CAPÍTULO 112: Saciedade

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[Narrado por Luka]


Depois do choque de energia terrivelmente potente que levei do bracelete do Diogo, que me deixou uma semana com o braço enfaixado, boa parte das minhas memórias voltou. Acho até que me lembrei de tudo... até porque as que eu não lembro, não vou saber se esqueci ou não, ou se já lembrei ou não. Eu só lembro das coisas que... que eu lembro, entende? Bom, nem eu.

Anco ter milagrosamente ressuscitado não me causou um choque tão grande, afinal eu já esperava que ele estivesse vivo de alguma forma. Eu sentia isso, eu sabia, e eu estava certo, como sempre.

Marcus: — Esteve calado por muito tempo. Quer falar sobre? — Sentou-se ao meu lado na calçada, bem em frente à minha casa. Ao fundo escutava-se Cass e Diogo gritando e brincando com Lupo e Darla pela varanda, correndo, rolando no chão e lutando com espadas de madeira. Me aconcheguei próximo ao Marcus e deitei a cabeça em seu ombro.

Eu: — Estou um turbilhão de sentimentos. Eu já disse que eu me lembrei de algumas coisas, mas não sei se completamente. E eu tava pensando aqui no... num amigo que eu tinha. — ele se aconchegou também e encostou a cabeça à minha, deitando-a sobre mim. — Leto, eu já falei muito sobre ele. Foi ele o cara que me ajudou na intervenção dos Jinni. Mas ele estava tão... diferente...

Marcus: — Diferente como?

Eu: — Orelhas pontudas, o rosto mais fino, mais ruivo que o normal, e muito bonito. Muito mais que o normal. Eu não o reconheceria pela aparência, mas meu coração sabia quem era só pelo que me fez sentir. Ele era muito atirado, mas era um bom homem. — suspiramos.

Marcus: — Talvez ele sempre tenha sido daquela forma, mas se apresentou de uma forma mais humanizada pra não te assustar. — assenti, concordando com ele. É entendível. — Mas sua percepção não-humana sempre notou as verdadeiras características dele, por isso seu subconsciente o interpreta dessa forma. Mas é só suposição.

Eu: — Mas faz sentido. — suspirei de novo. — Mickael vai ficar bem?

Marcus: — Vai sim. Está respirando melhor, está reagindo bem e poderá acordar em breve... eu espero. — levantei a cabeça e olhei pra ele com um meio-sorriso. Dei-lhe uma cotovelada e ri.

Eu: — O que tá rolando entre vocês dois, hein, garanhão? — ele riu. Só quis mesmo mudar de assunto para algo menos focado em mim. Ele também precisa conversar, mas claro que não vai se abrir completamente, como sempre faz. Ainda precisa confiar absurdamente em mim para se abrir da forma que eu quero que ele se abra... principalmente porque quero saber a história que o torna inconscientemente inimigo do meu pai. E não adianta negar. Eu sei que eles tem uma treta, por mínima que seja.

Marcus: — Nada... nada demais. — me olhou, mas não conseguiu ficar sem rir. — Cara, sei lá. Mickael é tão... uau! — rimos. — Ele é apaixonante. É o tipo de homem que me deixa como bobo, e... há algo que rola entre nós que é inexplicável.

Eu: — Você é casado, bonitão. Martha sabe disso? — desfez o sorriso. Parece que ela não sabe, mas duvido que ele tenha escondido isso dela. Apesar de casados, eles são melhores amigos. Ele nunca mente pra ela, dá pra notar isso pelo relacionamento que eles têm.

Marcus: — É... ela sabe. Ela sempre pergunta e eu sempre conto.

Eu: — E o que ela acha disso? — ele deu de ombros.

Marcus: — Ah, ela é sempre gentil, cê sabe. Parece que fica tranquila. Eu conto o que ele me faz sentir, conto quando eu o faço arrepiar, conto quando me excito do nada, e... ela parece compreender algo que nem mesmo eu ainda consigo entender. Isso não deveria acontecer, eu me casei com ela e sinto isso por ela. Mas... acontece com ele, e é muito diferente e intenso. Eu não sei explicar! — deu um soco em seu próprio joelho e respirou fundo, olhando pro céu.

Eu: — Talvez você o ame.

Marcus: — Não, não mes... — toquei o punho dele e ri, o interrompendo.

Eu: — Marcus, você já tá bem grandinho pra ter essa dúvida. Você ama ela e ama ele. Mas você tá confuso porque o conhece há pouco tempo.

Marcus: — Gran... me chamou de velho?! — ui, ele parecia ofendido. — Saiba que se eu fosse humano, eu teria uns vinte e alguma coisa, beleza?!

Eu: — Calma, não quis dizer isso. — ri.

Marcus: — Eu sou muito jovem, e também tenho minhas imaturidades. Não estou no auge da minha vida ainda, eu que tive filhos muito cedo. — cruzou os braços. Ele realmente ficou ofendido. — Não me chame de velho.

Eu: — Tá, tá. Foi mal, me desculpe. Mas... vai, se abra comigo. Eu sei que eu sou a única pessoa que te escuta de verdade. Você também sabe. Eu amo você e não vou te julgar pelas coisas da sua vida, a não ser aquelas relacionadas ao que você esconde sobre mim. — ele desmontou a pose indignada... se desmanchou todinho.

Marcus: — Mickael é uma delícia, eu quero beijar ele de verdade, sem precisar de uma desculpa pra isso. Mas eu sou casado, e não vou desrespeitar minha esposa assim. Eu já disse isso pra ela, e me sinto mal por ficar excitado com outra pessoa. Eu tô muito mal, mesmo não demonstrando. — seu olhar caiu, me deixando mal por ele. Acariciei seu cabelo e ele se aconchegou próximo a mim.

Eu: — Fale com ela de novo sobre isso. Diz que você se sente muito mal com tudo isso, e seja extremamente sincero. Ela vai estar do seu lado, e vocês vão ficar bem.

Marcus: — Mas esse não é o ponto que tá me fodendo por dentro.  — deu soquinhos em seu peito. — Eu levei anos pra me apaixonar pela Malía e me casar com ela. Me apaixonei por aquele médico super intelectual e excitantemente autoritário em pouquíssimos meses. Eu não sou o tipo de cara que ama do nada, e tão rápido. Normalmente eu levo eras pra isso porque eu não confio nos outros. Mas com ele as coisas são...

Eu: — Mágicas. — sorri. Ele fala de uma forma tão... fofinha. Parecia estar nas nuvens. É fofo demais, apesar dos apesares. É meio ruim, mas não é da minha conta.

