Capítulo 10

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Pov. Milena

Atrasada. Estou extremamente atrasada!

Em plena quinta-feira, os meus colegas de trabalho resolveram sair pra beber para me recepcionar no jeitinho italiano. Só que eu não pensava que sairia do bar às quatro horas da manhã — além de me esquecer que trabalharia no dia seguinte e o resto do pessoal estaria de folga.

Uma semana nesse lugar e já tomei um porre daqueles...

Acordei com meu celular despertando lá pelas sete horas da manhã, mas não consegui levantar. Saltei da cama depois de receber uma ligação do escritório dizendo que estavam preocupados por eu não ter aparecido. Mas é claro que estariam preocupados. Uma estrangeira — que ainda não sabia andar na cidade direito — some depois de uma bebedeira no dia anterior... Até eu pensaria coisas ruins.

Tomei um banho quase na velocidade da luz e coloquei um vestido vermelho que estava no primeiro cabide do guarda-roupa. Não deu tempo de checar o tempo, então, se o clima estivesse fresco, eu iria me ferrar.

Como não dava tempo de preparar meu café da manhã em casa, decidi passar numa cafeteria que ficava próxima ao prédio da Myos. E, sinceramente, deveria passar numa farmácia também...

Ao chegar na cafeteria, encontrei uma fila grande para fazer os pedidos e isso quase me fez desistir. Senti meu celular vibrar dentro da bolsa, era Manu.

Buongiorno, principessa! Está de ressaca?! — disse do outro lado da linha, rindo.

— Como você sabe que eu bebi ontem?

— Bem, vamos ver... Primeiro você me mandou um áudio enorme dizendo como estava feliz por ter saído pra beber. Depois você espalhou pra todo mundo do seu Instagram nos storys em como você estava feliz porque saiu para beber. Aliás, belos amigos italianos que você arranjou, não quer me passar o número de um deles?

Postei storys? Em que momento? Por que eu com certeza não me lembro.

Pedi para Manu esperar na ligação enquanto eu entrava no Instagram. Ver meus vídeos bebendo vários shots de tequila não foi nada prazeroso. Senti meu estômago embrulhar. Que merda, Milena. Que merda! Apaguei todos os vídeos postados e deixei apenas as fotos em grupo menos vergonhosas.

— Pelo visto se divertiu ontem!

— Eles são legais, mas me levaram pra beber em plena quinta-feira... Estou atrasada.

— Você está na rua ainda? Porque está um barulho aí...

— Estou dentro de uma cafeteria, preciso comer.

Manoela contou que ficou realmente preocupada depois de ver meu Instagram, então resolveu me ligar para checar se estava tudo bem. Achava fofo ela ser a mais nova da dupla e também ser a mais preocupada. A nossa relação de amizade sempre foi assim, cada uma se importando com a outra, mesmo separadas por um oceano.

Enquanto ouvia as atualizações da semana de minha amiga, passei no caixa e fiz o meu pedido. Nada melhor que eu café expresso e um salgado de manhã. Esperei por mais dez minutos até escutar meu nome ser chamado pela atendente. Quando estava prestes a sair da cafeteria, ouvi meu celular apitar. Era uma ligação em espera da Myos.

Estalei meus olhos, desesperada, avançando em direção a calçada. Foi quando, sem querer, esbarrei num homem alto que reclamou da colisão. Só depois que notei a mancha de café pela calçada. Escutei alguns murmúrios saindo de sua boca em uma língua que eu não conhecia.

— Milena, o que aconteceu?! — disse Manu ainda em ligação comigo.

— Acabei de derrubar o café de um desconhecido. Cara, hoje não é um bom dia!

Olhei para o homem e ele parecia furioso ao me encarar. Um homem furioso e muito bonito, por sinal. Fiquei sem saber o que fazer, pedindo desculpas sem parar, até me tocar que ele poderia ser italiano.

— Como é desculpas em italiano, mesmo?

Mi dispiace.

Repeti a frase pelo menos cinco vezes antes de sair correndo pela rua, tentando equilibrar o celular na orelha, a bolsa no ombro esquerdo e o café na outra mão.

Belo dia.

Pov. Namjoon

As pessoas não tem mais educação hoje em dia? O que acontece com os italianos que acham que são os donos do mundo?!

A minha raiva só parou por alguns instantes, que foi no exato momento em que encarei a mulher negra em minha frente. Seu rosto assustado me fez parar de xingar o universo em coreano, por estar conspirando contra mim. Perdi a fala analisando seu corpo coberto por um vestido vermelho justo, e que corpo... Ouvi ela falar algo no telefone, parecia ser outra língua que não identifiquei, ouvindo em seguida um "sinto muito" em italiano.

Fiquei desnorteado por alguns minutos, vendo a mulher correr para longe de mim, até olhar para minha camisa branca respingada de café e o resto dos meus vinte euros derramados no chão. Como sairia com essa blusa respingada assim?! Respirei fundo e voltei para o hotel cabisbaixo e ainda sonolento, já que o café que era pra ter me acordado foi derramado.

Hoje era para eu ter acordado cedo, porque tinha hora marcada no ingresso de um museu que eu estava ansioso para visitar. Federico me ajudou a comprar o ingresso pela internet e sugeriu outros destinos, mas eu realmente queria ir ao museu. Parecia uma criança ansiosa para sair.

Troquei de camisa o mais rápido que eu pude e chamei um táxi para chegar mais rápido ao museu. Eu não perderia isso por nada!

Com Amor, K.Onde histórias criam vida. Descubra agora