Em certo momento da noite, Akaashi despertou levemente de seu sono por conta de um pequeno desconforto. De início, pensou ser apenas pela posição em que estava, mas quando o incômodo não passou, mesmo depois de um tempo, e sim começou a aumentar, ele sabia que algo estava errado.
Akaashi notou que a dor não era constante, era esporádica e se instalava na região da lombar e embaixo da barriga. Seriam... contrações? Não! Não podiam ser! Fazia apenas alguns dias que Akaashi tinha entrado no oitavo mês e nenhum acidente tinha acontecido para acarretar em um parto prematuro.
Mas eram, ele sabia disso. Nesse caso, se realmente estava em trabalho de parto, precisava de ajuda, precisava ligar para alguém... Bokuto. Foi a primeira pessoa em quem pensou. Então, com muita dificuldade, ele se levantou do futon e, usando as paredes como apoio, caminhou até a sala onde seu celular estava.
Ou ao menos tentou ir até lá, pois mais uma onda de dor o obrigou a parar e ficar abaixado ao lado do batente da porta, tentando se concentrar em manter a respiração controlada. Nada daquilo estava fazendo sentido.
Akaashi, sempre muito prudente, já havia feito diversas pesquisas sobre a hora do parto, a maioria delas dizia que não era como nos filmes, as coisas não aconteciam tão depressa, então, por que ele estava tendo contrações tão fortes em poucos minutos?
― ...ashi? ― Alguém chamou da porta de entrada.
Mesmo que mal tivesse escutado, tinha certeza que era Bokuto, simplesmente sabia. Mas por que ele estava ali se Akaashi ainda não havia telefonado a ninguém?
Escutou passos e, conforme se aproximavam, alegria e alívio preenchiam seu corpo na mesma intensidade em que as dores aumentavam. Ele se encolheu mais contra a parede e ainda se esforçava para respirar corretamente.
― Kaashi! ― Bokuto chamou mais uma vez, já próximo o suficiente e abaixado ao lado dele.
Akaashi levantou o rosto. Estava escuro, apenas a fraca e fria luz da lua clareava minimamente o ambiente, ainda assim, ele encontrou o brilhante e preocupado olhar do rapaz.
― O que está acontecendo? ― Perguntou Bokuto, levando uma mão ao rosto de Akaashi.
― O bebê... ― a dor o consumiu mais uma vez ― vai nascer.
― O quê?! Agora?! Mas ainda não falta um mês?!
― Sim... ― respirou fundo e trincou os dentes esperando conseguir aliviar o desconforto ― também não entendo.
― Sangue, Agaashe!
― Sangue...?
Por conta da dor, ele não tinha notado, mas agora que ela havia suavizado um pouco, Akaashi sentiu um líquido quente escorrendo pela parte interna de suas pernas, manchando sua calça. E, desta vez, era desespero que tomava conta de seu corpo.
― Não! Não, não, não... ― lágrimas começaram a escorrer pelo rosto de Akaashi. Aquilo não podia estar acontecendo. Não depois de tudo, depois de tanto tempo... não podia perdê-lo sem ao menos conhecê-lo. ― Meu bebê, Bokuto-san... por favor...
Bokuto estava em choque. Akaashi era, definitivamente, a pessoa mais centrada e calma que ele já conhecera na vida. A única vez que se lembrava de tê-lo visto tão abalado, foi quando se espalharam os boatos sobre ele, mesmo assim, de alguma forma, Akaashi ainda parecia mais forte naquela época do que agora.
Bokuto sentia as mãos trêmulas de Akaashi segurando firme as mangas de seu moletom, via o azul esverdeado tão apaixonante de seus olhos carregados de lágrimas, medo e preocupação e ele entendia que Akaashi implorava ansiosamente por ajuda.
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Refúgio - BokuAka
أدب الهواةAkaashi Keiji nunca cometia erros, mas apenas uma noite de relaxamento foi necessária para que toda a sua vida fosse virada de cabeça para baixo. [BokuAka - ABO] Fanart por: ZandraArt (Tumblr)