Capítulo 23: Ameaças

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Narrado por Celina

   O Rei está atrasado.

   Sento-me na tão familiar cadeira em sua sala particular. Já deve ter se passado meia hora desde que cheguei.

   Finalmente, ele abre a porta.

   -Vejo que não foi esmagada na vinda para cá, minha cara.

   -Imagino que seria uma grande realização para você se isso acontecesse.

   -Eu ainda terei minhas oportunidades.

   -Podemos acabar logo com isso? Por que diabos me chamou aqui no meio de uma guerra?

   -Na verdade, eu gostaria de bater um papinho com você...

   -Era só o que me faltava.

   Ele entrelaça os dedos sobre a mesa e me encara com seus olhos vermelhos.

   -Sabe, Celina, um passarinho verde me contou que você entrou de penetra em uma certa festa ontem e semeou a discórdia entre um certo casal de príncipes...

   Arregalo os olhos. Como ele sabe de tudo isso?

   -Esse passarinho fala a verdade?

   -Como você....

   -Ah garota, eu não sou cego. Acha que eu não vi você no MEU palácio ontem? Tem ideia do mal que fez? Meu filho iria finalmente se casar! Ele finalmente iria se tornar alguém na vida! Mas você tinha que criar suas desavenças e estragar tudo!

   -Não fale como se se importasse com o seu filho, você só quer parte das terras de Aqua!

   -NÃO OUSE FALAR SOBRE MINHA RELAÇÃO COM VALENTIM!

   Encolho um pouco com seu tom de voz. Ele se recompõe.

   -Você já me causou problemas demais garota!

   -Vai fazer o que então? Me mandar para a prisão de novo?

   -Ah, criança, não duvide de minha inteligência. É obvio que você não vai voltar para a cadeia...

   Ele se aproxima do meu rosto.

   -Você vai para a Linha de frente.

   Congelo. Linha de frente?! Lutar em uma guerra? Nunca tive treinamento militar, provavelmente, seria uma das primeiras a morrer.

   E é isso o que ele quer.

   -E se eu não aceitar?

   Ele ri.

   -Refresque-me a memória: Ontem à noite, você veio para a festa acompanhada, não?

   Levanto uma sobrancelha.

   -O que isso tem a ver com a guerra?

   -Até onde você iria- Ele segue, ignorando-me -Para que ela continuasse respirando?

   Demoro um pouco para perceber o que ele quer dizer.

   Filho da puta.

   -Você não faria...

   -Quer apostar?

   Levanto da mesa e agarro seu colarinho.

   -Se você encostar em um fio de cabelo dela eu juro que eu te mato!

   -Eu não chegarei nem perto dela. Se você fizer o que eu pedi.

   Solto ele. O rei pode ser a pior pessoa do mundo, mas não podemos negar que é um homem esperto.

A Ladra de Lumis: Liberdade para todosOnde histórias criam vida. Descubra agora