Abrigo - Especial KuroKen

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Era para ser apenas uma viagem na intenção de visitar Akaashi. Um mês de férias entre o término da faculdade e o início de seu novo emprego. Uma pausa das lives diárias enquanto algumas reformas eram feitas no canal. Apenas isso... mas Kuroo aconteceu.

Só pensei que já tinha te visto em algum lugar. Uma abordagem tão simples que Kenma com certeza o teria esquecido em minutos se não fosse por sua insistência.

A conversa deles fluiu tão bem naquela noite quanto em todos os outros dias que se seguiram.

Seus encontros aconteciam ao acaso, às vezes quando Kenma ia ao café no centro da cidade para checar suas redes sociais e assuntos da empresa ou quando saía para ir ao mercado comprar algo que Akaashi havia pedido e eles acabavam fazendo uma parte do caminho de volta juntos.

A única vez que planejaram se encontrar foi quando combinaram uma noite de jogos na casa de Kuroo. Bokuto e Akaashi também estavam lá, as risadas e diálogos sempre tinham um conforto tremendo, não fazia diferença há quanto tempo se conheciam. Mas, em algum momento e de alguma forma, eles sempre acabavam se dividindo em duplas — Bokuto e Akaashi, Kuroo e Kenma — e se perdendo em universos particulares.

Como agora que o que Kuroo falava tinha prendido Kenma em um transe tão profundo enquanto eles seguiam caminhando pelas ruas do festival de inverno, que Kenma nem sabia a quanto tempo Akaashi e Bokuto tinham sumido.

— Devem ter ido procurar algum lugar para assistirem aos fogos — disse Kuroo, também só notando agora que não estavam mais sendo seguidos.

— E nós não vamos atrás deles, não é?

— Acho que eles terem ido sem dizer nada é um sinal de que querem um tempo sozinhos — não tinha nenhum ressentimento em sua voz, pelo contrário, seu sorriso e olhar orgulhoso na direção de onde tinham vindo transpassaram alguma espécie de alegria.

— O que fazemos agora? — Kenma perguntou cruzando os braços e apertando contra o peito o gato de pelúcia que havia ganhado.

— Vamos ver os fogos também, mas eu tenho certeza que consigo arranjar um lugar mil vezes melhor do que qualquer buraco que aqueles dois tenham se enfiado.

— Já disseram que você é convencido? — Kenma não disse isso na intenção de ofendê-lo, era apenas uma sutil provocação.

— É meu elogio favorito — ele sorriu e Kenma balançou a cabeça para tentar disfarçar a suave curvatura que seus lábios também tinham formado. — Vamos.

Kuroo passou o braço pelo ombro de Kenma e o conduziu por algumas ruelas até pegarem uma trilha não muito bem feita comparada às diversas outras que aquela floresta tinha.

Eles não precisavam conversar o caminho todo, silêncio nunca foi um problema para Kenma e também não parecia incomodar Kuroo. De vez em quando, apenas trocavam algumas palavras de aviso para tomarem cuidado com algum galho ou com o declínio do terreno.

Ao fim da caminhada, eles se encontravam no topo de um morro. Kenma se aproximou mais da beirada e conseguiu ver grande parte da cidade e do evento lá embaixo. Um pouco mais ao lado, também conseguia ver mais da floresta e uma parte de algo que parecia um lago. Por fim, acima deles, estava uma grandiosa lua enfeitando o céu com a ajuda de dezenas de estrelas tão lindas quanto.

— Costumo vir aqui sempre que posso para observar as estrelas — disse Kuroo com um tom ameno, não querendo interferir na quietude plena que o local trazia.

— Nunca entendi direito porque as pessoas fazem isso — comentou Kenma, se sentando no chão ao lado do outro.

— Acho que existem vários motivos — Kuroo olhava para céu, enquanto Kenma observava a postura dele: os braços para trás, apoiando o corpo, e as pernas cruzadas.

Refúgio - BokuAkaOnde histórias criam vida. Descubra agora