Marcus: — Isso. Mas... c-como você sabe?

Eu: — Dãã. Guilherme. — ele abriu a boca e arqueou as sobrancelhas, mostrando que é meio óbvio.

Marcus: — Ah, é. Vocês se amam, apesar de ele ser um pé no saco. Bem diferente do pai.

Eu: — É. — hum... — Uma dúvida, como é o pai do Gui?

Marcus: — Um puta de um gostoso. O cara mais sexy do nosso planeta. — se levantou. — Afinal ele é um Utrack, e os Sutabooh e os Utrack tem... uma coisa. Uma coisa muito excitante.

Eu: — Calma, calma! Não vai! — segurei seu braço, o fazendo rir. — Thay vai com a Carlim pegar a nave dele de volta. Eu posso ir?

Marcus: — É óbvio que não.

Ai, que ódio.

Eu: — Chato. — cruzei os braços.

Marcus: — Também te amo.

Eu: — Vai resolver seu triângulo amoroso, vai. Suma! — riu.

Marcus: — Você não vai. — foi até o meu portão e ia entrar. — Afinal, você tem que se apresentar para o seu Book, não é?

Iiiiihhhhh, é mesmoooooo.

Marcus: — Esqueceu, né? — riu.

Mano, eu esqueci completamente! Meu curso termina essa semana, e semana que vem tenho que tirar umas fotos na casa da Beatriz. E é óbvio que eu vou. O Gui vai odiar, e ele vai estar lá. É uma ótima oportunidade de irritá-lo.

Apesar de eu gostar muito daquele imbecil, ele me irrita, mas eu amo ele. Eu amo aqueles olhos, aquela carinha fofa que expressa safadeza o tempo todo, aquele olhar mórbido que ele dá toda vez que fica irritadinho, aquele bundão redondinho, as bochechas rosadas, a boquinha vermelha, aquela... bom, algumas partes que eu amo nele não preciso expressar tanto. Mas eu... Sinto falta do sexo com ele. Eu só transei com dois caras na minha vida, e Guilherme se sai como o melhor, apesar de os dois serem muito diferentes. Mas o Gui... sei lá, a nossa conexão deixa as coisas muito mais excitantes. Aliás...

Eu: — Marcus, Marcus, Marcus! — entrei correndo em casa e fui até a cozinha. Ele estava lá com minha mãe conversando, prestes a entrar na câmara.

Marcus: — O que houve? Algo com o braço? — neguei.

Eu: — Preciso perguntar algo muito importante sobre as regras universais.

Sílvia: — Ih, lá vem.

Marcus: — Sobre o quê?

Eu: — Semana passada transei com um garoto mais velho que eu, e ele já é maior de idade, com vinte anos. Tem algum problema? Pode dar ruim pra ele? — fiz uma careta. Ele olhou pra minha mãe e riu. Ela só pôs as mãos na cintura e encarou ele esperando a resposta.

Marcus: — Claro que está tudo bem, que besteira. Essa lei é apenas para seres de longevidade. Você não poderia transar com um cetoriano de quarenta anos, sendo que você tem dezessete. Isso é crime e o mais velho iria pra cadeia. O mesmo com os astrianos. O mesmo para todos os seres de longevidade no acordo com o Conselho dessa galáxia. Mas isso não se aplica aos humanos. Eles vivem pouquinho, então a faixa de maioridade aqui é dezoito a vinte e um anos. Mesmo assim não seria crime aqui, a não ser que ele tenha te forçado a algo.

Eu: — Não, eu quis. Quis muito. — ri.

Sílvia: — E mesmo que Léo fosse um ser de longevidade, não seria crime, uma vez que os dois são menores de idade. Seria uma... experiência prematura. — Marcus assentiu.

Marcus: — Você... fez aquilo com o Léo??? — riu. Eu assenti. — Boa escolha.

Sílvia: — Marcus! — bateu nele com o pano de prato, nos fazendo rir.

Hum...

Eu: — Por via das dúvidas... e se... eu disse “E SE”... eu, supostamente, ficasse com o... Edgar... seria permitido?

Os dois se entreolharam.

Sílvia: — Não! Não seria! Luka!!!

Eu: — O que foi, mãe?!

Sílvia: — Pare com isso! — tentou me bater com o pano de prato, mas desviei rindo. — Pare de ser uma vadia!!!

Eu: — Mãe! Para! — ri.

Marcus: — Ele é humano. Você só precisaria fazer dezoito anos, daí beleza transar com o Ed.

Sílvia: — Lycator!!! — gritou e bateu nele também, mas ele só riu e protegeu o rosto. — O Ed não! Você não vai transar com meus funcionários!

Eu: — Tá, mas... eu poderia escolher outros caras na faixa etária dele. — dei de ombros. Ela só estreitou o olhar pra mim, inconformada.

Sílvia: — Seu pai, seu tio... — bateu no Marcus de novo. — e você, são farinha do mesmo saco!

Marcus: — Qual é, cara! Ele é jovem, e está evoluindo mais rápido que o normal, e isso é culpa da mistura das nossas espécies. Os astrianos não são uns santos da castidade. Aquele planeta era um antro do acasalamento. Não é à toa que era destino para casais em lua-de-mel pela galáxia.

Sílvia: — Tá chamando meu planeta de puteiro, Lycator?! — voltou a bater nele repetidas vezes. Eu só ri.

Marcus: — Ai, ai! Foi mal, para! Luka, não transe! Não fique com ninguém... — se afastou e parou de apanhar. — Até fazer dezoito anos.

Sílvia: — Lycator!!! — ela iria bater nele de novo, mas ele desapareceu num feixe de luz. Se teletransportou para algum lugar próximo. Logo abriu a porta da dispensa, mostrou a língua e entrou rapidamente de novo. Ele gosta mesmo de provocar, meu Deus. — Não escute ele. Seu pai e ele na adolescência não eram flor que se cheire.

