17 • A ligação

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Toda a adrenalina e força que manteve o corpo de Akaashi tenso e acordado durante aquelas horas de agonia, agora tinham ido embora. No lugar, a exaustão deixava seus músculos anestesiados, quase dormentes, e suas pálpebras pesadas de sono, mas essas eram suas menores preocupações.

Hoshi dormia tranquilamente em seus braços e Akaashi não conseguia desviar os olhos dele nem por um segundo. Acariciando levemente cada parte daquele rostinho com o toque suave da ponta dos dedos, já havia mapeado cada um dos detalhes que tornavam ambos tão semelhantes.

De tempos em tempos, quando se desprendia dos encantos do pequeno e percebia que tudo isso tinha de fato acontecido, que realmente estava segurando seu filho nos braços, uma alegria tremenda o preenchia e era impossível não esboçar um sorriso, mesmo que mínimo.

Finalmente Akaashi se sentia pai. Todo o conflito interno que carregou durante aqueles meses, o incômodo que a culpa causava sempre que era chamado de pai e não conseguia se entender com aquele título, simplesmente iam indo embora a cada minuto que passava observando o movimento sutil e contínuo do peito de Hoshi conforme respirava.

Duas batidas à porta conseguiram tirar Akaashi da hipnose em que estava e, quando soube, mesmo antes de olhar, quem era, uma sensação de conforto completamente diferente de todas as outras já sentidas antes desta noite acendeu em seu peito.

— Oi — Bokuto disse meio baixo, parado na soleira da porta e com sua postura levemente tímida.

— Olá — Akaashi também não respondeu muito alto.

— Minha mãe disse que vai esperar a sra. Maki lá embaixo e me mandou ficar aqui com você para caso precise de algo — ele explicou. — Posso entrar?

— Claro, sente-se aqui — Akaashi indicou o lugar à sua esquerda na cama e ele foi mais que depressa.

Bokuto se aconchegou sob as cobertas, ao lado de Akaashi, e também não demorou para cair nos encantos do pequeno que ainda dormia tão sereno.

Para Akaashi, foi impossível não reparar como era surpreendentemente belo o brilho nos olhos de Bokuto ao observar o menino em seus braços.

— Ele é tão pequeno — comentou Bokuto, com a atenção completamente focada em Hoshi — e se parece tanto com você.

— Quer segurá-lo? — Perguntou Akaashi.

— Posso? — Ele levantou o olhar espantado para encará-lo. Bokuto estava animado com a ideia, mas também meio receoso.

— Claro — assentiu, fazendo os músculos tensos do rosto dele relaxaram. — Sente-se como for mais confortável — Akaashi começou a instruí-lo —, agora deixe seu braço assim como o meu, isso, e o outro por baixo, assim mesmo.

No momento em que o recebeu em seus braços, Bokuto ficou paralisado, esperando Hoshi acabar de se remexer e se acostumar com o novo colo.

— Acha que ele gostou de mim? — Bokuto sussurrou, ainda com medo de fazer algum movimento que pudesse acordar o menino.

— Sim, olhe como ele parece confortável.

Foi então, nesse instante, que Hoshi se mexeu levemente, apertando um pouco mais as mãozinhas e esboçando um singelo e muito rápido sorriso.

— Você viu, Kaashi? Ele sorriu! — Disse Bokuto animado e fazendo um enorme esforço para conter os movimentos de empolgação e continuar o mais quieto que conseguia.

— Deve estar sonhando com alguma coisa.

— O que você acha que é? — Antes que Akaashi pudesse responder, ele já havia voltado a abaixar os olhos para o pequeno. — O que você está sonhando, Hoshi? Aposto que está brincando de algo. Mal posso esperar você crescer um pouquinho e a gente poder brincar juntos, amigão. Eu conheço várias brincadeiras...

Refúgio - BokuAkaOnde histórias criam vida. Descubra agora