CAPÍTULO XLIX

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Acordei assustado, com algo sendo jogado na minha cara

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Acordei assustado, com algo sendo jogado na minha cara.

— Acorda porra! — alguém gritou.

Minha cabeça latejou e senti as têmporas doendo, devido a forte enxaqueca que sentia.

Apertei os olhos, tentando enxergar onde eu estava, mas tudo que eu conseguia ver era a escuridão, há não ser por uma sombra, parada a alguns passos de mim.

— A bela adormecida acordou. — a voz dele, fez meus pelos se eriçarem, como um felino assustado.

A voz do cara que eu mais admirava no mundo, agora, era a voz do meu algoz. Do meu agressor e do homem que tentou matar a mim e a mulher que eu amava.

— Jason? — sussurrei, as palavras quase não saiam da minha boca.

Tentei mexer os braços, mas não consegui, balancei as mãos e ouvi o som de correntes. Estava algemado, tanto as mãos, quanto nos pés. Estava pendurado e fora a voz dele, a única coisa que eu ouvia era um gotejar próximo a mim e quando ele acendeu a pequena luz do ambiente, percebi que o gotejar era meu.

Meu sangue pingava no chão, sangue de alguma ferida minha. Quando segui o gotejar, vi que meus pontos da ferida da bala haviam estourado e o sangue escorria pelo meu braço, pingando no chão.

A dor do machucado me queimava a pele, como se meu corpo só percebesse que havia algo de errado naquele momento.

Como se meu cérebro tivesse percebido a ferida e mandando uma descarga de dor para mim.

Jason se aproximou e segurou meu queixo, olhando para mim. Seus olhos, que antes eram verdes, agora estavam escuros, sombrios e cheios de raiva.

— Imagina a minha surpresa ao te ver usufruindo de tudo que devia ser meu? — ele me encarou e soltou uma risada alta, que fez todo meu corpo se arrepiar.

Pela primeira vez em anos, eu senti medo, temi pela minha vida.

— Mas você tinha... — comecei a falar, mas fui interrompido pela risada dele.

— Morrido? — ele respondeu, o cinismo escorria por cada palavra. — Era isso que você queria, não era? — Ele soltou meu queixo, empurrando minha cabeça com força para trás e enfiou um dedo em minha ferida aberta.

Soltei um urro de dor, tentando a todo custo me desvencilhar dele. Mas quanto mais eu tentava, mas fundo ele enfiava o dedo no pequeno buraco. Meu braço queimava, latejava e sentia o suor gelado escorrendo pela minha nuca.

A dor era tanta que conseguia sentir a consciência indo embora.

— Vai dormir não, filho da puta! — ele gritou, batendo com força na minha cara. — Temos muito o que conversar.

Ele puxou meus cabelos, me fazendo erguer a cabeça e encarar seu rosto. Só ódio estampado nele e senti meu coração acelerar, o medo tomava conta de mim e orei, em silêncio, pedindo a Deus para me tirar dali.

— Era para você ter morrido! — ele voltou a gritar, batendo novamente na minha cara. — Aquela porra de bala, era para você! Seu bastardo de merda! — Ele cuspiu na minha cara.

Jason finalmente soltou minha cabeça e ela tombou para frente, fazendo as correntes chacoalharem. Ele se afastou, mas continuou me xingando. Olhei para cima, onde as correntes estavam presas e vi que um dos suportes estava meio solto. Balancei meu braço para verificar quão solto estava e vi a ponta do suporte soltando do teto.

— Quando fui baleado, pensei que realmente iria morrer. — ele falava, enquanto andava pelo pequeno cômodo.

Olhei em volta e vi que devíamos estar em algum galpão, ou porão. Havia apenas uma pequena janela no meu canto esquerdo e fora a luz que pendurava do teto, não havia mais nenhuma iluminação. Tentei forçar a visão para procurar alguma porta, mas quanto mais eu tentava, mas minha cabeça latejava.

Tentei me manter de pé, sem forçar meus braços, por conta da dor, mas meus pés quase não alcançavam o chão, somente a ponta dos meus dedos e era extremamente difícil forçá-los, para me manter de pé.

O chão estava molhado, havia uma pequena poça d'água em meus pés e não entendi porque só ali estava molhado, até ele retornar. Só percebi que ele havia saído, quando voltou com dois grampos.

Ele os apertou, fazendo-os se fecharem e vi as faíscas saindo. Eram grampos de energia elétrica.

O filho da puta iria me dar um choque.

Ele soltou uma enorme gargalhada ao ver minha expressão aterrorizada.

— Com medo, irmãozinho? — Ele se aproximou ainda mais de mim e apertou novamente os grampos, as faíscas quase batendo em meu rosto. — Você não faz ideia da dor que isso causa. — Ele continuou rindo e desligou os grampos, os jogando no chão.

Seus olhos estavam arregalados, ele estava fora de si. Não era o meu irmão que eu via ali, era o próprio satanás em pessoa.

— Sabia que fiquei preso? — ele perguntou, de forma retorica, pois continuou falando. — O filho da puta que me baleou, pagou os enfermeiros da ambulância e ao invés deles me levarem para o hospital. — Ele se agachou, ficando na minha frente. — Me jogaram na porra de algum galpão.

Jason pegou meu pé e eu tentei me desvencilhar dele, chutava ele e me empurrava para trás.

— Para com isso. Porra! — ele gritou, socando minha costela e agarrando meu pé.

Ele pregou o grampo no meu dedinho e fez o mesmo com o meu outro pé. Abaixou as correntes, para que meus pés tocassem o chão e quando tocou, ele ligou a caixa de energia que estava próxima a ele, ligando os grampos.

E quando ele ligou, uma descarga elétrica percorreu meu corpo, causando tremores, ao ponto de formigar todo o meu corpo.

Tentei me manter em pé, mas a dor era intensa demais. A voltagem do choque não devia ser muito alta, mas era o bastante para me machucar.

Com o chacoalhar do corpo, acabei mordendo a língua diversas vezes e o gosto metálico inundou minha boca, escorrendo pela garganta.

Jason desligou a caixa, fazendo o choque parar, mas a sensação de formigamento continuou e os espasmos do meu corpo também.

Ele gargalhava e batia palmas, se divertindo com aquela tortura.

— Imagina... — Ele se aproximou de mim, o rosto impassível novamente. — Sentir isso várias vezes ao dia. — Ele segurou meu rosto novamente. — Ao ponto de você mijar nas próprias calças. — Um vislumbre de dor passou pelo seu rosto.

Ele havia sofrido isso e as lembranças ainda lhe causavam dor.

— Irmão... — sussurrei, sentindo minha mente perder a consciência. — Me desculpe...

— Você vai saber o que é isso, irmãozinho. — a voz dele foi ficando longe. — Vou fazer você sentir tudo que senti.

Cicatrizes e Demônios  |  Livro 2 [SEM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora