O chalé agora parecia tão grande com Akaashi voltando a ser o único morador. Fazia pouco mais de uma semana que Kenma tinha ido embora e sua ausência ainda era um tanto incômoda. Mesmo que antes eles passassem horas em completo silêncio um ao lado do outro, simplesmente ter a companhia trazia o sentimento de casa.
Eles continuaram mantendo contato pelas mesagens, Kenma contando sobre como as coisas estavam sendo na nova empresa, sobre a volta bem sucedida das lives e também sobre a adaptação de Hanabi no ambiente novo. Para que essas conversas ocorressem Akaashi tinha que ir até o café para conseguir um sinal decente de internet, e, em um dia que não se agasalhou o suficiente, ele acabou ficando exposto aos ventos frios quando voltava para o chalé e não demorou muito para começar a sentir alguns sintomas de resfriado.
No sábado pela manhã, Akaashi ligou para o mercado, encomendando algumas coisas para que pudesse fazer uma sopa e a sra. Bokuto não deixou de notar que a voz do rapaz estava um pouco diferente, mais anasalada. Quando Akaashi contou que estava resfriado, a mulher começou a fazer um milhão de perguntas bastante preocupada e, mesmo ele dizendo que não precisava de todo aquele alarde, ela disse que ligaria para sua amiga, a médica, para perguntar o que poderia ajudar e logo mais Bokuto estaria lá com tudo.
Dito e feito, uns quarenta e cinco minutos depois que a ligação foi encerrada, Akaashi ouviu batidas à porta. Então, ele se levantou da mesa onde estava trabalhando e foi atender a visita.
Abrindo a porta de correr, lá estava Bokuto. Ele vestia um enorme casaco que estava coberto de respingos d'água. Em uma das mãos segurava um guarda chuva todo encharcado por conta do tempo que ficava mais forte a cada minuto, e na outra tinha umas sacolas com provavelmente tudo que havia pedido e até coisas a mais.
— Oh, você usa óculos — falou animado, reparando no rosto de Akaashi assim que ele abriu a porta. — Nunca tinha te visto com eles.— Sim, mas não gosto muito, então, costumo usar só para leitura — levou a mão até eles para tirá-los.
— Não, não — Bokuto o impediu que fizesse, levando desajeitadamente uma mão para colocá-los de volta no lugar —, ficam tão bem em você, deveria usar mais.
— Certo — Akaashi sentiu seu rosto ruborizado de leve e agradeceu mentalmente que poderia culpar o resfriado —, obrigado.
Desde a noite do festival em que compreenderam seus sentimentos, eles ainda não haviam verbalizado o quanto apreciavam a presença um do outro, mas isso não era um problema, o momento certo chegaria. Enquanto isso, eles continuavam tendo a mesma facilidade para conversar, nada parecia ter mudado, talvez apenas aproveitavam melhor os momentos juntos por finalmente entenderem o que sentiam.
Um vento frio e inesperado soprou contra eles, levando embora quase todo o calor do chalé e de seus corpos. Akaashi se encolheu ao lado da porta e fechou os olhos ao sentir gotículas de água carregadas pelo vento contra o seu rosto.
— É melhor entrarmos — disse Bokuto — ou você vai acabar piorando.
Akaashi assentiu, fungando o nariz que começava a voltar a escorrer e não demoraram para fechar a porta na intenção que o ar de dentro pudesse voltar a esquentar.
— Minha mãe mandou vários legumes para fazermos uma sopa — Bokuto começou, avaliando o conteúdo das sacolas —, vários tipos de chá, já que a doutora disse que seria muito arriscado você tomar algum remédio, então eles vão ajudar caso sinta alguma dor ou desconforto e, por último, bastante gengibre, porque, aparentemente, ajuda a recuperar.
― Obrigado ― Akaashi agradeceu sereno, a voz meio rouca, e foi se sentar encolhido no sofá.
― O que estava fazendo? ― Perguntou enquanto deixava as compras sobre a mesa e reparou no notebook aberto ali ao lado.
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Refúgio - BokuAka
Fiksi PenggemarAkaashi Keiji nunca cometia erros, mas apenas uma noite de relaxamento foi necessária para que toda a sua vida fosse virada de cabeça para baixo. [BokuAka - ABO] Fanart por: ZandraArt (Tumblr)