Eu achava que eu era uma garota rápida. É claro, quando se passam alguns anos fugindo de fazendeiros e guardas, você adquiriu algumas habilidades.Mas isso foi antes de ver Emily correndo pelo pântano de salto plataforma.
O plano era ela distrair os Ogros enquanto eu entro sorrateiramente na pedra oca e salvo o príncipe. Simples e prático.
Enquanto ela corre, eu me enterro até o pescoço na água suja do pântano para não ser vista “Ah, mas aquele rei me paga”, penso, enquanto nado naquela lama com certa dificuldade.
Finalmente chego na pedra, com a camisa antes considerada branca num tom verde pendendo para o marrom. Entro. Não há ninguém guardando o garoto.
-Demorou hein?! Meu pai já teve empregados melhores.
OI?! Eu estou literalmente salvando esse garoto de ser morto por um monte de ogros raivosos e essas são as primeiras palavras que ele me diz?
-É só isso que você tem a dizer?
-Tá esperando o que? Um troféu?
Eu gostaria de fazê-lo engolir cada uma dessas malcriações usando os meus punhos, mas não tenho tempo pra isso. As sentinelas podem voltar a qualquer momento.
Uso a ponta da adaga para abrir o cadeado entre as correntes
-Finalmente!
Coloco os pés de volta no lago, e começo a atravessar. Mas o príncipe não me acompanha.
-Tá esperando o que?
-Você espera que eu nade...Nisso?
-Está vendo algum barco ou coisa assim?
Ele cruza os braços.
-Não espere que eu vá com você!
-Ah, mas você vem!
-Não...
Não tenho escolha. Seguro ele pelo braço e o arrasto pelo lago.
-VOCE ESTÁ MALUCA? COMO OUSA ME TRATAR ASS-
-Cala a boca! você vai atrair eles de volta!
Ele me olha feio. Continuo o arrastando-o.
Mesmo em uma terra já dividida em Norte e Sul, nós também temos divisões internas no próprio reino. Uma delas é a do território dos trolls e o dos Ogros. Ambas as espécies não se dão bem, então, dividiram a terra para cada uma viver em paz. Se um deles cruzar a demarcação, ela pode se considerar morta pelo outro. Isso nos dá uma certa vantagem, pois precisamos apenas cruzar a fronteira para escaparmos dos ogros.
Ao passarmos por ela, minhas mãos já puxando o menino pela orelha, encontro Emily deitada no chão, tentando recuperar o fôlego.
-Longa corrida?
Ela dá um salto com a minha voz, depois olha para nós dois.
-Você nem imagina...- Faz uma reverência curta e perfeita- Alteza...
-Hum...Pelo menos alguém com educação por aqui
Eu solto a orelha dele.
-Ok, onde está minha carruagem? Vai ser um longo caminho de volta.
Emily olha para mim, confusa
-Carruagem?
-É, minha escolta de volta para casa.
Ele nota nossa confusão e fecha a cara
- Eu não acredito! Meu pai só pode me querer morto ou algo do tipo, pra me deixar a deriva de duas caipiras doidas!
- Escuta aqui, oh mimadinho! - explodo, apontando o dedo para seu rosto- Eu não estou aqui porque quero, e eu juro que, se eu pudesse, eu te levaria de volta para aquela gruta e deixaria eles acabarem com você, mas eu não vou fazer isso, porque INFELIZMENTE minha vida depende disso. Então você vai engolir esse choro, se recompor e ir voltar comigo até o castelo, ou eu mesma irei te arrastar até lá! E já vou avisando: Meus métodos não são nada ortodoxos!
Ele se encolhe a minha frente.
-Você não pode me machucar!
-Quer pagar para ver?
Em seguida, me viro e continuo a caminhada. É uma questão de tempo para escutar os passos apresados de Emily atrás de mim, e logo em seguida, os pés arrastados do príncipe.
-Você realmente iria arrastá-lo? - A outra pergunta, tensa
-Tenho muita coisa em jogo para perder tempo com um príncipe birrento!
-Você é doida!
-Eu chamaria de prática.
Continuo andando. Está de noite. Fiquei a droga de um dia inteiro procurando esse garoto, e nem para ele dizer um “obrigado”.
Na verdade, ele continua em silêncio pelo resto da caminhada.
Chegamos ao castelo por volta de meia noite. Os portões estão fechados, mas há guardas plantados na porta, provavelmente nos esperando. Todos se ajoelham.
-Bem-vindo de volta, Alteza.
Os olhos do menino vão de um lado para o outro, como se procurasse por algo.
Ou alguém
-Meu pai está lá dentro?
-Ele irá te encontrar mais tarde. Tem alguns problemas para resolver no momento.
O príncipe apenas assente com a cabeça, subindo os degraus devagar. De repente, ele para e vira para trás, olhando em nossa direção.
-Obrigado.
A fala me pega de surpresa. Aceno rapidamente, antes de sentir a vibração do rastreador no meu pulso.
O rei está chamando
------------------------------------------Notas da autora:
Oi pessoas!
Espero que tenham gostado do capítulo.Obrigada por lerem até aqui, e até a próxima!
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Ladra de Lumis: Liberdade para todos
FantasíaCelina é uma garota de 20 anos que vive na terra fantástica de Lumis. Quando ainda era uma criança, acabou cometendo crimes que custaram 10 anos de sua vida. Para conseguir a tão sonhada liberdade, ela deve realizar diversas missões tão perigosas...