Pov. Manoela
Acordei com a minha cabeça um pouco dolorida, parecia mais com um incômodo chatinho. O enfermeiro me olhava atentamente, talvez esperando que eu falasse alguma coisa de útil, porém outra pessoa chamou a minha atenção. O homem estava sentado na poltrona, posicionada próxima ao pé da cama de hospital, com suas pernas balançando sem parar. Ao perceber que eu o encarava, seus olhos se arregalaram, o que o fez correr para a porta do quarto.
— A senhorita está bem? — perguntou o enfermeiro. Assenti balançando minha cabeça, devagar.
— Você deve ser alguém importante... — murmurou.
Olhei para ele desconfiada. Como assim?
— Importante como?
— Apenas pessoas famosas chegam nesse hospital com uma grande equipe.
— Bem, eu não sou famosa — sorri ao tentar sentar na cama. — Então, ainda não entendi o seu comentário.
Quatro homens vestindo roupas pretas entraram no quarto, eram altos e suficientemente fortes para esmagar alguém. Todos me encaravam com atenção, mas tinha algo mais preocupante em seus olhares — sinceramente, eu não queria saber. Logo depois, outros dois homens também entraram no quarto, mas esses eu reconheci da praia.
— Não é amiga deles? — sussurrou o enfermeiro, mais assustado que eu com os seis homens nos encarando.
Neguei, sem desgrudar os olhos deles.
— Que bom que está bem — disse um dos homens de preto, cercando os outros dois que tinham acabado de chegar.
— Podem nos dar um pouco de privacidade?
— Senhor, não acho que seja uma boa ideia...
— Podem nos esperar na porta.
Eles saíram meio a contra gosto, mas não retrucaram a ordem dada. Os dois caras se aproximaram da cama, espantando até o enfermeiro.
— Manoela, não é? — Assenti. Um sorriso enorme saiu de seu rosto. — A médica de plantão disse que você teve uma queda de pressão. Você tomou café da manhã?
Droga.
— Perdi o horário do café no hotel e resolvi comer durante o passeio, mas não tinha nada para comprar por perto.
— Então é provável que tenha sido isso.
— Sinto muito por isso — falei prontamente —, não costumo ser irresponsável desse jeito. Acho que atrapalhei a gravação de vocês.
— Não! — respondeu o cara mais novo.
— Você não atrapalhou, nós já tínhamos terminado de gravar.
Seu olhar demonstrava preocupação, mas, ao mesmo tempo, algo diferente. Não consiga olhá-lo por muito tempo, ele era bonito demais. Os dois poderiam ter descendência asiática ou indígena, não sabia ao certo.
O outro homem, que parecia ser mais novo, estendeu a minha bolsa em minha direção com as duas mãos. Pensei que tinha deixado ela cair na praia. Agradeci tantas vezes por ele ter pegado para mim, deixando ele corado. Se eu achei o outro cara bonito, esse então...
— Você está sozinha? Tem alguém que possa vir buscar você? Quer que chamemos um táxi até o seu hotel?
— Calma, são muitas perguntas — sorri, enfiando a mão direita dentro da bolsa para pegar o celular. — Estou viajando com uma amiga, aposto que... — Ao olhar a tela de bloqueio, assustei-me pela quantidade de ligações e mensagens de Milena. Larguei ele dentro da bolsa e a fechei. — Aposto que ela deve estar me procurando.
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Com Amor, K.
FanficAs jornadas do autoconhecimento e do amor próprio são processos difíceis que qualquer pessoa pode passar, mesmo que não esteja preparada. Milena Silva era uma dessas pessoas. Uma editora de sucesso da grande São Paulo de apenas 25 anos de idade des...