A semana passou mais rápido do que o esperado. Thay, Carlim e Anco partiram numa missão para recuperar a nave do Thay de volta. Marcus jura que lá há algo que possa restabelecer o sinal de comunicação com Cetos. Ele mesmo disse que confia na esperteza do irmão caçula, e com toda certeza ele fez algo com aquela nave, e só não contou por causa do pai deles. Então vou ficar sem vê-los por um tempo. Foi difícil permitir que Anco saísse em uma missão, Marcus queria mantê-lo protegido por mais tempo, e Troy tentou impedi-lo, mas... Anco estava determinado a continuar sendo um soldado que cumpre regras e missões, e ele implorou por uma missão perigosa, dizendo que o faria relaxar e retomar a conexão e a sincronia com os próprios pensamentos, assim poderia conversar conosco sobre o que aconteceu com ele. Então ele foi. Aldey e Hantay estão de férias, depois do trabalho que tiveram com Daniel e Gabriella... Ah! E eu passei de série, por incrível que pareça. Eu ganhei bom destaque no colégio, e como geral já me conhece, principalmente o representante da Secretaria, até o estado sabe meu nome, e deram um jeito de abafar minhas faltas excessivas. As minhas, as da Nath e as do Gui. Eu tive que arrumar uma forma de provar pro Marcelo que tenho cidadania Ucraniana, e minha família falsificadora deu um jeito nisso. Então a imunidade fodida vem de uma família adaptada a um clima diferente do inferno que é aqui, o que de certa forma não faz sentido... ou faz, sei lá. Marcelo disse que os chefões do estado não estão lá por serem muito inteligentes, então ninguém questionou nada.

Eu: — Tô aqui. Trouxe uns amigos, tá bom? — apontei para a Sandra e Reynard assim que entramos na casa da Beatriz. Nathalie, Sandra, Reynard e eu.

Beatriz: — Tudo bem, meu querido. Fiquem à vontade.

Reynard: — Quando começam a filmar o pornô? — Beatriz e os dois fotógrafos riram.

Eu: — Cláudio, cale a boca. — ri. — Só trouxe você porque você ficou um mês me enchendo o saco pra vir, e porque Marcelo pediu pra eu ser sua babá por hoje.

Reynard: — Foi mal. Quando começam a fotografar uma obra de arte?

Beatriz: — Breve. Estamos esperando o abençoado do Guilherme trazer a luminária que pedi.

Reynard: — Seu filho é um porre.

Sandra: — Menino, cale a boca! — Nathalie riu alto. Acabei de me lembrar o motivo de ter trazido ele. Ele é extremamente sincero, de uma forma arrogante. Quero as opiniões dele.

Beatriz: — Eu sei disso, não precisa me lembrar.

Nos sentamos um pouco e Valquíria nos trouxe uns biscoitinhos caseiros, achocolatado, e ainda algumas frutas picadas. Enquanto comíamos um pouco, Beatriz e os fotógrafos arrumavam a sala-de-estar e montavam o estúdio. Logo Gui chegou com uma luminária bem grande e estava bem emburrado. Minha deixa. Fui pra lá e sorri pra ele.

Eu: — Não vai dizer nada, gostosão?

Guilherme: — Você faz o que quiser. — me deu as costas e se jogou no sofá.

Eu: — Bom garoto.

Guilherme: — Vai se foder.

Eu: — Eu vou. Pode deixar.

Guilherme: — O que esse moleque está fazendo na minha casa?! — apontou pro Rey, que arremessou um biscoito nele, que arremessou de volta com força.

Beatriz: — Trate bem as visitas, Guilherme. Não seja um porre.

Depois que montaram tudo, Beatriz me deu algumas roupas. Montou uns conjuntos e pediu pra que eu vestisse. Tirei as roupas ali mesmo e fiquei de cueca. Ela riu e disse que eu poderia me trocar no banheiro se eu quisesse, mas eu preferi praticidade. Fiquei seminu ali mesmo.

Guilherme: — E-espera, ele não vai tirar foto assim, né??? — se levantou rapidinho do sofá, meio indignado.

Eu: — O que foi, Gui? — segurei o cós da minha cueca vermelha e desci um pouco. Meus pelinhos pubianos apareceram claros e rasos. Na hora ele corou e olhou pra baixo. Escutei Nathalie e Sandra gritando atrás de mim, como uma torcida num jogo de futebol, com a visão das minhas nádegas aparecendo aos poucos. Desci mais, e até mesmo os fotógrafos ficaram sem graça. — Está irritado?

Guilherme: — Luka... pare com isso agora...

Eu: — Por quê? Ainda não está acostumado com a visão? Mas você já viu tantas vezes... — abaixei mais. As meninas gritaram, fazendo Beatriz rir. Parei de provocar e subi a cueca. Me virei de costas pro Gui e vesti as roupas pro ensaio.

E começou. Beatriz mesmo fez maquiagem em mim, e não precisou de muita coisa. Só passou um gloss para deixar minha boca “juicy”. Não sei o que isso significa, mas os fotógrafos sabem e concordaram que seria bom. Foi meio estranho no começo, porque eu não sabia o que fazer e nem como fazer. O assistente do fotógrafo me mostrou e me ajudou. Pediu só para eu ficar me movendo aleatoriamente, porque várias fotos seriam tiradas por segundo, e eles escolheriam as melhores. Então fiz isso. Aproveitei que o Guilherme estava me olhando bem puto da vida, e o provoquei. Mandei beijinho pra ele e o chamei. Ele ficou inquieto, e eu causei todos os efeitos que eu queria. Para provocá-lo mais, comecei a flertar com o Reynard, sentado próximo a ele, e também com o assistente do fotógrafo. E é claro que Beatriz sabe o que eu estou fazendo, e ela gosta de que eu provoque o filho dela. Ela também está puta com ele por ele ser um babacão.

Wil: — Isso, agora a mão direita na cintura e olhar distante.

Eu: — Poderia me mostrar, Wil? É que... é minha primeira vez, e... você sabe como a primeira vez é difícil. — mordi os lábios. Ele fez o mesmo e assentiu com a cabeça... segurou meus braços e me ajudou a fazer uma pose específica. Ele passou por trás de mim, me encoxou e me fez inclinar um pouco o corpo para trás. Sorri e gostei da sensação de provocar outro cara.

Aless: — Wilson, pelo amor de Deus! Saia daí, homem! — ri e o assistente saiu de trás de mim.

Tiramos mais fotos e fui trocar de roupa. Enquanto trocava, olhei para Reynard e sorri. Ele evitou responder porque Gui estava ao lado dele e olhando pra ele. Tiramos muitas fotos, e durou umas três horas, porque usei umas dez peças diferentes. Adorei ter trazido meus amigos. Eles serviram muito bem como plateia, e os comentários do Rey são os melhores. Os pensamentos dele parecem nunca passar pela mente dele. Ele pensa e fala ao mesmo tempo, sem filtrar as coisas, e ao mesmo tempo que irrita, é engraçado. Ele me criticou de formas engraçadas, elogiando de sua forma, e esse menino não é hétero de jeito nenhum, ainda mais sendo da família do Marcelo. Quando vesti uma roupa que foi feita para agarrar ao corpo, ele não quis dar opinião, e ficou calado, mas suas expressões já falaram por ele. Guilherme ficou uma fera e não quis deixar a mãe fazer aquilo comigo, mas eu adorei. Tirei as fotos enquanto Nathalie e Sandra seguravam o monstro de olhos verdes. No fim eles me mostraram algumas fotos, mas eu não veria todas. Eles fariam a seleção, montariam o Book, me mandariam um álbum e uma cópia para Margaretee. Saímos dali, e Gui nem falou comigo.

