Capítulo 18

21 6 3
                                        

Pov. Milena

— Ele fez o quê?! — disse Manoela do outro lado da linha. Suspirei enquanto caminhava de volta ao meu apartamento, cansada de mais um dia de trabalho.

Kim ainda não tinha falado comigo e seu sumiço só me confirmou o que eu já esperava: ele estava me evitando. Além de minha cabeça voltar e voltar diversas vezes nesse assunto, o meu chefe fez questão de me importunar também — como se já não bastasse ter que lidar com todas recentes publicações da editora. Paolo estava ficando cada vez mais insuportável e em cima de mim para verificar o meu trabalho, até levou bronca de Pasquale por isso.

Em todas as reuniões eu deixei de ser ouvida, não me sentia mais confortável de levantar os tópicos e os funcionários também passaram a ficar calados na presença dele. O ambiente estava sempre tenso, por isso, a minha sala se tornou meu refúgio. Jasmine disse para eu não me estressar com as broncas e pequenos erros que ele inventava para me prejudicar, mas a minha intuição gritava que isso não iria acabar bem. Assim, tirando minha sala, o único lugar que eu me sentia a vontade era em meu apartamento.

— Você não tem ideia do que estou passando aqui — murchei ao falar. — Parece que estou pagando minhas penitências...

— Amiga, vamos por partes, ok? Sobre o seu amigo ou ficante: não acho que ele tenha ido embora, talvez ele só esteja ocupado com outras coisas. Você não disse que ele compõe? E se ele está escrevendo uma música sobre você...

— Ah, Manu — dei risada —, as vezes você é tão ingênua.

— Não sou ingênua, só um pouco romântica.

Era a cara dela mesmo.

Passei pelo porteiro e o cumprimentei, seguindo meu caminho até o elevador. Assim que abri a porta de casa, coloquei a bolsa na mesa de entrada e me joguei no sofá. Respirei bem fundo e tentei relaxar meu corpo no objeto macio.

— Você não acha que está vivendo pelo trabalho?

— Eu saí algumas vezes com Jasmine e Kim, mas sozinha eu só andei pela região mesmo.

— Então é isso! — Gritou, animada. — Você vai pegar esse estresse e jogar para o espaço, depois vai na estação de trem e vai comprar uma passagem para uma das vinícolas pra viajar no final de semana.

— As vinícolas nos campos? — perguntei, pensando na ideia. — Não é o lugar que você sempre quis conhecer?

— Exatamente, então faça isso por mim enquanto estou presa no clima frio de São Paulo.

— Você é exagerada, nem deve estar tão frio assim.

— Confie em mim, está sim.

Vinícola... Parecia uma boa ideia.

— Tudo bem, acho que Paolo vai agradecer se eu pedir um dia de folga para ele se livrar de mim.

— Esse cara é insuportável, por que você ainda não chutou a bunda dele?!

— Porque ele é o meu chefe?!

— E o que isso importa?

— Manoela! Nós duas somos chefes também, imagina se um funcionário nos tratasse assim.

— A diferença entre ele e nós duas é que não somos chatas, e isso ajuda muito.

— E como estão as coisas em São Paulo? — Mudei de assunto para não ficar estressada. Eu poderia estar brava com Paolo, mas ele ainda era o meu chefe e eu tinha que respeitá-lo.

— Ah, a mesmíssima coisa de sempre. Fiquei com o Bruno semana passada e não passamos dos beijos.

— Vindo de você isso não me surpreende muito, mas você que não quis?

Com Amor, K.Onde histórias criam vida. Descubra agora