Capítulo 1: A Ladra de Lumis

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   Há muito tempo, surgiram as Bruxas, nossas ancestrais.

   A primeira espécie a habitar esse mundo. Elas dominavam todos os mais incríveis tipos de magia, e viam na natureza um presente. Aos poucos, elas começaram a usar elementos desse presente para dar vida as outras demais espécies. (Elfos, fadas, hellos...)

   Com o tempo, a sociedade foi tomando forma, e tudo parecia bem.

   Exceto por um pequeno detalhe:

   A magia e o poder não eram bem distribuídos entre as espécies. As bruxas eram seres bons, porém muito poderosos, e isso intimidava os demais, que portavam apenas um ou nenhum tipo de magia no seu sangue.

   E a inveja e o medo, quando juntos, são perigosos.


   Começou com burburinhos e pequenas mentiras. “Ouvi que elas sacrificam crianças para usarem em rituais”, ou “Eles bebem sangue élfico para se manterem mais fortes!”.

  Das mentiras, começaram as perseguições, até o momento que chamamos de “Período sangrento “.
Bruxas e feiticeiros começaram a ser mortos em shows sádicos. Alguns se salvavam, delatando seus amigos e familiares e sendo mandados para o exílio apelidado de “Tenébris”.

   Contexto em mãos, está na hora de adiantar o tempo.

   150 anos após o período sangrento.

   Todas as bruxas foram mortas ou exiladas.

   Uma garota corria pelas ruas de sua pequena vila, segurando um punhado de objetos reluzentes e sendo perseguida por um grupo de homens irritados durante uma visita da Corte real a região.

   Essa garota era eu.

   Quando perdi meus pais, aos seis anos, sabia que não conseguiria sobreviver apenas de migalhas e trocados conquistados com muito esforço. Não é como se eu me orgulhasse de ter me tornado uma ladra mirim, mas eu não tinha escolhas. Agora, uma grande facilidade em pegar coisas escondido e sair despercebida? isso eu tinha de sobra!

   As pessoas a minha volta abriam o caminho, assustadas com os marmanjos da corte, que gritavam desesperados para recuperarem seus pertences, roubados por uma criança de dez anos.

   Entre as milhares de vozes, a mais grave me chama atenção. Já a ouvi milhares de vezes.

   Durante o Período sangrento, as espécies começaram a se organizar em comunidades separadas.

      Dessas comunidades, então, surgiram os reinos.

   Surgiram os reis.

   E um deles possuía aquela mesma voz.

   Me viro, assustada, apenas para confirmar minhas suspeitas. De fato, eu estava certa.

   Um dos nobres que eu tinha acabado de furtar era ninguém mais ninguém menos que Alexandre XII, governante de Virdes.

   Eu tinha ACABADO DE ROUBAR UM REI.

   Completamente fodida era uma forma leve de descrever a situação.

   Continuo encarando seu rosto irritado, e não percebo o caminho a minha frente, dando com o rosto no muro e indo diretamente para o chão.

A Ladra de Lumis: Liberdade para todosOnde histórias criam vida. Descubra agora