Com Amor, K.

Capítulo 23

✨Nota da autora no final✨

Pov. Milena

— Você sabe que não precisa fazer isso, querida! — disse Antonella, enquanto me via colocar as malas dentro do Uber.

— Já tomei minha decisão, não precisa se preocupar comigo.

— Eu tenho certeza que Paolo não vai mais pisar os pés na Myos, isso era tudo o que ele sempre quis. Vai ser uma honra ter você como chefe de novo!

— Antonella, sei que você está tentando me convencer de ficar, mas não consigo olhar mais pra Florença como era antes.

Não conseguiria viver aqui sem pensar nele, sem pensar no preconceito...

— Milena, eu... — Suspirou, cansada. — Não sei mais o que dizer.

— Tudo bem, acho que é melhor assim. — Terminei de colocar minhas coisas no Uber e me aproximei da mulher alta. — Obrigada por ter me acolhido e se importado comigo, isso fez toda a diferença pra mim. Mande um beijo para Jasmin.

Antonella me abraçou forte, mas não quis me soltar.

— Algum problema?

— Não, só espero que você fique bem no Brasil.

— Ficarei — sorri.

Entrei no Uber logo depois que desfizemos o abraço. Enquanto ele andava, olhei a cidade pela última vez com um olhar melancólico. Era triste pensar que conseguiram estragar um sonho que eu tinha, e como isso conseguiu me afetar pra valer. Não queria mais ter que pensar sobre isso, mas era quase impossível. Eu merecia mais, muito mais!

Não é?

Senti um forte aperto no peito que fez eu subir minha mão entre os meus seios, uma dor aguda que foi descendo até a coluna. Subi meus olhos, agoniada, e foi nesse instante que...

Uma luz forte bateu em meu rosto, junto com aparelhos que não paravam de apitar alto em meus ouvidos, mas, ao mesmo tempo, aquele lugar parecia silencioso demais. Não conseguia abrir meus olhos direito, fui recuperando a visão aos poucos, então virei minha cabeça até onde conseguia para observar melhor. Manoela estava dormindo na poltrona ao lado da cama, com uma blusa de frio sendo usada como cobertor. Não queria acordá-la, então voltei a dormir.

Pov. Manoela

O meu sonho de viajar para a Itália estava finalmente se concretizando, mas nunca imaginei que seria após uma tragédia. Recebi uma ligação na sexta-feira da chefe de Milena falando que ela sofreu um acidente. Minha amiga me avisou que tinha me colocado como contato de emergência caso acontecesse algo com ela, apenas para não preocupar sua família, mas eu não consegui viajar sem ao menos avisar sua irmã sobre o que houve. Não era justo Histefani saber depois de voltarmos para o Brasil.

Falei com meus superiores sobre a situação e pedi dias de folga para conseguir viajar sem me preocupar em como as coisas estariam quando eu voltasse. Limpei a minha agenda por tempo indeterminado e viajei na noite daquele mesmo dia. Foi um voo longo e tenso para mim, em que a cada segundo eu tive que espantar pensamentos negativos sobre o estado de saúde de Milena. Houve momentos que chorei muito a ponto de chamar a atenção de uma das aeromoças, que me ofereceu um copo d'água.

Assim que cheguei em Florença, fiz de tudo para ser rápida no hotel e fui direto para o hospital. Não saber notícias dela já estava me sufocando demais. O hospital não era longe do meu hotel, isso porque pesquisei bem no caminho até o aeroporto de Guarulhos e fiz a reserva dentro do Uber. Quando estava perto do quarto, senti uma mão tocar meu ombro. Era a sua chefe. Antes de entrarmos, ela explicou tudo o que aconteceu com calma e paciência.