[Narrado por Luka]
Após conseguirmos nos trocar, saímos da cabana e já encontramos Carlim em frente à porta esperando. Ela já avisou que só iria nos mostrar o local e iria nos levar até o anfiteatro montado por eles. Ela nos mostrou onde seria preparada a comida, nos mostrou as cabanas, os jardins, os macaquinhos saltando pelas cercas, o que era muito fofo, e a área de atividades e treinos, onde Marcelo iria nos colocar uma coleira e nos treinar como cães de guarda. Engolimos em seco. Logo ela nos levou para o anfiteatro.
O anfiteatro era uma estrutura média feita de pedra, que coube perfeitamente todos os alunos e tutores. O terreno do acampamento inteiro era um grande campo plano, e o anfiteatro estava abaixo da linha contínua da superfície, sendo construída no subterrâneo, mas sem teto, completamente livre e aerada. Descemos as escadas e escolhemos um lugar aleatório nos assentos sobrepostos diagonalmente. Marcelo já estava lá conversando com um dos tutores. Alguns eu já conheço, sendo Diractre, e outros ainda não. Só não vi Otávio ainda. Duvido que o pai dele o deixe faltar a isso. Ele provavelmente seria obrigado a vir. Se ele não veio agora, deve vir depois.
Marcelo apenas nos contou sobre aquilo tudo e disse que era um projeto experimental ainda, e espera que possamos colaborar. Seriam doze dias apenas, já que seriam duas semanas de férias, mas ele jurou que nos divertiríamos. E sim, a coisa está sendo divertida.
Marcelo: — A primeira atividade será... Quente.
Hum...
Marcelo: — Escalada. — todos os alunos se entreolharam rindo. Realmente parecia divertido.
Marcelo: — Otávio está cuidando da área separada onde estes equipamentos foram montados, e está nos esperando lá. Para esta atividade, quero que vocês selecionem dois integrantes do grupo de vocês.
Sandra: — Trepei em árvores minha infância toda. Deixem comigo.
Joaquim: — Sou bom em escalar. Fugia de casa o tempo todo antes de vir pra esse país.
Diogo: — Eu sou bom em nada.
Eu: — Calma, Diogo. — ri e toquei o braço dele. — Você vai se dar bem em algo, tenha certeza. — ele ficou corado. Não está acostumado a ter alguém o incentivando o tempo todo da forma que eu faço.
Marcelo: — E outra... teremos três competições de luta com bastão oficiais. Os que ganharem a primeira, irão para a segunda fase em três dias. Os que sobreviverem, irão para a última fase em nove dias. Mas entre essas oficiais, vocês podem brincar e desafiarem uns aos outros em atividades. Vai ser legal ver vocês competindo. Escolham dois dos integrantes do grupo para a atividade oficial. Lembrando que as pontuações de trabalho em equipe são para a equipe, mas vocês também recebem pontuação individual, seja com atividades, seja com comportamentos. O que significa que vencer todas as atividades não significa que você ganhou o desafio inteiro. E não descartem a possibilidade de vocês duelarem contra os próprios colegas de cabana.
Joaquim: — Luka, você. Essa é sua, com certeza.
Diogo: — Com toda certeza. Você é rápido.
Juan: — Curti. Te faço companhia. Não é minha especialidade, mas eu me viro.
Thomas: — Parece que a que sobrar é nossa, Diogo.
Diogo: — Humpf...
Marcelo: — E escolham dois integrantes para... nossa, isso vai ser brincadeira de criança! — ele e os tutores riram. — Os tutores esconderam caixas surpresas pela mata. Cada caixa tem um símbolo diferente, e vocês precisam encontrar o correspondente à cabana de vocês. Não se preocupem em se perder, temos cercas em uma determinada distância, e vocês poderão utilizar habilidades de sobrevivência para se localizarem. Sejam espertos para notar as pistas. Se preparem para essa caça ao tesouro!
Thomas: — Ah, que legal! Parece ser legal, hein! — ele deu uma cotovelada no Diogo, que sorriu e se empolgou.
Diogo: — Cara, isso vai ser muito foda! Tô dentro! — ele coçou o braço. Desde o momento em que o bracelete se encolheu e deixou sua pele livre, ele tem sentido uma irritação ali, e estava bem vermelho.
Estou ansioso pra saber quem vamos enfrentar. Pode ser qualquer um, e pra ser justo eu vou deixar de lado minha força natural. Vou tentar usar uma pesagem específica para não parecer fácil demais.
Depois de Marcelo explicar mais algumas coisas, ele nos mandou pro almoço. Faz alguns dias que não tenho o banquete que meu organismo anseia, e comer da forma que eles permitiram que comêssemos foi revigorante! Era tudo preparado por apenas dois chefes de cozinha, e os dois eu conheço muito bem! Alexander e o menino retardadinho que chamam de Sushi. Um especialista em pratos salgados e o outro em pratos doces. Estava esplêndido! Logo após a refeição, ficamos espalhados pelos cantos olhando as coisas e admirando a paisagem. Uma tutora chamava os macaquinhos para perto e ajudava os alunos a se aproximarem pra fazer carinho neles. Luigi, obviamente, estava lá com um macaquinho passando de um ombro para o outro, o fazendo rir como uma criança. O macaquinho agarrou o cabelo dele e o bagunçou, fazendo os outros rirem. Esse garoto consegue se dar bem com qualquer criatura, e isso é incrível.
