8 • A tradição

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— Bokuto-san, espera — Akaashi protestou depois de ser arrastado para fora do chalé.

Ele sempre mantinha um tom de voz calmo, paciente, no entanto, agora tinha sido rígido, o que fez com que Bokuto parasse e se virasse já preocupado com o que pudesse ter feito de errado.

Porém, ao contrário do que esperava, não encontrou nenhum vestígio de raiva nele como seu tom sugeria, Akaashi estava apenas um pouco ofegante, mesmo que só tivessem corrido alguns metros.

— Eu vou cair se não amarrar os tênis — explicou, sua mansidão voltando a voz.

— Oh, desculpa — ele soltou seu pulso e Akaashi se abaixou para arrumar os sapatos. — Eu fiquei muito animado que você aceitou vir comigo e esqueci que existem coisas como cadarços. Você está bem, não está? Eu te puxei muito forte?

— Estou bem — respondeu já de pé —, não se preocupe.

— Que bom — suspirou aliviado.

— Podemos ir agora. Andando.

— Claro — sorriu e, um ao lado do outro, eles seguiram.

Era fascinante, pensou Akaashi, como situações mudavam tão rapidamente. Momentos antes ele estava fazendo aquele mesmo caminho sentindo-se completamente sufocado e agoniado, agora se sentia livre e confortável novamente. Talvez fossem as pessoas.

Como de costume, não demorou muito para que Bokuto começasse mais um de seus discursos:

— Acho que já disse que estou muito feliz por você vir comigo, não é?

Akaashi começou a abrir a boca para responder, mas não teve tempo, pois, afinal de contas, Bokuto não estava realmente querendo uma resposta. Era mais uma de suas conversas unilaterais, mas Akaashi não se incomodava, pelo contrário, sempre achava interessante como seu fluxo de pensamentos funcionava.

— Bom — ele continuou —, é que é algo muito importante para mim. Na verdade, para mim e meu amigo. Nós sempre fazemos isso quando estamos irritados ou com raiva de algo. — Então, subitamente, ele suspirou, virou-se e segurou os ombros de Akaashi, parecendo se lembrar de algo muito importante e causando um pequeno espanto no outro. — Você vai conhecer meu amigo! Meu melhor amigo!

Akaashi sentiu seu coração começar a bater mais rápido e sua respiração não estava mais completamente sob controle. Depois do ocorrido no mercado, ele não tinha mais certeza se queria conhecer qualquer outra pessoa na vida.

— Bokuto-san... — o medo em sua voz era notável, causando estranhamento no outro rapaz — eu... eu não sei se... — desviou os olhos na direção do chalé e engoliu em seco — se quero ir mais.

— Por quê? — Seu tom melancólico fez Akaashi voltar seu olhar para ele e encontrar os costumeiros olhos tão cheios de alegria agora tomados por tristeza e confusão.

— E se seu amigo pensar do mesmo jeito que as senhoras no mercado?

— Ele não pensa — respondeu rápido e convicto, olhando fundo nos olhos de Akaashi.

— Como sabe?

— Conheço ele desde o fundamental, somos praticamente irmãos, tenho certeza de que ele não pensa assim, mas se ele disser qualquer coisa que possa te ofender, juro que vou ser o primeiro a socar a cara dele.

— Faria mesmo isso?

— Sim! — Eles passaram alguns segundos se encarando até que o olhar de Bokuto foi perdendo a convicção de antes. — Bom... na verdade, eu não sei direito, porque gosto muito dele, então não sei se conseguiria bater nele, mas se ele dissesse alguma coisa ruim para você, seria... chocante e eu ficaria muito chateado. Mesmo assim, tenho bastante certeza que nada de ruim vai acontecer, você vai gostar. Vem comigo?

Refúgio - BokuAkaOnde histórias criam vida. Descubra agora