Fomos tomar sorvete pra “comemorar”. As meninas queriam fazer a festa, enquanto eu queria só ficar de boas. Reynard aproveitava e estava muito animado com elas, e é divertido. Eles três têm a mesma vibe pra se divertir fazendo maluquices e passando vergonha em público sem se importar com isso. O mais engraçado é estarmos sentados juntos e aquilo estar parecendo um encontro de casais. E definitivamente não é.

Nathalie: — Pega no meu pau, vadia!

Sandra: — Cadê? — do nada ela pôs a mão na Nath, que arregalou os olhos e riu alto. — Cadê o pau, cadela?! Me dá!

Nathalie: — Tira a mão da minha buceta, sua imunda!

Reynard: — Sapatonas. Sinto o cheiro de couro de longe.

Eu: — Gente, que mico. — olhei ao redor e as pessoas olhavam estranho para nós. Me encolhi na cadeira e ri. Sair com essas duas é pedir para passar vergonha. Mas Reynard parece não se importar.

Senti meu celular vibrando. Era o Gui. Virei pra eles.

Eu: — Ai, ai. Atendo ou não atendo?

Nathalie: — Não. Deixa ele ficar mais puto.

Sandra: — Macho tem que sofrer. Garotos só gostam se for tortura, já dizia a víbora mãe.

Eu: — Vocês duas são anti macho. Quero a opinião do homem do grupo. Rey, me diga sua opinião. — passou rapidamente a língua por seu sorvete, o que foi bem provocante, mas tentei focar no Gui.

Reynard: — Não sei. Se tu quiser transar, atende. Conheço o tipo do marrentão. — Hum... Lambeu o sorvete outra vez, e parecia firme no que dizia. — Ele não vai se desculpar, mas vai te chamar lá. Só vai discutir sua provocação, vocês vão brigar porque ele tem certeza de que você ama ele, e blá blá blá. Mas como ele é um puta escroto, ele vai propor sexo, e você está de pernas abertas pra ele que eu sei, então vai rolar sexo.

Eu: — Como...

Reynard: — Eu falei. Cara, eu vivo com o Marcelo. Acha mesmo que eu não conheço todas as táticas possíveis que um homem é capaz de tentar só pra trepar? — riu. — Vai logo.

Sandra: — Diga não ao sexo.

Nathalie: — Dê o cu logo, eu hein. Papai já disse que não é pra ficar se prendendo. Faz mal.

Eu: — Olha quem tá falando. A santa que nunca tira o cinto. — rimos.

Nathalie: — Quem disse?

Sandra: — O quêê??? Nooosssaaaa!

Eu: — Não acredito que já rolou! — ela riu e ficou toda vermelha. É! Aconteceu alguma coisa entre ela e o Diogo! Ela só fica com vergonha assim quando é sobre o Diogo! — Por que não me contou?!

Nathalie: — Ah, é que... sei lá, a gente tava muito ocupado, daí rolou a recuperação do Anco e eu tinha esquecido. Mas sim, rolou. Diogo e eu tivemos um momento, mas não foi lá tudo isso, foi apenas umas brincadeiras. — esqueci até do Gui me ligando. Agora eu quero saber sobre Nathalie e Diogo!

Mas o Gui me ligou de novo.

Eu: — Você vai me contar tudinho, sua puta! — me levantei e atendi o celular: — O que você quer? Eu estava no meio de uma fofoca que ficou pela metade!

Guilherme: — Conversar, vem aqui em casa agora. — desligou o celular.

Eu: — Tá... beleza, ele quer que eu vá lá conversar.

Reynard: — Uuuh... sexo.

Sandra: — Vai, pode ir. A gente vai ficar aqui, e depois vamos passear por aí.

Nathalie: — Depois a gente conversa e eu te passo as fofocas. Me liga quando terminar lá.

Reynard: — Ele vai dormir lá, vocês ainda duvidam? — elas riram.

Eu: — Nathalie, cuide desse garoto, pelos deuses. Não deixe ele aprontar, e nem influenciar vocês, porque ele vai tentar. — Rey riu. — Se algo acontecer com ele, Marcelo me mata. Qualquer coisa, me ligue. Ah, e ele não pode comer muito doce. Por hora só o sorvete está de bom tamanho. Não deixem ele pedir outro.

Nathalie: — Beleza.

Bom, me despedi deles e voltei para a casa do Gui, que não estava tão longe. Bati na porta e rapidamente ele mesmo atendeu. Os equipamentos ainda estavam pela sala, mas a mãe dele e os funcionários não estavam. Ele disse que foram pro estúdio do Aless, e vão demorar. Laura e Valquíria desceram para a câmara para ajudar Enrico, e Otto está de folga por aí, vagando de carro.

Eu: — Vai, diz o que você quer. — cruzei os braços.

Guilherme: — Que merda foi aquilo?! — apontou para os equipamentos. — Você tava se oferecendo pro assistente do Aless! Você tava... cara!

Eu: — Cê tá bravo? — ri.

Guilherme: — Óbvio! Isso tudo porque quer me provocar?! Ficar atraindo outros caras, ficar flertando com eles na minha frente, mano! Qual o seu problema?!

Eu: — Talvez seja solteirice. Mas acho que nenhum.

Guilherme: — Ah, haha! Mas eu sei! — cruzou os braços.  — Você ainda me ama.

Wow! Rey tinha razão, ele realmente fez isso.

Guilherme: — Assume logo que me ama. A gente se atrai e meu pau só se levanta pra você, e... mano, você ama ele que eu sei. — riu.

Eu: — Assumir o quê, garoto? Eu te amo mesmo, e todo mundo sabe disso. Você que tem dificuldade de assumir seus sentimentos diretamente.

Guilherme: — Não, eu não tenho!

Eu: — Então prove. Me ama? — sorri e cruzei os braços. Ele abriu a boca e olhou para a direita dele, sem conseguir falar o que queria. — Você está criando um personagem de novo, para esconder suas inseguranças. Você não é um cara idiota assim, falocêntrico, e desesperado por atenção. Você é safado... muito safado... — ri. — mas não dessa forma.

Guilherme: — E o que você sabe sobre mim? Me conhece há menos de um ano.

Eu: — Vamos ter essa conversa de novo?

Guilherme: — Vamos. Até resolvermos as coisas.