Conhecemos a área enorme onde seriam praticadas as atividades. Tinha piscina, e Guilherme ficou todo eufórico. Eu sabia que ele gostava de nadar, mas não sabia que ele amava tanto. Achei estranho, mas Diogo me explicou que Gui é muito fã de natação, e saber que haveria atividades na água o deixou animado. Soube que o gostoso até tem duas medalhas de natação de um clube que ele participou no passado, na qual ele se afastou depois que o pai morreu. Ele é um ótimo atleta, de acordo com o Diogo. Fiquei feliz em vê-lo tão animado por alguma atividade escolar.
Otávio estava lá, com a roupa de tutor, ajudando a montar a parede para escalar. Eles reservaram uma área enorme só para montar aquelas coisas todas, e isso só podia ser obra do Marcus mesmo. Só ele pra arrumar essas coisas tão rápido.
Depois daquele dia, nós nos reunimos no anfiteatro durante à noite, que era iluminado por uma fogueira lá no meio, ao lado dos tutores. Marcelo conversou mais um pouco conosco e parecia feliz. Nunca vi ele tão feliz na vida.
Miguel: — Ah... oi, Luka. — me assustei um pouco e me virei. Ele estava com as bochechas coradas e olhava para o chão.
Eu: — Oi, Miguel. Está bem?
Miguel: — Sim, sim. É que... não estou acostumado a dormir longe de casa... ainda mais com meus alunos. — ri baixinho e me aproximei dele.
Eu: — Qual é, professor! Eu não mordo. Mas bem que você queria, né? — dei uma cotovelada nele. Ele arregalou os olhos e ficou ainda mais vermelho. Ri mais um pouco ao ver aquela reação. — Tô brincando, calma. Ninguém vai te atacar enquanto dorme, eu prometo.
Miguel: — Não é isso o que temo. — ele suspirou profundamente.
Marcelo: — Miguel, pare de paquerar seus alunos e leve-os pra cabana. Já está ficando tarde.
Miguel: — O-o quê??? Cale a boca, Marcelo! — rapidamente ele entrou em uma postura defensiva e apontou para o amigo enquanto os outros riam. — Você é um idiota!
Marcelo: — Tá, tá. Bora! Vai, anda! — rosnando e resmungando, Miguel se afastou.
Miguel: — Vamos, pessoal. Diogo, Joaquim, Juan, Luka, Sandra e Thomas, hora de dormir. — rapidamente o segui.
É estranho pensar que vou dormir no mesmo quarto que meu professor e que meu ex-namorado. Mas dormir perto do Miguel é ainda mais assustador. A cama dele ficava bem perto da minha. É só eu olhar para cima enquanto estiver deitado que eu vou poder vê-lo o tempo inteiro. O mais estranho nem é isso, mas que eu vou ter que fingir estar dormindo o tempo inteiro, o que vai ser estranho e chato. Eu queria entender o motivo de o professor estar conosco, mas ele parecia ter captado nossa dúvida e já respondeu rapidamente. Cada cabana contará com um tutor, e é uma questão de segurança.
Eu: — Onde está minha irmã? — Miguel sorriu de canto e coçou a ponta do nariz, ficando corado outra vez ao me olhar.
Miguel: — Na mesma cabana do Luigi. Ela disse que ele se sentiria mais confortável se ela estivesse por perto, afinal ele não está acostumado a ficar distante da família. — Own, que fofo. Ela pensou nele. Significa que aquela ogra tem um coração.
Eu: — Ah, é verdade. Tê-la por perto vai permitir que ele durma em paz. — fiquei feliz em saber que Lui está se saindo melhor do que eu pensava. Ele esteve trabalhando muito duro para ajudar Anco, mas a partir de agora Carlim e ele não podem fazer mais nada, muito menos eu. Se algo de ruim rolar por lá, Mickael disse que avisaria de imediato.
Juan dormiu assim que deitou em sua cama, que também fica bem próxima à minha. Joaquim ficou um tempo brincando com os próprios dedos antes de apagar. Diogo, Sandra e Thomas sentaram-se na cama de Diogo e ficaram conversando e rindo baixinho, e até brincaram de briga-de-dedão, enquanto Miguel estava arrumando suas coisas, mas logo pegou um livro e sentou-se em sua cama para ler. Ele é inacreditavelmente fofo e atraente de óculos. Eu queria muito ser maior de idade para não parecer tão errado assim... mas... deixa pra lá. Me mantive quietinho no meu canto.
Era impossível me concentrar. O cheiro dos outros atormentava meus sentidos. Eu nunca dormi com tanta gente assim ao meu redor... no máximo dividi a cama com 1 pessoa por vez, e me acostumei a isso. Mas naquele momento o cheiro de hormônios masculinos na cabana era forte, exceto pela Sandra. Nunca senti o cheiro do perfume do Miguel tão potente quanto eu estava sentindo. Senti até mesmo o odor de seu shampoo! E posso jurar que é shampoo de bebê.
