CAPÍTULO VI

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"É muito cedo para a rendição
Muito tarde para uma oração
Não podemos ir para o inferno se já estamos nele
Eles dizem que o fim está chegando
E eu preciso me preparar
Não podemos ir para o inferno se já estamos nele"

— Can't go to hell – Sin Shake Sin


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— Pega leve com a bebida irmãozinho. — Jason tentou me dar bronca pelo alto consumo de álcool, mas não conseguiu manter a carranca por muito tempo, caindo na gargalhada segundos depois. — Desse jeito vou acabar tendo que carregar você até o carro.

— Igual nos velhos tempos. — Pisquei para ele, brincando.

— Mas agora você não é mais uma criança com menos de 1,50 cm. — Ele bebeu o resto da cerveja numa golada só. — Agora você está maior do que eu e com uma tonelada de músculos no lugar dos braços.

Recostei no banco de couro não conseguindo conter a risada.

— Isso é inveja maninho? — Cruzei os braços, salientando o bíceps de propósito fazendo Jason revirar os olhos.

— Vai se foder Caleb! — Ele riu enquanto levantava e seguia até o bar para pedir outra bebida.

Nos encontrávamos nesse mesmo bar a quase 4 anos desde o primeiro ano de faculdade do Jason, ao menos uma vez ao mês, era meio que um ritual para ambos. Na verdade, eu sabia que era um modo do meu irmão se sentir menos culpado por ter seguido com a vida dele e me deixado para trás, mesmo sempre dizendo que ele não tinha culpa de nada. Ele sabia que nosso pai não era alguém fácil de se lidar e que não lidava bem comigo.

— Outra rodada! — A voz animada do meu irmão me tirou do transe. Jason havia colocado outra caneca de chopp na minha frente.

— Não era você que havia dito para maneirar na bebida? — Ergui a sobrancelha, o provocando.

— Cala a boca e bebe, marrento! — Ele mostrou o dedo do meio e tomou um longo gole de sua bebida. — Você era mais divertido antigamente. — Revirei os olhos e dessa vez foi a minha vez de lhe mostrar o dedo do meio. — Estou precisando voltar com mais frequência para casa.

— Concordo. — Respondi com mais sinceridade do que gostaria.

O sorriso brincalhão em seu rosto deu lugar a uma feição tristonha, me fazendo se arrepender imediatamente de ter concordado com ele.

— Já estou acostumado. — Dei de ombros, tentando parecer despreocupado. — Passo menos tempo fora de casa, então quase não o encontro mais. — Bebi outro gole da minha bebida, tentando encerrar o assunto e escapar do olhar preocupante que meu irmão estava me dando.

— Ele ainda está aprontando? — Jason perguntou, ainda mais preocupado.

— Acho que sim. — Mesmo se eu quisesse era impossível mentir para o meu irmão. Ele me conhecia melhor do que ninguém, então não me dava nem ao trabalho de tentar esconder nada dele. — Mas agora parece estar mais cuidadoso com seus rastros.

Cicatrizes e Demônios  |  Livro 2 [SEM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora