Capítulo 9

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Pov. Milena

Hoje era o meu primeiro dia na filial da Myos e meus nervos estavam a flor da pele. Por que eu estava tão nervosa com aquilo?! É só mais um dia de trabalho, Milena. Claro que com uma equipe diferente, num país diferente, com uma língua diferente...

Droga.

Decidi não tomar café em casa para não ficar mais nervosa, assim eu poderia andar pelas ruas de Florença até uma cafeteria e dispersaria qualquer pensamento que alimentasse meus receios. Antes de sair, chequei no espelho o meu vestido azul longo que ia até os pés, chequei meus cachos e depois a maquiagem.

Queria não me sentir nervosa, mas eu estava nervosa.

O balconista que me atendeu no café foi simpático, acho que ele notou o nervosismo estampado na minha cara, então disse que eu estava bonita. Ele até puxou assunto para me distrair um pouco. Fofo. Depois de sair de lá, resolvi não pegar um táxi e caminhei até a empresa — obrigada Milena por ter escolhido sair de sapatilha hoje.

Quando dobrei a última esquina, direcionei o meu olhar para o maior prédio da rua. Aquilo era enorme! Quantos andares deve ter? Imagina quantos setores... Continuei caminhando até a portaria e foi então que pude ter uma visão melhor do lugar. O prédio era espelhado e super refinado; os móveis eram de tom bege, com detalhes dourados na parede e no teto.

Aquilo era um lustre?

— Signorina Milena? — Murmurou uma voz feminina. Virei meu corpo em direção a voz, encontrando uma mulher beirando os 30 anos vestindo um vestido vermelho maravilhoso. Como as pessoas se vestem bem aqui. Andei até ela e apertei sua mão, sorrindo. —
Imaginei que fosse você. O espaço é lindo, não é?

Ótimo, eu devia ter ficado com uma cara de embasbacada olhando a recepção.

— É muito bonito mesmo — sorri sem graça.

— Eu sou Antonella, meu irmão falou muito sobre você.

Pensei que Pasquale tivesse apenas um irmão.

— Sou adotada! — respondeu sem eu ao menos perguntar. — Muitas pessoas já perguntaram sobre isso, então adianto a resposta — riu.

— Então você é a mais nova deles?

— Sim, sou a caçula. Temos 10 anos de diferença, o que parece muito ao meu ver.

— E você é brasileira?

— Não — riu ainda mais —, sou italiana. Os meus pais sempre nos instruíram a aprender coisas novas que pudessem nos levar longe, então aprendi muitas línguas.

— O seu acento é muito bom! — E era mesmo. O sotaque italiano é muito presente na fala de Pasquale, mas era quase imperceptível na fala de Antonella.

— Vou apresentar a empresa e seus departamentos. — Fiz o meu cadastro e passamos sem problemas pela catraca, andando depois até os quatro elevadores.

Tudo ali parecia tão organizado e seguro, tinha tantos sistemas de segurança que cheguei a me perguntar se eu estava entrando numa editora ou em um banco. Quando chegamos ao quinto andar, fiquei surpresa com o tamanho do escritório; tinham 20 mesas espalhadas com pessoas super bem vestidas, no fundo era possível ver três salas: a minha, a sala de reuniões e a do café. Por mais que fosse um espaço quase igual ao meu escritório do Brasil, esse era bem maior e muito bem decorado.

A Itália sempre buscou mostrar sua história através da arte e, apesar de não entender quase nada dessa área, consegui identificar pontos artísticos na decoração do escritório. Era uma mistura entre os estilos rústico e moderno, uma mescla quase perfeita. Os móveis eram modernos, mas os quadros e as cores branca e bege deixavam o lugar mais aconchegante.

Com Amor, K.Onde histórias criam vida. Descubra agora