E se fosse apenas os odores do Miguel estava tudo bem, daria pra aguentar e me aquietar, mas Juan... Juan tem um cheiro tão... forte. Respirar o cheiro do Juan me faz sentir como se eu estivesse caminhando de olhos fechados pela mata. O suor dele... o cheiro de sua pele, de seu cabelo, de... de suas roupas... era um cheiro tão específico, que eu sei que não vou esquecer tão fácil. Juan cheira a hormônios jovens, de uma forma bem atraente. Não sei desde quando eu posso captar essas coisas, mas eu sinto cada pedacinho deles tão perto... mas tão... perto. As camas desses dois são muito mais próximas da minha do que as outras, e deve ser por isso que estes odores são tão fortes.
Eu: — Droga de olfato aguçado... — reclamei baixinho e tentei tapar o nariz, mas não adiantou muita coisa. Respirar pela boca trazia a mesma sensação. Foi impossível não pensar coisas... coisas não muito legais para se pensar num local cheio. Me senti quente. Tive que me tampar o mais rápido possível. O cheiro que já conheço veio forte contra mim... Joaquim. Eu conheço bem o cheiro dele, mas não da forma que estava acumulado naquela cabana. O suor dele é tão... específico. É gostoso senti-lo. Nunca pensei que eu iria assumir que ele é tão... atraente.
E Thomas... o mesmo perfume que ele usava quando namorávamos. Sua pele tem o mesmo cheiro, suas roupas também... até mesmo seu cabelo tinha o mesmo cheiro de que eu me lembro. Mas algo a mais estava ali... Uma força estranha que eu não conheço, algo másculo e hormonal. Todos esses meninos tem essa força jovem dominante, com esse cheiro forte e atraente. Será testosterona? Ou é apenas uma crise minha mesmo? Faz tanto tempo que Gui e eu não brincamos, que isso pode estar subindo à minha cabeça. Não posso negar que sinto falta das provocações nossas e do prazer que ele me dava na hora das brincadeiras. Pena que agora não tenho a quem recorrer.
O cheiro de Sandra também era específico dela, mas algo nela também estava em todas as garotas, só que mais forte por estarmos presos no mesmo cômodo. O cheiro dela é mais adocicado, mais suave, e também atraente. Ela não usava perfume forte, e o odor de seu sabonete veio ao meu olfato. Olhei para eles e pude vê-los todos de um forma diferente do que eu os via antes. Na escuridão, iluminados apenas pela luz que entrava pelas janelas e por duas únicas luminárias aos lados das portas da cabana, eu podia vê-los como presas se movendo e desviando a luz. Respirei fundo e olhei para Miguel sem mover nenhum músculo. Senti o cheiro dele... cheiro gostoso...Não consegui segurar meus impulsos e me excitei. Pus meu antebraço na frente da boca e o mordi para me forçar a ter calma. Sentia meus órgãos pulsando, e... e um fogo subia por meu corpo, principalmente entre minhas coxas. Miguel afastou as pernas, deixando-as livres e bem marcadas no short. Este homem é um tremendo gostoso, e eu não consigo controlar o que penso mais, e não sei o porquê...
Olhei para Juan... o cheiro de cada parte do corpo dele era bem específico dele. Ele não estava tampado, apenas abraçava seu cobertor com força. Seus pés estavam pra fora da cama e parte de suas costas aparecia pela parte levantada da blusa. Respirei fundo o cheiro dele e do Miguel e delirei no que eu conseguia ver do Juan... a mandíbula arqueada dele... o quanto sua pele escura e avermelhada parecia mordiscável e... macia. O porte daquele garoto fez algumas partes minhas tremerem com sensações esquisitas.
Ah... sensações... são tão deliciosas. Quase não me lembrava da última vez que senti tudo isso. Era lua cheia e eu estava iniciando uma adaptação a uma natureza que eu nem ao menos conhecia direito. Mas agora não se trata da lua. Esse gosto por sensações veio pra ficar dessa vez, e uma vontade enorme de provocá-los caiu sobre mim. Não sei se é por causa do caos da natureza ao meu redor, mas cada vez mais me sinto conectado ao meu lado astriano. E Juan me causou um divino tesão.
Joaquim: — Ainda acordado? — ele deitou-se o meu lado. Nem tinha percebido sua aproximação.
Ah, não... não chegue perto de mim... e logo o garoto mais safado entre esses aqui...
Notei que Thomas, Diogo e Sandra ainda estavam bem distraídos. Miguel estava em outra posição enquanto lia seu livro e nem conseguia mais ver seu rosto.
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ABOOH : Amores Sobre-Humanos
Romance[+18] O que você faria se descobrisse que não pertence ao lugar onde morou por toda sua vida? E se soubesse que o futuro de sua verdadeira casa está sendo ameaçado junto com toda sua família e você precisa fazer algo para salvar um de seus lares? Q...