ao seu mundo. Eu sou uma farsa e não quero mais ser. Corrigi todos os meus erros, cumpri minha missão assim como ele... Voltei para casa.

A única lembrança que levo é a adaga do Dragão, que sinto pesar em meu bolso.

Suspiro cansada quando o sono me cobre com seu manto de calmaria. Abraço minhas pernas, repouso a cabeça nos joelhos e adormeço sabendo que o império está em paz, que estamos bem e que a Montanha está salva.

Nada mais está em minha cabeça.

Apenas em meu coração.

Qingshan e o imperadorOnde histórias criam vida. Descubra agora