1 • O erro

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⚠️ IMPORTANTE! ⚠️
Já aviso de antemão que nesta fanfic feromônios não terão relevância alguma e provavelmente nem serão citados.
A "marca" aqui será chamada de "ligação" e não é formada por uma mordida, mas sim em um momento importante para o casal.
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Akaashi Keiji nunca cometia erros graves.

Nunca deu trabalho quando criança, sempre foi bom na maioria das matérias - principalmente literatura - e ficou entre os três melhores colocados quando fez a prova para sua faculdade dos sonhos.

Bom, talvez alguma vez ele tenha sido sincero, como crianças são, ou errado algumas contas no seu tempo de escola, ou queimado a comida algumas vezes quando se mudou para o alojamento da faculdade. Mas esses eram erros corriqueiros.

Ele precisava ser perfeito para compensar a má sorte que teve ao nascer um homem ômega.

Setenta por cento da população mundial era composta por betas, vinte por cento de alfas e dez por cento de ômegas, porém dentro desses dez, apenas vinte e cinco por cento eram homens ômegas.

Por estar nessa parcela tão minúscula e menosprezada da sociedade, foi ensinado desde criança que se cometesse erros, sua vida seria ainda pior. E ele foi perfeito... até o único dia que se permitiu relaxar um pouco e aconteceu o evento que viraria sua vida de cabeça para baixo.

Agora, duas semanas depois desse dia, ele estava trancado na cabine do banheiro de uma farmácia, encarando as duas linhas vermelhas na fina haste de plástico, também conhecida como o teste de gravidez mais barato do mundo.

Akaashi respirou fundo, levantou-se do assento da privada e destrancou a porta. Do lado de fora estava Kozume Kenma, que rapidamente guardou o celular no bolso e encarou o amigo. Seus olhos o vasculharam por inteiro antes de perguntar:

- Então?

Akaashi apenas entregou o objeto para ele e começou a juntar suas coisas, que estavam sobre o lavabo do banheiro.

- Merda - foi a resposta dele entre dentes.

Akaashi acabou de recolher seus pertences e foi na direção da porta do cômodo, depois atravessou o estabelecimento até a saída. Kenma vinha logo atrás, resmungando indignado com o que tinham acabado de descobrir.

- Como isso foi acontecer? Você mal sai do alojamento, a última vez foi há duas semanas para aquela maldita confraternização dos calouros. Foi nessa noite, não foi? - Ele parou por míseros segundos, talvez para respirar. - O que você vai fazer agora? Acabou de conseguir um emprego decente, mesmo que seja em uma editora pequena... Ei, onde estamos indo?

Kenma finalmente tinha se dado conta, depois de talvez dez minutos caminhando, que já estavam longe da farmácia, atravessando um longo gramado que levava até um dos prédios da faculdade.

- Eu tenho aula em dez minutos - Akaashi respondeu sem diminuir o passo.

- O quê? Como assim você "tem aula"? Acabou de descobrir que está grav...

- O que quer que eu faça, Kenma? - Virou-se bruscamente, fazendo o amigo dar um passo para trás em reflexo, sua voz tinha se alterado e Kenma tinha uma expressão assustada por conta desse fato raro. Ao perceber que tinha elevado seu tom, Akaashi respirou fundo novamente e continuou: - Não tenho como mudar o que aconteceu, mas vou me formar em um mês, portanto não posso perder aula. Então, sim, eu vou assistir a uma aula de literatura agora.

Akaashi deu meia volta e retomou sua caminhada pelo campus, mas Kenma ainda estava muito inquieto sobre tudo aquilo.

- Vai simplesmente ignorar o que acabamos de descobrir?

- Talvez eu ignore - disse, virando-se novamente e encontrando Kenma ainda mais confuso. - Por dois motivos: um, porque surtar não vai me ajudar em nada, assim como não está te ajudando e, dois, é tão chocante que nem mesmo eu acredito ainda.

Ele checou seu relógio no pulso e voltou outra vez a sua apressada caminhada para o prédio, que agora estava a alguns metros de distância. Kenma, perdido em seus pensamentos, continuou seguindo-o, alheio às suas ações, pois o prédio do seu curso ficava em uma repartição um pouco longe dali.

- E o outro pai? - Perguntou enquanto subiam as escadas para o segundo andar. - Você lembra dele, não é?

- Sim, eu me lembro.

- E quem é?

- Um dos calouros do curso de administração. Se eu tiver sorte, nunca mais vou precisar vê-lo de novo.

Seria realmente algo raro eles se esbarrarem em uma universidade tão grande e com seus cursos sendo tão divergentes. Até agora, Akaashi ainda não sabia muito bem como o grupo de calouros que estava acompanhando tinha se encontrado com o dele naquele maldito bar.

- Mas você precisa contar para ele.

- Por que, Kenma?

- Se ele está fazendo administração, talvez os pais dele sejam donos de alguma empresa, ou seja, pelo menos um pouco de dinheiro você, por direito, pode tirar deles.

Akaashi parou na porta da sala e encarou Kenma que ansiava por uma resposta.

Dinheiro sempre era bem vindo, ainda mais quando se está prestes a se formar e logo, logo precisa encontrar um novo lugar para morar.

Ele respirou fundo e segurou os ombros de Kenma com as duas mãos.

- Vou pensar no caso. Agora tenho que ir, te vejo hoje à noite no alojamento.

Depois de revirar os olhos e concordar mesmo a contragosto, Kenma seguiu pelo corredor e desceu as escadas, sumindo do campo de visão de Akaashi.

Ele, então, voltou-se para o interior da sala e dirigiu-se para um dos diversos assentos disponíveis no local. O professor já estava ali, ajeitando o projetor para apresentar slides na lousa, preparado para discursar durante uma hora e meia sobre literatura clássica japonesa.

Akaashi conseguiu prestar atenção durante os primeiros vinte minutos, depois sua mente começou a vagar nas memórias da noite de duas semanas atrás, então no mal estar que passou a sentir nos últimos dias, que pensou ser apenas estresse pelo fim da faculdade, e então a revelação descoberta minutos atrás.

Estava grávido.

Refúgio - BokuAkaOnde histórias criam vida. Descubra agora