23 • O sonho

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Quando chegou a hora de se despedir do chalé, Akaashi não sentia necessariamente tristeza.

Parado ao pé das escadas da frente, tinha atravessando o peito somente a alça da única mala na qual levava as poucas coisas que realmente eram suas, ele se virou e, olhando para a fachada da casa, o que sentia mesmo era nostalgia dos bons momentos vividos ali.

Sempre se lembraria das pessoas que havia recebido, das noites de culinária com Bokuto, do mês que teve a companhia de Kenma e das conversas que tiveram, das várias manhãs em que acordou e Bokuto e Hoshi estavam logo ali. Sempre guardaria isso.

Assim, com muitas outras memórias voltando a sua mente, ele se inclinou suavemente em gratidão por toda a proteção que um dia aquele lugar lhe tinha proporcionado.

Obrigado.

Bokuto esperava um pouco mais atrás, já na estrada que levava para a cidade, brincando com Hoshi no canguru preso ao seu corpo. O carinho e amor que sentiam um pelo outro sempre transbordava em seus olhares. Quando Akaashi se aproximou, Bokuto lhe deu a mão e, assim, seguiram.

— Lembra quando fizemos este caminho pela primeira vez? — Perguntou Bokuto voltando o olhar para Akaashi.

— Sim — ele sorriu com aquela memória tão agradável. — Lembro também que você não ficou quieto um segundo.

— Você deve ter me achado completamente irritante — ele soltou um riso fraco, inseguro, e desviou o olhar para o chão.

— Eu achei fascinante.

Akaashi viu o rosto de Bokuto ganhar um tom rosado e ele o olhar pelo canto do olho com um sorriso tímido. Era simplesmente adorável.

Akaashi, então, aproximou-se mais de Bokuto, segurando firme a mão dele e pensando em como amava quando conseguia deixá-lo sem palavras.

*

A adaptação de Hoshi e Akaashi na casa dos Bokuto correu tão bem quanto eles esperavam.

No dia em que chegaram, Bokuto fez questão de mostrar tudo na casa — principalmente cada objeto de seu quarto. Akaashi ouviu com atenção cada palavra, curioso para conhecer todos os detalhes da história de Bokuto.

Eram muito raras as ocasiões em que Bokuto sentia que estava incomodando por falar muito, porque ele também raramente percebia que estava fazendo isso. Mas depois de Akaashi ter elogiado essa sua característica mais de uma vez, ele não segurava nenhum de seus pensamentos, simplesmente deixava fluir e ficava ainda mais animado quando Akaashi fazia perguntas demonstrando interesse em tudo que ele estava falando.

Nos primeiros dias após a mudança, a sra. Bokuto fez questão de fazer companhia para Akaashi enquanto o filho trabalhava para ter certeza que ele não teria outro ataque de pânico se ficasse sozinho. O que felizmente não aconteceu.

Talvez fosse porque o lugar não remetia coisas ruins a Akaashi, ao contrário, era ali que seu filho tinha nascido. Todo o trabalho de parto tinha sido agoniante e cansativo, mas extremamente compensador quando ele, enfim, teve Hoshi em seus braços.

Mesmo assim, depois de muitas conversas, a sra. Bokuto conseguiu convencer Akaashi a fazer pelo menos algumas sessões de terapia para que isso não se tornasse algo muito pior no futuro.

A rotina de Akaashi não mudou muito, ele continuava passando grande parte do dia trabalhando, enquanto também cuidava de Hoshi que cooperava bastante por dormir grande parte do tempo ou ficar brincando com chocalhos e mordedores ao lado de Akaashi.

Depois de um mês da mudança, vendo como Akaashi estava bem, Bokuto conseguiu viajar para o campeonato de vôlei da escola sem nenhuma preocupação. Porém, depois de sua volta, algo nele estava diferente.

Refúgio - BokuAkaOnde histórias criam vida. Descubra agora