CAPÍTULO XLVIII

577 46 1
                                    


Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


— Não acho que seja uma boa ideia a senhorita ir. — Albert falou. — É muito perigoso e não sei ao certo o que vamos encontrar lá. — Ele coçou a cabeça, visivelmente preocupado. — Pelo que parece, é um lugar afastado e com seguranças.

Apoiei as mãos no pescoço, olhando para o teto e pesando na balança se seria prudente eu ir.

— Mesmo depois de você me ensinar tiro, defesa pessoal e deu ir com colete... — baixei os olhos para ele. — Mesmo assim, ainda seria perigoso? — Mordi a ponta da unha do indicador.

Ele tombou a cabeça de lado, pensando. Começou a andar de um lado para o outro, sussurrando algo somente para ele, provavelmente pesando os prós e contras de tudo isso.

— Iremos em cinco seguranças, além de você e alguns policiais que ficaram do lado de fora. — Ele parou de andar e se voltou para mim. — Você vai ter que seguir a risca todas as ordens que eu te der. — Ele me observava, o semblante sério.

Albert levantou os dedos, enumerando cada coisa.

— Um — Ele ergueu o indicador. — Vai usar colete. — Ergueu o dedo médio. — Dois; vai de cabelos presos, para não arriscar te puxarem por eles. — Mais um dedo. — Vai de máscara para não ser identificada e usada como refém. — Outro dedo. — Quarto; não vai abrir a boca. — Ele cruzou os braços. — Eles não podem saber que você está indo, senhorita.

Assenti, entendendo tudo que ele estava dizendo.

— Porque se descobrirem, serão duas pessoas para resgatar, ao invés de uma. — Albert puxou uma longa lufada de ar. — E nesses casos, a chance de ter morte é bem mais propensa. — Ele passou as mãos pelos cabelos, visivelmente preocupado com a situação. — Estamos entendidos?

— Sim. — respondi, fazendo um coque com o meu cabelo.

Ele apenas assentiu e saímos do quarto. Albert desceu até o porão e voltou carregando duas enormes mochilas camufladas. Não precisava perguntar para saber que ali dentro tinha as mais diversas armas, munições e granadas. Além das mochilas, ele carregava dois coletes embaixo do braço. Colocou as mochilas no chão e me jogou um colete.

— Preciso que você se vista de preto, da cabeça aos pés. — ele falou, mas como uma ordem.

Concordei e subi as escadas correndo, a cada dois degraus.

Meu coração estava acelerado, mais do que o comum e conseguia sentir o suor escorrendo pela nuca e coluna. Minhas mãos tremiam e suavam, absurdamente. Tentei me acalmar enquanto procurava roupas pretas.

Albert gritou do andar debaixo para eu preparar uma mala básica para mim e para o Caleb, contendo principalmente itens de primeiro socorro.

Senti a boca seca, só de pensar na possibilidade dele estar machucado, ou pior.

Meu coração errou algumas batidas quando esse pequeno pensamento passou pela minha mente.

— Ele vai estar bem. — sussurrei para mim mesmo, repetindo esse mantra enquanto terminava de arrumar a mochila.

Coloquei as duas nos ombros, uma de cada lado e desci.

Vestia preto da cabeça aos pés, desde as peças intimas até o boné na cabeça — que por acaso era do Caleb.

Prendi o cabelo num coque e enfiei boa parte dele debaixo do boné, deixando ele um pouco folgado atrás, para que os fios não escapassem.

Albert já estava do lado de fora, me esperando.

Vesti o colete e por cima coloquei uma jaqueta preta, também do Caleb, para esconder o colete.

Assim que sentei no banco do carona do suv do Albert, ele me estendeu uma pequena pistola de calibre 22, semi-automática e me entregou o coldre dela e alguns cartuchos de munição.

— Só no caso de você precisar. — A lateral do seu lábio subiu, num pequeno sorriso. — E isso também. — Ele pegou algo de dentro da mochila e me entregou.

Olhei para o objeto, era uma pequena bolsinha de couro e assim que abri avistei um canivete dentro.

— É um canivete tático, usado principalmente pela policial e exército. — ele explicou.

Assenti, avaliando o objeto de metal. Era pequeno, mas pela lâmina dava para ver que estava afiado. O cabo dele era de metal também e quase cabia na palma da minha mão.

— Realmente espero que você não precise usar nada disso, senhorita. — ele sussurrou, soltando um longo suspiro. — Caleb vai me matar assim que descobrir que deixei você participar disso. — Ele balançou a cabeça, pensativo. — Mas sei que não vou conseguir fazer você desistir de ir junto e não temos tempo para essa discussão. — ele brincou.

Soltei uma risada baixa, concordando com ele.

— Muito inteligente você. — provoquei, o fazendo rir.

— Vamos encontrar o restante do pessoal no meio do caminho. — ele falou, girando a chave na ignição do carro e dando ré para manobrar o veículo.

— Dentro do porta luvas tem balaclavas, pegue e já deixe separado para colocar quando estivermos chegando lá. — ele disse, acelerando o carro e descendo pela estrada de terra.

Abri o porta luvas e retirei duas toucas de lá de dentro, observei o tecido. A parte da frente tinha os furos para os olhos apenas e respirei fundo.

Terei que controlar minhas crises de ansiedade quando precisar usar aquilo.

Deixei sob o painel, a vista para que eu não me esquecesse. Joguei as mochilas que estavam no meu colo, para o banco de trás. Albert fez o mesmo com a enorme mochila que estava em suas pernas.

— A outra está no porta mala. — ele falou quando me viu procurando pela segunda mochila, pensando que ele tinha esquecido.

— E o Henrico? — perguntei, me lembrando do filho da puta.

— Tá no porão ainda. — ele respondeu calmamente, dando de ombros. — Quando chegarmos lá aviso um amigo meu, policial aposentado, para ir atrás dele. — Ele me olhou de lado e piscou. — Se ele ainda estiver vivo.

Recostei a cabeça no banco e dei risada. Albert era realmente uma pessoa maravilhosa depois que você o conhecia.

A carranca e a postura de militar era somente para amedrontar. Porque por dentro, ele era mais gentil do que muita gente.

Ah! — ele falou, se lembrando de algo. — Na mochila que está aí atrás, tem um rádio, parecido com um walkie-talkie, pegue um e mantenha com você. — ele se concentrou na curva fechada que havia na estrada. — Será nosso meio de comunicação se por acaso acabarmos nos separando.

Concordei com a cabeça, fazendo uma nota mental para não esquecer.

Minhas mãos ainda suavam, a cada minuto que chegávamos mais próximos do local.

Albert falou que era bem distante, quase 1 hora de distância da rodovia principal do local. Do chalé dele até lá, eram mais de 2 horas, então o caminho seria longo.

Meu coração batia descompassado, ansiosa para reencontrá-lo.

Mas eu sabia que até chegar nele, o caminho seria difícil e duvidava muito que eu não precisasse usar a arma.

Por mais otimista que tentasse ser.

Cicatrizes e Demônios  |  Livro 2 [SEM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora