capítulo dezessete

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O que vocês não me pedem chorando, que eu não faço sorrindo, não... pera.
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Não consigo acreditar que passei sete anos da minha vida com alguém tão terrível como Aron. Não consigo entender como eu não via quem ele realmente era quando estava com ele. As pessoas costumam dizer que a paixão cega, e eu percebo que sempre estive com uma venda no olhos. Por sete anos, por sete malditos anos. 

Aron não teve consideração comigo quando me abandonou no altar, me deixando apenas com um bilhete como resposta. Não teve escrúpulos quando levou Louis ao apartamento dele no dia do nosso casamento sem se importar em nada comigo. Não teve remorso em me trair por  meses, mesmo quando eu estava eufórico preparando o nosso casamento. 

Enquanto eu estava escolhendo o buquê, ele provavelmente estava na cama com um outro alguém. 

Não entra na minha cabeça que, mesmo depois disso tudo, ele ainda se acha no direito de interferir na minha vida, de me querer de volta, de pedir algum tipo de satisfação. Ele quebrou todos os presentes do nosso casamento, e ele sabia bem quais eram. Tenho certeza que foi ele. Tenho certeza que foi algum tipo de vingança por me ver com alguém, por eu ter superado nossa separação, por eu ter seguido em frente. 

Não aguento olhar para as minhas coisas destruídas… não consigo permanecer nesse apartamento.  Então me levanto do chão e vou até o corredor, me deslizando pela parede gelada, até que me sento de novo. Disse a Louis que estava em minha casa, e dei o número do meu apartamento, torcendo para ele venha.

Estou sem ar, estou com medo, estou tendo uma crise de pânico. Meu coração dói, minha mente gira, e meu corpo treme. 

Pensei em ligar para Liam e Niall, mas não sabia como contar isso a eles. Pensei em ligar para os meus pais e para Gemma, mas meu pai mataria Aron sem pensar duas vezes, e as duas ficariam histéricas, acabando por me deixar pior. Pensei em ligar para Zayn, ou Dean, ou Rony… ou qualquer um daquela delegacia, mas eu teria que me explicar. Eu teria que contar a minha história para que eles pudessem entender, e sinceramente, essa é última coisa que quero fazer agora. Eu só tenho Louis. Eu só posso contar com ele, porque ele sabe de tudo… ele me entenderia sem que nenhuma palavra sequer saísse da minha boca. 

Minha cabeça dói tanto, e minhas lágrimas descem tão rapidamente, que sinto-as molhando as minhas coxas quando abaixo a cabeça. Só quero desaparecer. Só quero voltar no tempo e nunca ter conhecido Aron. Só quero esquecer de tudo. Mas sei que não consigo. São escolhas que eu fiz que me acompanharão pelo resto da minha vida. 

Está gelado, e a luz do corredor está piscando, como se estivesse com mal contato. Observo o chão, à medida que conto quantas vezes a luz pisca e reflete no chão de cimento queimado. Não é constante… apenas pisca de vez enquanto, e eu vou contando. 

Vinte cinco… 

Tento controlar a minha respiração, enquanto mantenho as coxas firmes em meu peito, abraçando meu corpo, buscando algum tipo de conforto. Estou sozinho e estou com medo… 

Vinte seis… 

Eu não odeio Aron. Se eu disser que o odeio, eu estarei comparando ele a Louis. E o que eu sinto por Aron agora, nem se compara com o que eu senti por Louis. Nem quando eu o odiei o máximo que pude. Nem assim....
Eu não odeio Aron. Não é ódio… é muito, muito, muito pior que isso. 

Vinte e sete…

Quando eu achei que o pior já tinha passado, percebi que o pior ainda estava por vir. Não tenho muita coisa, e Aron fez questão de destruir as coisas que eu tinha. Ele sabe onde eu moro, ele sabe a minha rotina, ele sabe onde me encontrar e isso me apavora. Eu só queria que ele me deixasse em paz, que ele deixasse eu seguir a minha vida. Foi ele quem quis assim, foi ele quem tomou a decisão por nós. Foi ele, não eu. 

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