RELUTANTE

capítulo sete.

ㅡ Por que tenho que ir na mesma viatura que você? ㅡ Pergunto enquanto Louis começa a dirigir, saindo do estacionamento da delegacia.

ㅡ Porque você não está acostumado com esse tipo de operação e sei que os outros policiais não teriam paciência com você. ㅡ Ele diz com o cenho franzido.

ㅡ Ah, ㅡ olho para ele ㅡ e você tem?

ㅡ Pode apostar que sim. ㅡ Ele não desvia o olhar da estrada ao me responder. E eu bufo, fingindo irritação.

Para falar a verdade, estou agradecido por ter vindo com ele. Louis é o delegado, e deve estar preparado e acostumado com esse tipo de operação. E para ser sincero, me arrependi no instante em que me ofereci. Sei que não me encaixo em rondas noturnas, muito menos em operações que envolvem criminosos. Nos meus quatro anos de polícia civil, nunca saí de dentro da delegacia. Louis de certa forma me instiga a me arriscar. Ao ver ele tão abalado por um caso como o de Kátia, me fez acreditar um pouco em Malik quando ele disse que Louis é um ótimo profissional. Além do mais, essa será uma distração que eu preciso, para não ir para casa e chorar por Aron.

Louis move o dedo e liga o rádio. Can't sleep love toca e eu batuco os meus dedos nas coxas. Louis me olha de soslaio, mas volta a atenção para a estrada ao entrarmos na rodovia. Ainda não me sinto confortável na presença dele, mas agora pelo menos é suportável.

Ele dirige por vinte minutos e vez ou outra pega o rádio da viatura para se comunicar com os outros policiais. Ouço atentamente as instruções que ele passa, sem que ele perceba. Louis é seguro do que diz, e sonho em um dia ter a auto confiança que ele tem.

Quando ele estaciona o carro, percebo que estamos em um beco. As outras viaturas que vêm atrás fazem o mesmo, estacionando logo atrás. A rua é pouco iluminada, só existem alguns postes de luzes amarelas iluminando o local, e sinto um frio na espinha. Louis parece perceber, pois desliga o carro e se vira para mim.

ㅡ Não iremos participar da invasão diretamente. Ficaremos aguardando caso precisem de nós. Não sei como vai ser, mas preciso que você me escute com atenção. ㅡ Ele diz calmamente e eu assinto. ㅡ Não faça nada idiota. Sempre respeite minhas instruções. Não fale alto. Não saia do meu lado. E se der merda, não se desespere.

Engulo em seco porque já estou me desesperando, mas assinto de prontidão. Saímos do carro e nos reunimos com os outros policiais. Melz está aqui, e faço de tudo para que ele não me note, não pretendo responder perguntas.

ㅡ Nathan, Joe e Ansel, vocês vão com a equipe do Melz. ㅡ Louis começa a dizer. ㅡ Vocês são os mais preparados caso haja uma troca de tiros. Rivera, Alex, Drake e Darrin, vocês dão cobertura pela rua de trás. Feyden, você fica de tocaia comigo e com Harry, em caso de alguma emergência.

Todos assente e começam a se dissipar pela rua. Olho para Louis com o cenho franzido.

ㅡ É só isso que fazemos? Ficamos escondidos aqui de tocaia? Achei que fosse mais divertido.

ㅡ Estamos dando reforços para uma operação policial, Harry. Quer diversão, vai ao parque no seu dia de folga.

ㅡ Você é tão sem educação. ㅡ Bufo e encosto em no muro chapiscado em frente.

Louis parece ignorar completamente a minha presença. Ele fica na rádio o tempo inteiro, trocando informações com o Melz. Por incrível que pareça está tudo calmo.

Calmo até demais.

Feyden caminha para o fim da rua para fumar um cigarro enquanto seus olhos permanecem em alerta.

ㅡ Como você se tornou delegado? ㅡ Pergunto baixo, mas o suficiente para que Louis ouça. ㅡ Você utilizou de alguma artimanha para conseguir o cargo?