Eu: — Cresce, Guilherme. Você é maravilhoso, e eu sei disso. Você tem a capacidade pra amadurecer, mas está se prendendo a essa forma idiota só porque tem medo de amadurecer. Isso é por causa do seu pai? Já faz alguns anos, aprenda a conviver com isso. — ele ficou em silêncio. Toquei no ponto fraco dele.

Guilherme: — Não fale do meu pai...

Eu: — Seu pai estaria decepcionado contigo, por você estar sendo tão otário. Ele te criou pra ser um homem, e você ainda age como uma criança birrenta. Quando ele voltar, vai poder dizer isso na sua cara.

Guilherme: — O-o que... — desmontou sua pose autoritária, ficando inferior a mim. Não gosto que as pessoas se ponham inferiores a mim, mas gosto quando desmonto a postura superior delas.

Eu: — Fala sério. Todo mundo diz que seu pai é o cetoriano mais esperto que já conheceram. O simples fato de ele ser cetoriano já diz que um assalto a mão armada não iria matá-lo.

Guilherme: — Cale a boca... cale a boca... — passou as mãos pelo rosto. — Meu pai era um cara importante... foi um esquema criminoso das concorrentes... ele estava em seu auge... — me deu as costas, mas agarrei seu ombro e o puxei de volta. Falar do pai dele sempre o desestabiliza. Mas ele precisa superar esse trauma.

Eu: — E você acha que ele não sabia disso? Olha nos meus olhos, Guilherme. — ele não quis. — Guilherme Utrack, olhe pra mim. — cresci o tom, e ele obedeceu. — Você é mais forte que isso. Quando eu te conheci, seu maior medo eram ratos. Sabe, ratazanas. — ele se arrepiou inteirinho, me fazendo rir. Tremeu o corpo todo e encolheu os ombros.

Guilherme: — Que nojo, que nojo... — fechou os olhos com força. Achei fofo. Me aproximei e o abracei para acalmá-lo. Estava bem cheiroso e quentinho. Ele só ficou parado.

Eu: — Eu não mudei contigo, idiota. Eu tenho te provocado tanto pra que você tente amadurecer. Eu estou crescendo, e minha cabeça muda a cada dia que passa. Eu consigo perceber mais coisas, e sinto que preciso criar uma responsabilidade com meu nome, com quem eu sou e com quem serei. E eu meio que... quero que você me acompanhe, porque eu quero você comigo. Mas você não colabora. Você está evitando crescer, e eu não quero que isso nos atrapalhe.

Guilherme: — Eu gosto de mim assim...

Eu: — Eu não gosto de mim assim. Eu estou sempre procurando entender todas as pessoas, tentando entender todo mundo e brigar pelos meus princípios, principalmente pela minha honra e dignidade como pessoa, ou como... membro de algo importante. Um dia eu vou ser nomeado formalmente como príncipe do meu povo, e eu não quero parecer um moleque arrogante. Os meus problemas serão meus problemas. E os problemas do povo também serão meus problemas. Preciso aprender a separar as coisas, lutar pelas coisas, entender as coisas e resolver as coisas. E você deveria estar olhando para o mesmo horizonte, afinal um dia você vai ocupar o lugar do seu pai.

Ele pôs o queixo sobre minha cabeça e suspirou. Não sei se estou fazendo o certo ao falar dessa forma com ele, como se ele fosse obrigado a fazer o mesmo que eu e forçá-lo a isso. Soa egoísta e antiético, e não é isso o que eu quero. Só quero que ele trace o caminho para a independência dele.

Eu: — Nos conhecemos quando estávamos no mesmo nível, com traumas parecidos, por isso as coisas foram tão mágicas. Mas eu estou andando, e você está praticamente parado no meio do caminho, e isso me irrita, porque eu tenho que ficar te puxando e te mostrando os lados do caminho como um guia turístico. Eu só quero que você lute um pouquinho.

Guilherme: — Mas... como?

Eu: — Você sabe muito bem. Lembra o que você fez quando estávamos estudando o corpo do Anco, e tudo aquilo aconteceu? Eu entrei, mesmo com dor, para terminar o que eu estava fazendo, porque era meu amigo lá e eu precisava entender alguns pontos que eu captei naquele momento. Logo em seguida você também entrou, e mesmo com dor, você permaneceu lá comigo. Mesmo comigo insistindo pra que você saísse, você levantou sua palavra e usou suas formas para entender como fazer aquilo parar. Você venceu algo muito forte, teve força e não teve medo. Você naquele dia não foi fraco. Lá eu vi o Guilherme homem, e não o Guilherme moleque reclamão. — me afastei dele, e fixei meu olhar em seus olhos.

Guilherme: — Então eu... só preciso superar a dor? Mesmo sofrendo, preciso...

Eu: — Não idiota. Não dessa forma. — ri e dei um soquinho em seu peito. — Volte naquele dia. O que você sentiu? Qual força te fez entrar naquela sala, passar pelo que você passou, e permanecer lá, mesmo sofrendo? Quando você entender o que te movimenta, você vai entender do que eu estou falando.

Guilherme: — Eu não sei... eu só... senti que deveria entrar. Você estava sozinho sangrando, e eu não queria parecer inútil enquanto você sangrava.

Eu: — Não foi só por isso. E não me diga agora. Pense primeiro, e quando souber a resposta, me conte. — ele assentiu. O abracei de novo, e ele retribuiu.

Guilherme: — Eu não queria dizer isso, mas... eu vi algumas fotos e... você tá muito... bem. — ri e me afastei. Ah, eu amo quando ele resolve ser fofo. — Eu ainda não aprovo, mas você me deixou excitado com aquelas provocações. — sorriu e coçou a nuca, mostrando que estava um pouquinho nervoso em dizer isso agora. Aquele sorrisinho fofo me fez suspirar.

Eu: — Confesso que... naquele dia da necropsia, você ficou incrível agindo daquela forma. — desfez o sorriso e deu um passo à frente.

Guilherme: — Sério? Fiquei... bonito?

Eu: — Um gostoso.

Guilherme: — Te excitei?

Eu: — Muito, apesar de estarmos banhados em sangue. — ele riu e deu mais um passinho, ficando colado a mim. Dei um beijinho em seu peito e ele mordeu os lábios.

Guilherme: — Tô com saudade. — sorriu de canto, abrindo o sorriso safado que eu acho maravilhoso, que é sua marca.

Ah, pelos deuses... que garoto gostoso...

Guilherme: — E você acabou de me deixar durão.

