CAPÍTULO XXX

684 55 7
                                    


"Quando você estiver triste, fique triste

Quando você estiver sem forças, fique sem forças

Eu irei te ajudar

Porque, sem dúvida

Se as mesas virassem, você me tiraria do chão"

— Appreciated - Rixton

— E como estão as coisas lá em Chicago? — Pergunto, servindo duas doses de uísque para nós

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

— E como estão as coisas lá em Chicago? — Pergunto, servindo duas doses de uísque para nós.

— Geladas. — Thomas respondeu, rindo.

— Claro! — Balanço a cabeça, rindo e caminhei até o sofá em que ele estava sentado, lhe entregando o copo de bebida. — Saudades do clima de lá. — sussurrei, ficando nostálgico.

— Aparece por lá então. — ele falou, escondendo o sorriso enquanto bebia o liquido de cor âmbar. — Acredito que os funcionários devem sentir muito a sua falta. — Revirei os olhos, sentindo a ironia no seu tom de voz.

Mas acabei rindo com a brincadeira.

Os funcionários da sede de Chicago me odiavam, o Caleb que gerenciou a Jones de lá era insuportável. Me arrependo de ter feito eles passarem por isso. Aquela época foi um verdadeiro inferno para mim, ou estava o tempo todo com raiva, ou bêbado ou chapado e nessas últimas opções eu mal aparecia na empresa, então eles tinham que se manter por conta própria.

— Eu era um filho da puta. — Soltei, balançando a cabeça arrependido.

— Disso eu não posso discordar. — Ele deu de ombros, bebendo mais um gole do seu copo. — A Madu fez um bem danado a você. — Ele sorriu.

— Você não faz ideia. — Conseguia sentir os lábios se expandirem num enorme sorriso, acontecia sempre que pensava nela. — Ela é a luz da minha vida caótica. Não sei o que seria de mim sem ela.

— A eu sei! — Thomas provocou, rindo. — Estaria ou morto, ou internado numa clínica psiquiátrica.

— De novo né? — Entrei na brincadeira com ele. — Aqueles 6 meses internados na clínica foram os piores para mim.

Um silêncio constrangedor assolou o escritório, o clima que antes estava ameno, agora estava gélido.

As lembranças dos meses em que fiquei internado invadem a minha mente. As noites em surtos — ao menos, as que eu conseguia me lembrar — as altas dosagens de remédios, as tentativas de suicídio, as diversas horas amarrado sobre a cama para evitar que eu tentasse contra a minha própria vida.

— Caleb? — a voz do Thomas me despertou de meus pesadelos.

Inconscientemente estava pressionando o pulso com a outra mão, passando os dedos no local onde as amarras ficavam por horas. Sinto o peito se apertar e a respiração falhar, reviver essas memórias sempre foram um pesadelo, um martírio do qual nunca me esqueceria na vida.

Cicatrizes e Demônios  |  Livro 2 [SEM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora