Capítulo 1

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✨Nota da autora: Ora ora, olha só quem voltou. Oii gente, como vocês estão? Pra quem é leitor novo aqui: Sou a Michelle, muito prazer, espero que gostem do meu trabalho e aproveitem as minhas histórias! Estou de volta escrevendo uma nova fanfic que eu realmente espero cativar o coração de vocês. Então, interajam comigo nos comentários, curtam os capítulos e... Boa leitura 💜

Pov. Milena

Sabe quando você tem a sensação de que algo está errado, mas você não sabe bem o que é? Essa é exatamente a realidade de um editor quando se depara com diversas obras num único dia. Não importa o quanto você revise o texto, você sente que falta alguma coisa ou algo está errado. Só que demorei para perceber que o problema não era a correção, e sim eu.

Entrei no curso de Letras com o objetivo de trabalhar no mercado editorial — que infelizmente é pequeno dentro do Brasil —, e fui com essa decisão até o fim. Faz três anos desde que me formei na faculdade e, quanto mais fico dentro dessa empresa, mais vontade tenho de crescer dentro do mundo literário. Livros sempre foram a minha paixão, minha vida. Sinceramente, não conseguia me imaginar fazendo outra coisa a não ser isso. Ter pensamentos assim parecia tão irreal e estranho, de certa forma. Meus pais sempre me ensinaram que temos que trabalhar duro para conseguir chegar onde queremos, mesmo com grandes obstáculos no caminho. Como uma mulher negra, sempre fui centrada o suficiente para entender que nada pode me segurar. Repetia isso para mim mesma desde os 15 anos de idade.

Ser editora chefe do departamento de ficção de uma das maiores editoras de São Paulo não era algo fácil — aliás, nada nesse ramo é fácil. Ter que se desdobrar em mil para dar conta das obras, dos autores, dos estagiários, da equipe de produção... Parecia uma bagunça observando de longe, mas, surpreendentemente, eu dava conta de tudo. Sou ótima no que eu faço.

Porém, faltava algo.

— No que está pensando?! — perguntou Marília ao entrar na cozinha do andar. Eu estava encostada na bancada do café com minha xícara na mão, olhando fixamente para todas as mesas.

— Já se sentiu realizada ao ponto de se perguntar se pode existir mais?!

— Sempre existe mais.

— Eu sei, mas digo no sentido de... Ser algo que consiga alcançar. Sinto que minha vida está bem, mas parada.

— Milena... — disse ela caminhando em minha direção. — Não está pensando em sair, está?

— O quê?! Não, claro que não.

— Você está dizendo essas coisas por causa da vaga no exterior?

Há uma semana o chefe principal, Pasquale, disse que a filial da editora em Florença, na Itália, está disponibilizando uma vaga para gerenciamento de três setores diferentes, então os melhores candidatos seriam indicados pelos seus chefes para concorrerem a vaga. Apesar de ter o perfil e ter uma grande chance de ser indicada, fiquei sabendo por terceiros que o Roberto da seção de fantasia era amigo próximo do Pasquale, então o pensamento de ir viajar ia ficando cada vez mais distante. Pasquale disse que nos daria a resposta na próxima semana.

— Não estou com esperanças de ganhar a vaga — confessei. — Roberto já está se aproximando de Pasquale há tempos, são amigos, é mais fácil ser uma troca entre eles.

— Você sabe que aquilo ali é puro interesse, não tem nada de amizade. Roberto deveria criar vergonha na cara.

— Ele é homem, desde quando homem não é descarado?

Marília gargalhou com a pequena análise.

— Só... Tenha esperanças.

Ficamos dentro da sala por mais 15min. até eu voltar para o meu escritório e arrumar minhas coisas para ir embora. Coincidentemente encontrei com Roberto no elevador com uma cara totalmente amarrada, estava sério demais. Eu nunca o vi assim. Mandei mensagem para Marília no exato momento em que sai do elevador, e sua resposta foi "Será que aconteceu o que eu estou pensando que aconteceu?".

Boa pergunta.

Eu saía às 17h do trabalho todos os dias para dar tempo de jantar com a minha irmã ou mesmo preparar o jantar. Nós moramos juntas na capital desde os meus 20 anos, enquanto meus pais moram em uma zona afastada de Guarulhos. Decidimos nos mudar para a capital para ter mais acesso às oportunidades de estudo e trabalho, algo que realmente não esperávamos em uma pequena cidade. Ter Histefany ao meu lado fazia eu me sentir ainda mais responsável pelas coisas, apesar de cuidarmos uma da outra. Ela é 5 anos mais nova do que eu, então não é de se admirar que eu sempre me preocupe com ela.

Não é fácil ser uma irmã mais velha.

Combinei de encontrá-la no mercado para fazermos juntas a compra do mês. Estávamos no primeiro dia do mês de julho, então o frio e a vontade de comer besteiras no sofá todo o final de semana era algo quase que inevitável. Amamos ter esses pequenos momentos juntas, sempre achei as pequenas coisas as mais importantes a serem lembradas.

— Salgadinho?! — perguntou ela, já jogando o pacote dentro do carrinho.

— Por que pergunta se você vai comprar de qualquer jeito?

— Você pode me impedir.

— Até parece...

— Você está esquisita hoje... Aconteceu algo na Myos?

— Não, só trabalho e mais trabalho — menti.

Andamos até o corredor das bebidas e aproveitei para pegar uma garrafa de vinho tinto. Nesse meio tempo, fiquei me perguntando se existia a possibilidade de Roberto não ganhar a vaga e ela ser minha. Como Histefany se sentiria sem mim em casa? Ela também trabalha, mas será que conseguiria pagar todas as contas?! Só de pensar na minha irmã passando maus bocados, meu estômago se revirava.

— Milena! — Exclamou alto. — Nossa você está realmente avoada, nem está prestando atenção em mim.

— Desculpa! O que perguntou?

— Refrigerante. Qual você quer?

— Pegue o que você quiser, acho que qualquer um está bom.

Peguei meu celular e mandei mensagem novamente para Marília.

Eu precisava saber se tinha uma chance.

Com Amor, K.Onde histórias criam vida. Descubra agora