Eu: — Ai, Guilherme, pelo amor... — rimos. Ele se inclinou e beijou a ponta do meu nariz. Respirei o cheiro de seu perfume e sorri com os olhos fechados. Suspirei e agarrei seu colarinho.

Guilherme: — O que foi?

Eu: — Seu perfume... canela...

Guilherme: — Você ainda ama?

Eu: — Muito. Acabou de te deixar mais sexy que o normal.

Guilherme: — Tô cheio de vontade. Bora transar?

Hum...

Eu: — Agora. — o puxei contra mim. O choque entre nós fez um som de estalos, liberando energia da colisão. Não esperamos mais nada, unimos nossas bocas com a voracidade incansável. Faz tanto tempo que não sinto isso em meu corpo, tanto tempo que não sinto ele dessa forma, que me sinto abstinente agora. Quanto mais próximo eu estava de arrancar suas roupas, mais vontade eu tinha de deixá-lo nu. O empurrei contra o sofá e fixei meu olhar nos olhos famintos dele. Seus lábios vermelhos como sangue, e suas bochechas corando, mas não de vergonha, e sim pelo calor que exalávamos. Tirei minha blusa e sentei-me sobre ele, deixando com que suas mãos se aventurassem por meu corpo sem restrição alguma. Não sou mais um garoto morrendo de medo de ser tocado. Agora eu já conheço aquele corpo como um mapa desenhado por mim, e quanto mais locais minhas mãos alcançam, mais me excita descobrir mais paraísos para apalpar.

Guilherme: — Topa a noite toda?

Eu: — Topo... — levantei de seu colo e estendi minha mão. Ele a pegou, se levantou e me puxou para mais amassos saborosos. Seu cheiro era inebriante, maravilhoso, estonteante. Seus hormônios começaram a ser exalados por sua pele, e eu sentia o cheiro incrível da sedução de seu corpo firme. Dentre os beijos, nos empurrávamos em direção às escadas, e subimos tropeçando. Quase não conseguimos chegar no quarto dele, porque no corredor mesmo arranquei sua blusa e sua calça, o deixando apenas com a cueca preta. O efeito de ilusão da cor preta não me deixava ver o volume que eu queria ver, mas logo eu iria sentir. Ele abriu a porta e me empurrou para dentro, pegou suas roupas e entrou rindo. Trancamos a porta e saltamos na cama aos risos.

Não dissemos nada um para o outro. Enquanto ele me olhava nos olhos, eu fazia o mesmo por ele. Até cairmos na tentação de um beijo calmo e sedutor. De olhos fechados e entretidos nos movimentos dos lábios e da língua, tiramos minha roupa. Nos acomodamos na cama e o pus por baixo de mim, descendo com selinhos por seu corpo. Abaixei sua única e última peça de roupa e tive a visão que me fez falta por um tempo. Vi toda a escultura intacta na cama e sorri satisfeito com o prazer antes da verdadeira ação rolar. Tirei o que me sobrava e me deitei sobre ele. Dessa vez não sou eu a entregar-me a ele, como costumava ser antes. Hoje, e daqui em diante, eu não me entregarei a ninguém. Eles que se entregarão a mim, e assim será essa noite. Se Guilherme acha que isso é uma bandeira branca, ele está enganado. No momento ele está satisfazendo meus desejos, e eu os dele, e espero que ele tenha plena noção disso.

Eu não quis avançar de uma vez para o sexo. Fiquei provocando-o e tirando proveito do limite dele. Beijei seu corpo, beijei seu abdômen, passei suavemente a língua por suas coxas grossas e por sua virilha, mordi calmamente suas bolas pesadas e dei beijinhos em cada testículo, fazendo-o suspirar e se incendiar ainda mais. Meu maior prazer não viria apenas do envolvimento carnal, mas dessa provocação dos sentidos. Eu amo fazer isso com as pessoas, é um orgasmo à parte.

Guilherme: — Porra... para com isso, cara... — riu e passou as mãos pelo rosto. Em seguida tentou masturbar-se, mas afastei suas mãos de seu pau e o provoquei ainda mais dando beijinhos por sua glande. — Me chupa logo!

Eu: — Nope... — desci com a língua até seu saco quente, com pelinhos rasos, e subi de novo. Ele tentou segurar minha cabeça, mas afastei suas mãos.

O provoquei até seu limite. Chegou a um ponto que seu rosto ficou muito vermelho, e ele parecia extasiado no próprio prazer. Gotas de baba escorriam por seu pau, e eu fazia graça, brincando com cada pedacinho de seu corpo, deixando-o cada vez mais fora de controle. Até que ele me agarrou pelos ombros e me puxou, me forçando a beijá-lo. Mas o empurrei com toda minha força e o obriguei a ficar deitadinho. Quando vi o fogo em seu olhar, senti o dever de avançar. Isso tudo deve ter durado algumas horas, perdi completamente a noção do tempo. Quando comecei a realmente sentir vontade de iniciar o oral, vi que o sol estava se pondo. A cor da luminosidade que adentrava as janelas daquele quarto estava mudando. Mas não interrompi só por causa do horário. Depois que senti tudo aquilo na minha boca, o sabor, o cheiro, o toque quente, eu... não iria mais parar. De jeito nenhum. Enquanto massageava suas bolas com os dedos da mão direita, descia o máximo que eu conseguia, com a pica dele deslizando próximo à minha garganta, ameaçando me fazer engasgar ao invadir o fundo dela. Estava tudo bom, mas ficou ótimo quando ele sinalizou de uma forma que eu entendi facilmente. Escalei seu corpo e me virei de costas para seu rosto. Deitei-me sobre ele e abri as pernas o bastante para que ele pudesse encaixar-se entre elas, e para que eu pudesse acessar seu pau similar a uma tora de aço. Ao sentir sua língua quente tocando-me lá atrás, suspirei e sorri, entregando os gemidos que ele queria ouvir. Sua pica latejou diversas vezes, e a cabeça inchou e se tornou ainda mais avermelhada, faminta por mais calor. Continuei com meu trabalho, e ele continuou com o dele. Até chegar a hora que eu mais esperava.

Quando senti que a língua dele estava causando sensações esquisitas no meu corpo, eu entendi que a arma do prazer astriano estava dilatando em meu corpo, ficando ativa e mostrando excitação. Aquela língua molhada e quente brincava e deslizava pela entrada do mais puro prazer, extremamente próxima a entrada do ânus, mas com um sistema nervoso que pode me fazer vibrar de uma forma muito estranha quando está ativo. Quando a língua do Gui fez movimentos circulares por lá, senti que estava pronto. Logo iria lubrificar, e a saliva dele também já dominava. Mas ele não queria parar. Por mais que eu já tivesse parado de chupá-lo e tentasse me levantar, ele me puxava de volta e me penetrava com sua língua, apertando minha bunda com suas mãos grandes e dedos fortíssimos. Ele beijava ali da forma que nunca beijou minha boca, e era delicioso. Ele me pegou nessa.

