Capítulo 3: o resgate do príncipe

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   Eu achava que eu era uma garota rápida. É claro, quando se passam alguns anos fugindo de fazendeiros e guardas, você adquiriu algumas habilidades.

  Mas isso foi antes de ver Emily correndo pelo pântano de salto plataforma.

  O plano era ela distrair os Ogros enquanto eu entro sorrateiramente na pedra oca e salvo o príncipe. Simples e prático.

  Enquanto ela corre, eu me enterro até o pescoço na água suja do pântano para não ser vista “Ah, mas aquele rei me paga”, penso, enquanto nado naquela lama com certa dificuldade.

  Finalmente chego na pedra, com a camisa antes considerada branca num tom verde pendendo para o marrom. Entro. Não há ninguém guardando o garoto.

  -Demorou hein?! Meu pai já teve empregados melhores.

  OI?! Eu estou literalmente salvando esse garoto de ser morto por um monte de ogros raivosos e essas são as primeiras palavras que ele me diz?

  -É só isso que você tem a dizer? 

  -Tá esperando o que? Um troféu?

  Eu gostaria de fazê-lo engolir cada uma dessas malcriações usando os meus punhos, mas não tenho tempo pra isso. As sentinelas podem voltar a qualquer momento.

  Uso a ponta da adaga para abrir o cadeado entre as correntes

-Finalmente!

  Coloco os pés de volta no lago, e começo a atravessar. Mas o príncipe não me acompanha.

  -Tá esperando o que?

  -Você espera que eu nade...Nisso?

  -Está vendo algum barco ou coisa assim?

  Ele cruza os braços.

  -Não espere que eu vá com você!

  -Ah, mas você vem!

  -Não...

  Não tenho escolha. Seguro ele pelo braço e o arrasto pelo lago.

  -VOCE ESTÁ MALUCA? COMO OUSA ME TRATAR ASS-

  -Cala a boca! você vai atrair eles de volta!

  Ele me olha feio. Continuo o arrastando-o.

  Mesmo em uma terra já dividida em Norte e Sul, nós também temos divisões internas no próprio reino. Uma delas é a do território dos trolls e o dos Ogros. Ambas as espécies não se dão bem, então, dividiram a terra para cada uma viver em paz. Se um deles cruzar a demarcação, ela pode se considerar morta pelo outro. Isso nos dá uma certa vantagem, pois precisamos apenas cruzar a fronteira para escaparmos dos ogros.

  Ao passarmos por ela, minhas mãos já puxando o menino pela orelha, encontro Emily deitada no chão, tentando recuperar o fôlego.

  -Longa corrida?

  Ela dá um salto com a minha voz, depois olha para nós dois.

  -Você nem imagina...- Faz uma reverência curta e perfeita- Alteza...

  -Hum...Pelo menos alguém com educação por aqui

  Eu solto a orelha dele.

  -Ok, onde está minha carruagem? Vai ser um longo caminho de volta.

  Emily olha para mim, confusa

  -Carruagem?

  -É, minha escolta de volta para casa.

  Ele nota nossa confusão e fecha a cara

  - Eu não acredito! Meu pai só pode me querer morto ou algo do tipo, pra me deixar a deriva de duas caipiras doidas!

  - Escuta aqui, oh mimadinho! - explodo, apontando o dedo para seu rosto- Eu não estou aqui porque quero, e eu juro que, se eu pudesse, eu te levaria de volta para aquela gruta e deixaria eles acabarem com você, mas eu não vou fazer isso, porque INFELIZMENTE minha vida depende disso. Então você vai engolir esse choro, se recompor e ir voltar comigo até o castelo, ou eu mesma irei te arrastar até lá! E já vou avisando: Meus métodos não são nada ortodoxos!

  Ele se encolhe a minha frente.

  -Você não pode me machucar!

  -Quer pagar para ver?

  Em seguida, me viro e continuo a caminhada. É uma questão de tempo para escutar os passos apresados de Emily atrás de mim, e logo em seguida, os pés arrastados do príncipe.

-Você realmente iria arrastá-lo? - A outra pergunta, tensa

  -Tenho muita coisa em jogo para perder tempo com um príncipe birrento!

  -Você é doida!

  -Eu chamaria de prática.

  Continuo andando. Está de noite. Fiquei a droga de um dia inteiro procurando esse garoto, e nem para ele dizer um “obrigado”.

  Na verdade, ele continua em silêncio pelo resto da caminhada.

  Na verdade, ele continua em silêncio pelo resto da caminhada

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  Chegamos ao castelo por volta de meia noite. Os portões estão fechados, mas há guardas plantados na porta, provavelmente nos esperando.  Todos se ajoelham.

  -Bem-vindo de volta, Alteza.

  Os olhos do menino vão de um lado para o outro, como se procurasse por algo.

  Ou alguém

  -Meu pai está lá dentro?

  -Ele irá te encontrar mais tarde. Tem alguns problemas para resolver no momento.

  O príncipe apenas assente com a cabeça, subindo os degraus devagar. De repente, ele para e vira para trás, olhando em nossa direção.

  -Obrigado.

  A fala me pega de surpresa. Aceno rapidamente, antes de sentir a vibração do rastreador no meu pulso.
O rei está chamando


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Notas da autora:

Oi pessoas!
Espero que tenham gostado do capítulo.

Obrigada por lerem até aqui, e até a próxima!

A Ladra de Lumis: Liberdade para todosOnde histórias criam vida. Descubra agora