Capítulo 20 - Liling

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Passei um dia todo no calabouço sem notícias de nada que acontecia no palácio e parece que tudo virou de cabeça para baixo. Ren agora é o encarregado da guarda particular do príncipe e não estou autorizada a me aproximar de Jun ou de seu pavilhão. Duvido que a ordem tenha sido dele, mas confesso que estou em dúvida.

Tento me infiltrar para falar com ele, mas há guardas por todos os lados. Em determinado momento eu o vejo a distância na varanda de seu quarto e penso que ele me vê também, mas não me chama e não tenho como me aproximar. Somos prisioneiros do palácio.

Gostaria de saber como ele está e não poder confortá-lo me angustia. Busco de todas as formas notícias dele até que o próprio Ren se apieda de mim e vem ao meu encontro no pátio do palácio, deixando momentaneamente seu posto no pavilhão. Ele me informa que o príncipe está deprimido e que não quer ver ninguém. Tem passado o dia todo no quarto, recebendo apenas Dan Dan por alguns minutos, mas que mesmo ela está sendo dispensada rápido.

A notícia me entristece. Jun deve estar se sentindo mais triste do que jamais esteve depois de ser humilhado daquela forma. Meu coração dói por ele, a cena toda com o Regente foi horrível. Sei também que minha posição agora está fragilizada. Por mais que o Regente tenha se controlado mais do que eu na hora em que o ameacei, sei do que ele é capaz e sei que uma noite no calabouço e uma proibição de me aproximar de Arjun são pouco para o tamanho de sua fúria.

Tenho que tomar cuidado e permanecer vigilante.

O Dragão não aparece mais. Eu quase desejo vê-lo. Gostaria de saber o que ele tem a dizer sobre tudo isso.

Não tenho ordens a cumprir e ando a esmo pelo palácio caçando informações. Descubro que o Regente irá casar Jun. Ele fez o que considera uma ótima aliança com um de seus generais, de forma que agora o príncipe tem uma noiva. Não sei o que a notícia me faz sentir, mas acho seguro dizer que no todo me sinto vazia, oca e solitária.

Às vezes considero voltar para casa, sumir na calada da noite para nunca mais voltar e enterrar o capitão Shang. Mas será que eu conseguiria deixar Jun para trás assim? Eu que fui uma das poucas que o conheceu de verdade?

Antes que eu possa tomar uma decisão sou chamada para integrar o regimento do general Renshu na escolta de sua filha, a noiva de Arjun. Acho tudo muito estranho e precipitado, mas me deram novamente o título de capitão, devolveram minhas armas, meu cavalo e me colocaram a frente dos homens. Não consigo deixar de pensar que se trata de uma armadilha, mas ainda não consigo achar o golpe nela.

A residência do general fica a dois dias do palácio. É uma fortaleza protegida com muitas árvores e um enorme lago. Parece a casa de um sonho. A noiva de Arjun está com o pai nos degraus da casa, aguardando a comitiva. Ela usa um penteado elaborado com flores de cerejeira e um quimono rosa com desenhos em azul e branco. Seu rosto está pintado como o de uma boneca e ela mantém os olhos baixos.

Como capitão, sou a encarregada de abrir a porta da carruagem e estender a mão para ajuda-la. Não deixo de notar que ela ergue o olhar para mim antes de entrar e que sua mão demora mais do que deveria na minha antes da porta se fechar.

Nós não nos demoramos na propriedade antes de voltar. Uma vez na estrada a educada e silenciosa noiva deixa sua capa de pureza virginal cair por terra e passa a nos dar ordens.

— Estou cansada! — ela põe a cabeça para fora e berra, obrigando os soldados a parar.

— Senhora, — eu ínsito pela milésima vez no dia, observando o sol ainda alto no horizonte — falta muito para anoitecer e não podemos parar agora. É perigoso acampar nessa região, precisamos avançar até o próximo posto de parada e...

Qingshan e o imperadorOnde histórias criam vida. Descubra agora