Deixei com que ele ficasse satisfeito com seu prato, não sei se favorito, por hora, e ele sinalizou com bons tapões em minhas nádegas, gerando barulhos altos. Sentei em seu rosto e rebolei um pouco, lançando gemidos calmos, e ele parecia ter adorado, pois empurrou a língua e os lábios contra mim e agarrou minha cintura com força, me mantendo próximo. Gemi quase no nível de gemido pornográfico, e pedi que ele parasse. Rindo e com um sorriso de orelha à orelha, me soltou, e fui direto para a posição, antes que esse estágio prazeroso caia. Me virei e posicionei sua pica. Sentei calmamente. Achei que iria ter uma dificuldade maior, como na primeira vez que rolou... como na segunda vez... e na terceira. Mas parece que depois que desenvolvi completamente, ou quase, meus órgãos sexuais, fica mais fácil de me adaptar à penetração com o nível de excitação e dilatação que estou. Então por eu estar com um tesão absurdo, consegui fazer com que pelo menos a cabeça da rola dele passasse com facilidade. O deslizar me fez tremer e parar por alguns segundos. Ele riu e jogou a cabeça pra trás. Tentei continuar, mas dali pra frente causou desconforto e um pouco de dor, então recuei. Iniciei o processo sentando apenas na cabeça inchada e salivando em mim, deixando o deslizar mais gostoso. Não consegui sentar com vontade, fazendo todo aquele pau entrar, afinal Guilherme não é humilde em tamanho e dava pra sentir que se eu forçasse muito, me machucaria. Mas daquela forma estava bom. Vai escalar com meu tesão.

Por algum tempo, que não pude contar, ficamos nessa brincadeira, com ele me fodendo calmamente apenas com metade da metade de seu dote completo, e já estava delicioso. Eu estava sobre ele recebendo beijos molhados e graciosos, ambos mergulhados no calor de nossa energia sendo exalada continuamente. Passamos horas em silêncio, apenas curtindo as sensações. Mas já passamos horas demais nessa brincadeira calma. O clima precisava esquentar ainda mais. Minha excitação estava crescendo, e com isso eu sentia menos desconforto e ele conseguia ir mais longe, e cada segundo que ele alcançava meu ponto mais quente, mais ele também parecia faminto. Agarrou minha cintura e giramos na cama, onde ele se pôs por cima de mim. Afastei as pernas e sorri entre nossos beijos. Minha língua se entrelaçou com a dele e suspiramos ao sentir o sabor e o cheiro que estávamos exalando. Gui moveu a cintura para trás e deu a primeira estocada, arrancando um gritinho da minha boca e fazendo meu corpo amolecer com o êxtase prazeroso que me percorreu. Pôs tudo para dentro de mim, e senti uma pontada dolorosa, mas nada que eu não possa suportar. Após me foder com todo seu dote, o desconforto permaneceu em cada estocada. Mas conforme nos esquentávamos, aquilo tudo se tornou um baque de prazer imenso, com porradas que me faziam delirar e estremecer de prazer. Cada metida forte que ele dava, seguida de uma risadinha gostosa, fazia sininhos ecoarem nos meus ouvidos, e meu corpo se retorcia de tesão. Eu sentia cada traço de satisfação, todas as faces do prazer que meu corpo não-humano pode sentir. Eu não faço ideia de como é o prazer humano, mas se eles não sentem isso o que eu sinto... meus pêsames. Isso é muito, mas muito bom. Agora eu entendo o porquê do Thay ser uma vadia.

Durante toda a noite fizemos várias posições, mas a melhor pra mim é quando estou de quatro pra ele, com minhas pernas fechadas. Sinto toda a pressão, sinto o deslizar, e é como se eu sentisse a cabeça faminta de sua rola batendo nas paredes do meu interior, me fazendo gemer alto e delirar. Outra boa posição é quando ele está por baixo, e eu estou sobre ele, montando bravamente no mastro enquanto olho naqueles olhos, vejo aquele sorrisão e posso me curvar e beijá-lo. As caras e bocas do Guilherme durante a transa são as coisas mais fantásticas e atraentes que vi até agora nos momentos íntimos. O flexionar daqueles peitões, seu corpo reagindo a cada toque de prazer, e... ele todo suado gemendo alto e grave, com sua voz falhando enquanto tenta expressar o que sente. Isso é muito bom.

Quando finalmente terminou, fiquei surpreso que ele não anunciou seu orgasmo. Ele ficou sem palavras, fechou os olhos com força, e enquanto ele estava sentado na cama, comigo sobre seu colo, me fodendo e mordendo meu queixo, gozou sem mesmo avisar, mas notei suas expressões mergulhadas no prazer. Seu rosto ficou vermelho, e seus gemidos perderam o som. Quando notei o que viria, meu corpo falou mais alto, aumentei a velocidade das quicadas, e a mesma sensação veio até mim. O orgasmo inacreditável que me faz vibrar e gemer como uma vadia. Gemi, mas ele ficou em silêncio. Logo senti-o me preencher, e meu interior queimar com meus próprios fluidos. Logo após gozar, Guilherme urrou como uma fera, e senti suas descargas elétricas passearem por minha pele, causando cócegas e fazendo raios pequenininhos estalarem sobre meu suor. Segurei calmamente seu pescoço e esperei que ele abrisse os olhos, enquanto ainda tentávamos recuperar o fôlego em meio a gemidos altos e prazerosos. Eu estou muito, muito satisfeito agora.

Guilherme: — Uau... — riu baixo, e eu ri também. Puxei seu pescoço e dei selinhos em seus lábios. Deitei-me sobre seus ombros e ri. — F-foi mal... eu deveria ter avisado antes de...

Eu: — Tudo bem, entendo.

Caí para o lado. Facilmente o... o pau dele deslizou para fora, o que foi até estranho. Ri um pouco e permaneci deitado, sentindo as coisas fervendo dentro de mim, ainda pulsando pelo intenso orgasmo. Nem precisei usar o meu próprio pau para sentir tudo isso, e foi incrível. Gui ficou sentado olhando a própria pica brilhando, bem lubrificada depois de tudo e ainda bem ereta. Ele sorriu e se jogou para trás, deitando ao meu lado.

Guilherme: — Meu pau tá feliz agora. Eu também.

Eu: — Estamos.

