Cicatrizes e Demônios | Livro 2 [SEM REVISÃO]

CAPÍTULO XIV (+18)

"Estou tão longe de casa
Tão longe de casa
Não onde eu pertenço
Onde eu pertenço
Estou tão longe de casa
Tão longe de casa"

— Far from home – Sam Tinnesz

Desembarquei em Chicago por volta das 22h, estava completamente exausto e só queria uma cama para dormir. Confesso que não queria ter que vir para cá, mas, precisava resolver pessoalmente alguns assuntos da Jones com alguns de nossos clientes e não poderia delegar esses assuntos para os funcionários da Jones.

Ficaria somente alguns dias, ao menos era o que eu pretendia. Queria estar em casa na sexta, no máximo, acredito que conseguiria resolver tudo em 6 dias.

Estar em Chicago trazia à tona todos os meus vícios e precisava me esforçar ao máximo para não cair no abismo novamente. Peguei minha mala no despacho do aeroporto e entrei no primeiro taxi que vi na área externa do desembarque.

Recostei a cabeça no banco e sem perceber adormeci, só acordando quando já estava na frente do meu antigo apartamento que por sorte não tinha sido vendido.

Paguei o motorista, peguei minha mala e segui para dentro da recepção. Como o apartamento ainda me pertencia, não precisei me identificar na portaria, já seguindo para o elevador até o último andar. Acionei a digital na porta, a batendo atrás de mim em seguida. Recostei a cabeça nela e olhei em volta, mesmo estando tudo apagado, dava para visualizar todo o cômodo por conta da claridade da lua que entrava pela sacada. As barras que utilizava na hora do sexo ainda estavam soldadas na parede a cima da porta da sacada. As lembranças de todos os anos que passei aqui me atingiram como uma avalanche, fazendo meu peito se apertar e o ar se prender em meus pulmões.

Depois de todo o tormento que passei por conta da overdose e assim que me formei no mestrado, sai por essa porta sem olhar para trás, deixando todo meu passado preso aqui dentro. Mas nunca imaginei que seria atingido por ele dessa forma, sentindo esse misto de sensações tão forte ao ponto de me deixar desnorteado.

Preciso sair daqui!

Sai pelo mesmo lugar que havia acabado de entrar, menos de 10 minutos depois já estava dentro de um taxi, sem ao menos perceber o endereço que dei ao motorista, só me dando conta quando o letreiro vermelho e piscante me atingiu em cheio, deixando escancarado todas os sentimentos que guardei dentro de mim a tanto tempo.

Swing bar.

E no fim os demônios sempre encontram o caminho para casa... Para a superfície, me puxando de volta para a escuridão que tento permanecer longe.

Um bom filho a casa torna.

Desci do carro, entregando ao motorista mais dinheiro que o necessário.