Capítulo 13: Folhas e rituais

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Narrado por Celina

   -É por aqui. - A garotinha fala sussurrando.

   Sigo ela por uma trilha da floresta iluminada por vagalumes. Não há nenhum vestígio da árvore em lugar nenhum.

   Ou era isso que eu imaginava.

   Ela me guia até uma espécie de cortina de cipós. Afasta alguns para me dar uma visão melhor de tudo.

   A árvore é muito bonita. Se destaca das demais. A copa é composta por folhas rosas e o tronco por um castanho claro com pequenos fios dourados. Mas um detalhe em específico me chama a atenção.

   -Ela é....Bem menor do que eu esperava...

   -Sim, porque somos pequenas, minha cara.

   -Ah, mas eu imagino que os adultos devem ser um pouco mais altos não?

   -Senhora, eu não sou uma criança.

   Congelo, levemente constrangida.

   -Ah...Você não....

   Ficamos em silencio até que ela começa a andar em direção a árvore. Batendo suas asas, consegue voar até o alto da copa.

   -Essa árvore é muito importante para nós! Está aqui desde a criação de Lumis.

   Observo as folhas brilhantes enquanto a garota começa a recolher algumas folhas da árvore e as entrega para mim.

   -Obrigada- Respondo- Você não sabe como está me ajudando!

   -Fico feliz. Agora corra, falta pouco tempo!

   Aceno com a cabeça, agradeço mais uma vez e saio em disparada para o reino.

   -Estou chegando, Emily.

   Corro tão rápido quanto os meus pés permitem

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   Corro tão rápido quanto os meus pés permitem. Consigo sentir as articulações do joelho queimarem, mas não paro.

   Quando chego ao palácio, olho no relógio. São 12 :35. Faltam 25 minutos.

   Tento passar o máximo despercebida até o quarto de Valentim, mas acabo esbarrando em uma senhora que andava pelos corredores do castelo.

   -Me desculpe. - Falo, no desespero, enquanto rezo para que ela não chame o rei.

   -Não se preocupe querida- Ela responde, depois olha para mim, arregala os olhos e sorri. - Você é aquela garota que salvou o Valentim a umas semanas atrás não?

   -Que? Ah, sim, sou eu!

   -Ah sabia que estava te reconhecendo. Sou Arianne, camareira do Valentim...

   Aperto a mão dela rápido. Preciso correr.

   -Olha Ariane, se pode me dar licença, eu preciso chegar até o quarto do...

   -Pode ir, querida.

   Disparo, mas antes que possa me afastar muito, ela grita.

   -Só não esqueça de encapar!

   Agora é minha vez de arregalar os olhos. Viro para a senhora, que está com um sorriso nos lábios.

   -Mas eu não vou.... Ah, esquece!

   Chego quase sem fôlego. Bato na porta de Valentim usando o código que combinamos: três vezes, depois duas, e então quatro.

   -Até que enfim você chegou! - Ele fala, abrindo a porta.

   Entro e entrego as folhas para ele. Emily olha para mim.

   -Ahhhhh, ai está você! - Ela tropeça em meus braços, em uma tentativa falha de um abraço. - Achei que tivesse recusado meu convite para a minha festa do chá, Dona Florisbela.

   Olho para o príncipe, que dá de ombros

   -Ela está assim a um bom tempo.

   -Merda.

   -Como foi na busca?

   -Bem-sucedida. Agora vamos acabar logo com isso!

   Coloco Emily ao meu lado e observo o espaço do quarto. Então era assim que as bruxas realizavam seus feitiços antigamente. Será que minha mãe também já fez algo parecido com isto?

   -Ok, primeiro, você precisa queimar isso nas velas!

   Ele me estende as folhas, que estendo sobre uma vela aromática. Sinto uma pontinha de dor ao ver algo tão bonito ser transformado em cinzas tão rapidamente.

   -Certo, e agora?

   -Jogue as cinzas da tigela e misture com isso!

   -O que é isso?

   -Água do pântano. É um ingrediente comum na criação de remédios. Tem propriedades curativas incríveis.

   -Talvez seja por isso que minha pele está mais hidratada desde que resgatei você.

   Ele revira os olhos enquanto misturo. O líquido fica denso, como se virasse uma gosma.

   -Agora mexa até borbulhar.

   Emily se aproxima, curiosa.

   -O que é isso?

   -Perguntas agora não, Emi!

   -Quem é Emi?

   Bufo.

   -Valentim?

   Ele coloca um papel na minha frente e segura minhas mãos.

   -Leia.

   O papel está todo rabiscado com anotações de Valentim. O alfabeto bruxo foi traduzido por ele, mas ainda assim as palavras são desconhecidas.

   Leio com certa dificuldade, sem saber o que estou falando, mas parece funcionar.

   A poção começa a girar no caldeirão. Um brilho forte começa a aparecer a nossa volta.

   -Está dando certo?

   -Eu imagino que sim.

   Alguns segundos depois, a poção meio que explode dentro da tigela, sujando a todos nós.

   -Sim, deu certo. – O outro fala, tirando a substância dos olhos.

   Sorrio. Missão bem-sucedida, novamente.

   -Agora, precisamos passar isso no buraco feito pelo espinho nas costas de Emily, e tudo deve acabar.

   A poção virou uma espécie de pasta escura.

   -Ok, lá vamos nós.

   Coloco a composição no lugar indicado.

   -Então, sente algo diferente?

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Notas da autora:

Ok, eu admito, descrever rituais não é meu forte!


A Ladra de Lumis: Liberdade para todosOnde histórias criam vida. Descubra agora