Capítulo 8

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Pov. Milena

— Isso não é uma boa ideia! — respondi Marília pelo telefone, enquanto bebericava uma xícara de café em frente a sacada.

Ponto muito importante sobre o novo apartamento: tenho uma vista incrível de todo o bairro, com as montanhas visíveis bem ao longe. Isso lembrava os meus pais.

— Por que não é uma boa ideia? — resmungou, fazendo com que eu revirasse os olhos.

— Porque ele não é de sair. Como quer chamar ele para beber se César é um cara caseiro?! Tente fazer algo que chame a atenção dele.

— Mas é o César...

César era um antigo amigo nosso da editora. Trabalhamos juntos no mesmo setor por muito tempo, até ele se mudar para o interior de São Paulo. Ele sempre foi muito gentil e companheiro nos momentos mais estressantes naquele lugar, então faz total sentido Marília ter um penhasco por ele. Era legal pensar que eles poderiam ter algo, gostava muito dos dois, mas Marília têm dificuldade de entender as vezes que nem todo mundo gosta das mesmas coisas que ela. Agora que ele está de volta à capital, minha amiga decidiu que quer ao menos um encontro — e eu acho isso difícil de acontecer.

— Olha, você não vai saber se não tentar, certo?! — Ela murmurou um "sim". — Então só... Tente.

— Do jeito que você fala, parece ser a coisa mais fácil do mundo.

— Tecnicamente, é sim...

— Milena — suspirou —, você tem ideia que ele não é "só mais um cara" pra mim? Ele é tudo o que eu realmente procuro, entende?

Ri fraco ao lembrar da sua antiga descrição.

O pacote completo!

— Exatamente. Você não namora há um tempo, então não entenderia.

Aquilo doeu.

— Você sabe o porquê de eu não namorar.

— Trabalho.

— Isso. Não me arrependo disso.

— Eu sei, não estou questionando suas escolhas, mas eu concordo super com Manoela.

Ah não!

— Vocês conversaram?

— A gente se encontrou numa Starbucks aqui perto e conversamos por um tempo. Ela disse sobre as aulas de italiano, achei uma ótima ideia.

Passei dois dias dentro do apartamento, ainda mais depois que recebi a notícia de que começaria o trabalho apenas na sexta-feira. Queria sair e conhecer o bairro, mas eu estava tão aflita com o novo emprego que mal conseguia pensar em aproveitar o turismo daqui. Assim, liguei para Manu e conversamos sobre a possibilidade das aulas de italiano.

— E ela também me disse sobre você  finalmente se dar uma chance.

— Não vou falar sobre isso.

— Ah, Mi! Qual o problema de dar uns beijinhos?

— Problema nenhum, inclusive gosto muito de chegar até os finalmente. — Ela riu do outro lado da linha. — Mas um relacionamento agora? Neste momento da minha vida? Parece insano demais.

— Sabe o que minha avó dizia? — Neguei. — Quanto mais negamos o amor, mais provável é dele chegar de repente e nos derrubar.

— Vocês só sabem meter abobrinha na minha cabeça, sabia?

— Bem, você trabalha com livros, quem sabe Florença lhe dê um bom e intenso romance italiano.

Com Amor, K.Onde histórias criam vida. Descubra agora