Capítulo 3

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Pov. Milena

Se uma vez eu disse que não poderia ter mais trabalho em um único dia, eu com certeza estava errada. Hoje recebemos cerca de 50 novos exemplares para a revisão, que tiveram que ser distribuídos entre a equipe para darmos conta de todas as publicações. Não tinha entendido o porquê de recebermos tantos livros praticamente no final do mês de junho.

Aquilo era estranho demais.

Passei toda a manhã numa reunião com a equipe de revisores para a divisão dos exemplares, que durou cerca de 3h, então eu estava exausta. Todas as vezes que marcávamos uma reunião, outros assuntos surgiam no meio, então sempre ficávamos horas a mais discutindo assunto aleatórios que também precisavam ser resolvidos.

Olhei para o relógio no canto esquerdo de minha mesa, observando os ponteiros marcando 12:30. Hora do almoço. Fiquei a manhã toda presa dentro da sala de reuniões e já era a hora do almoço... O que eu fiz hoje além disso?

— Milena! — disse Mari escancarando a porta da minha sala. — Você não sabe o que eu descobri.

— Seu modo fofoqueira já está ativo?! — sorri. — Bom dia pra você também.

Percebi que o assunto era realmente sério quando ela fechou a porta, certificando-se que ninguém nos escutasse.

— Roberto não ganhou a promoção! — sorriu satisfeita. — Mas, aparentemente, ele não gostou muito da decisão de Pasquale.

— Eles discutiram?! — perguntei perplexa. Ela afirmou com a cabeça. — Meu Deus!

— Parece que ele realmente ficou nervoso e chegou a quebrar alguns objetos do escritório do chefe. Alguns dizem que eles trocaram socos, mas não acredito que tenha chegado a este ponto. — Ela se sentou em uma das cadeiras próximas a minha mesa. — Você obviamente já sabe o que aconteceu.

— Com certeza foi demitido.

— Exato. Aquela cara de homem bondoso era só pra disfarçar... Descobri também que todo o departamento de ficção estava sendo prejudicado por ele, principalmente em relação as publicações.

— Como isso?!

— Acho que Pasquale já vem recebendo reclamações de mal comportamento entre Roberto e os estagiários há algum tempo, e depois começou com os titulares... Então ele deve ter esperado o momento certo para juntar tudo e mandar ele embora, junto com todos os depoimentos e reclamações dos funcionários para o RH.

— Então, isso quer dizer que...

— Você sempre teve chances de ir para a Itália. — Após sua fala, o telefone tocou. Era a secretária geral me avisando para subir até a sala de Pasquale. — Nossa, foi mais rápido do que eu pensei.

— Eu estava realmente sem ânimo para acreditar que isso poderia mesmo acontecer.

— O nome disso é recompensação de todo seu suor dentro dessa empresa.

— É claro que sim! — Pisquei para ela antes de sairmos da minha sala e caminharmos até o elevador.

Subimos de elevador até o 10° andar do edifício, passando por pelo menos 4 setores diferentes. O décimo andar era o maior comparado aos outros, talvez por ser o local que tem mais reuniões e mais pessoas trabalhando, mas não tão grande ao ponto de se perder entre as salas. Marília me acompanhou depois de eu insistir muito para ela subir comigo, eu estava realmente receosa sobre o que Pasquale poderia falar.

E se ele dissesse que eu não receberia a promoção? E se ele me deixasse encarregada do andar de ficção... Como eu comandaria dois setores?!

Entrei sozinha na sala de Pasquale, encontrando o homem sentado de costas para a porta. Posicionei-me em frente a sua mesa, o que o fez se virar e me encarar finalmente. Pasquale era um dos filhos mais novos do dono da Myos, com sua sede principal em Florença, na Itália. A editora era tão grande e famosa que tinha outros prédios espalhados pelo mundo, como em Toronto (Canadá) e em Seul (Coreia do Sul). Pasquale tinha um irmão gêmeo, então os dois decidiram cuidar dos investimentos da família se separando pelos países.

Com Amor, K.Onde histórias criam vida. Descubra agora