Oito anos antes...
A última coisa que vi, foram os olhos dele. Do meu irmão caçula, me agarrando e me implorando para não morrer.Senti suas lagrimas me molhando o rosto, conforme meu corpo se desligava de tudo e a escuridão me sugava para longe.
Pensei que seria meu fim, que nunca mais veria meu irmão, ou a minha mãe e até mesmo o patife do meu pai.
E quando acordei, num galpão, jogado as traças, pensei que estava no inferno.
Que ali era o meu purgatório.
Mas estava muito longe de ser o inferno. Ali era o meu sofrimento em vida mesmo.
A ferida da bala estava costurada de qualquer jeito. Acredito até que o médico que me atendeu, deveria ser era açougueiro, ao invés de médico.
— Você deve ter comprado a porra do seu diploma. — gemi, tentando não me mexer demais enquanto ele verificava a ferida.
— Quieto. — o armário na minha frente falou.
O médico deveria ter o tamanho do Caleb, era forte como meu irmão.
Caleb.
Pensar nele me doía a alma, massacrava o meu coração, imaginar o que ele estava passando.
Não fazia a menor ideia de há quanto tempo estava ali, dentro daquele galpão. Dizer que a iluminação era ruim, seria um eufemismo, era quase nula. O lugar fedia a umidade e mofo.
Havia apenas uma pequena janela que não devia ter nem 30 centímetros e não entrava luz do sol pela grade. As paredes eram úmidas e escorria alguma coisa pegajosa nela, devia ser infiltração.
Dormia num colchonete pior do que esses de academia. Na verdade, não conseguia dormir, a dor do ferimento era intensa demais e quando cessava, o frio tomava conta do meu corpo.
Ao menos eu não estava algemado, até porque, não conseguiria ir para lugar nenhum, dado o estado que eu me encontrava.
Ainda não sabia quem era o responsável por fazer isso comigo, a única pessoa que eu via, era o maldito açougueiro e um segurança que vinha entregar a bandeja com algo que era impossível de comer.
Era intragável a comida. E por conta da falta de alimento, minha ferida não cicatrizava como deveria, já que meu corpo não tinha nutrientes o bastante e pelo que o médico disse, eu estava num nível de desidratação bem preocupante.
Pensava que pior do que estava não podia ficar. Mero engano meu.
Quando a ferida cicatrizou o bastante para conseguir me manter em pé durante algum tempo, finalmente conheci o responsável por me manter naquele cárcere privado.
— Você? — exclamei, ficando de pé ao ver o filho da puta que atirou em mim. — Você quase me matou! Seu desgraçado! — Cerrei os punhos.
— Calma, meu amigo. — ele falou, calmamente, enquanto caminhava até o meio da sala.
A luz baixa ligada e o fato de ter ficado muito neste galpão, facilitou enxergar as feições do desgraçado.
Minha visão tinha se acostumado com a escuridão e por mais que não conseguisse enxergar facilmente a pessoa, conseguia ver sua silhueta e ouvir os passos deles antes mesmo que entrasse no galpão.
— Por que estou aqui? — questionei, sentindo o sangue ferver, — O que diabos estou fazendo nesse buraco? — Me aproximei dele, ficando a poucos centímetros do brutamontes.
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Cicatrizes e Demônios | Livro 2 [SEM REVISÃO]
Roman d'amourSEM REVISÃO Primeira atividade: 24/08/2020 Continuidade: 15/08/2021 Conclusão: 31/10/2022 Livro ll da Trilogia Jornadas do coração Livro l: Até a última folha Caleb Jones carrega no corpo cicatrizes de uma infância perturbada. Foi obrigado a encara...