Guilherme: — Que bom que tá tudo resolvido. Voltamos a ser o que éramos, trepamos, e vamos trepar de novo. — franzi as sobrancelhas e ri. — Dorme aqui hoje. Amanhã vamos juntos pro...

Eu: — Ei, ei. Calma aí. Você só me comeu hoje, e não nos ajoelhamos num altar. — me sentei na cama. — As coisas continuam as mesmas.

Gui: — Ué, mas eu pensei que... — sentou-se também.

Eu: — Dãã, claro que não. Achei que você soubesse separar as coisas. — me levantei e procurei minhas roupas pelo escuro. — Eu não voltei contigo, e nem vou. Você continua fraco e chato. Mas também continua gostoso e ainda fode bem. — apontei pra ele e sorri. Ele ficou em silêncio com cara de paisagem.

Guilherme: — Cara... eu sou muito idiota mesmo... claro que eu fui só uma foda...

Eu: — Aham. — peguei minhas roupas e fui em direção ao banheiro. — Hoje você serviu muito bem. Obrigado. — entrei no banheiro.

Tomei banho rapidamente. Deixei que meu corpo liberasse o esperma do Gui, e o líquido espesso e grudento demorou um pouco, mas saiu. Não preciso mais pedir toalhas, porque eu posso me secar sozinho. Saí ainda pelado do banheiro, e o vapor quente invadiu o quarto dele assim que abri a porta. Ele estava sentado ainda nu na beira de sua cama, e parecia bem puto.

Guilherme: — Vai me tratar como objeto agora? Eu sou só uma piroca?

Eu: — Por enquanto sim. — me olhou de uma forma esquisita, e me fez rir. — O que foi? Achou que eu iria dizer que você é o amor da minha vida e eu estou arrependido de ter terminado contigo? Se toca, Utrack. — Ri.

Guilherme: — Você é um saco. Vá se foder! — se pôs de pé meio marrento. Peguei minhas roupas e as vesti.

Eu: — Foi mal, mas você pelado fica uma graça nessa pose autoritária. Mas tira toda a seriedade.

Guilherme: — Por que fez isso?! Por que aceitou trepar comigo?! — cresceu o tom. Respirei fundo.

Eu: — Porque eu estava precisando disso, e eu te recompensei por ter sido corajoso pelo menos uma vez na vida. — peguei meu celular e fui até a porta.

Guilherme: — Aonde vai??? Achei que iria ficar e passar a noite...

Eu: — Iria, mas eu sabia que você ia surtar depois do sexo. Eu esperava que você soubesse separar certas coisas, mas você ainda não entendeu. Você tá chato e repetitivo. Por enquanto será só uma piroca mesmo. — sorri de canto. Não... não queria ter falado dessa forma, agora... depois de ter falado, pareceu mais rude do que foi na minha cabeça. Mas não consegui me desculpar e nem nada. Só o provoquei com um olhar bem forte e desafiador. Ele pareceu incrédulo com o que ouviu.

Guilherme: — Tá bom. Saia da minha casa, vá embora... — disse baixo. — Saia!

Eu: — Beleza.

Guilherme: — Agora é sério... acabou... se eu sou só um brinquedinho, uma rola que te satisfaz, você pode me esquecer. — Permaneci em silêncio olhando pra ele. Ele estava mesmo muito puto.

Eu: — Tá bom. — passei por ele e fui até a porta. Quando estava prestes a sair, senti-o segurar meu ombro.

Guilherme: — Por quê?

Eu: — Ah... por que o quê?

Guilherme: — Por que não quer mais voltar comigo? De verdade... achou outro, não foi? Está apaixonado por outro otário...

Eu: — Ahn, não. Mas se você quer saber o motivo de tudo isso, me diz você.

Guilherme: — Eu??? eu não...

Eu: — Tchau. — tentei me virar, mas ele apertou meu ombro.

Guilherme: — Você nunca vai achar alguém como eu. Só eu te satisfaço, eu sou igual a você e... você vai sentir minha falta. — ri.

Eu: — Tá. Você não é o único homem na galáxia. Aliás, eu peguei outro cara. Faz... não sei, algumas semanas. — ele arregalou os olhos. — E sim, transamos. E foi muito bom. Se eu fosse você, encontraria outra pessoa também. Tchau, bonitão. — tirei sua mão do meu ombro e saí.

Ai, ai. Hoje foi ótimo, e bem que Marcus me disse que só o Gui conseguiria me satisfazer completamente. Mas eu tinha entendido errado naquele dia. Eu pensei que fazer sexo com outro cara normal não me causaria o prazer maravilhoso que eu posso ter. Mas quando transei com o Léo, eu senti tudinho da forma mais incrível possível. Mas ele não me satisfez o suficiente, e em algum tempo eu fiquei com a mesma vontade. Já com o Gui, meu corpo inteiro se acalmou, e sinto um leve desconforto dentro de mim, e sinto também que não vou querer fazer isso de novo por um bom tempo. Talvez meu corpo precise de mais tempo pra se recuperar do caos de um cetoriano do que de um humano. Talvez Marcus queria dizer que se eu me satisfizer com um humano, essa satisfação durará pouco, e logo vou estar com vontade de novo... e o contrário quando acontece com um cetoriano, que está à altura do que meu corpo pode oferecer, e meu corpo precisaria de mais tempo pra se recuperar.

Foi bom ter feito isso. Por um tempo não vou precisar me preocupar... Pelo menos até algum cara chamar minha atenção e despertar meus desejos. Espero conseguir me controlar quando rever o Léo. Saí da casa do Gui durante a madrugada e voltei sozinho e a pé pela estrada. Estava tudo deserto, mas no caminho eu senti um cheiro muito familiar. O cheiro que eu conheço bem, e me lembrou rapidamente o odor do Thomas pós banho. Ele sempre é bem cheiroso, e depois do banho ele fica muito gostosinho de ficar perto, exatamente porque cheira bem, e naquela passagem eu me lembrei dele, mas... junto havia um cheiro ferroso bem fraquinho, e... O cheiro agarrado ao cheiro bom. Um cheiro específico de algo antigo, mofado, sei lá. Não parei, só achei esquisito e continuei meu caminho. Peguei meu celular só pra ver o horário e já havia se passado das duas da madrugada, e eu não avisei ninguém. Tinha um monte de mensagens da Nath pedindo pra eu atender o celular imediatamente, senão ela que iria comer meu cu, e disse que era urgente. Não sei sobre o que se trata, mas deve ser importante. Tinha mensagens da Sandra também, menos do Rey. Só das duas. Respondi elas, mas deu erro na mensagem. Eu estava sem internet, e também sem área alguma. Tentei ligar pra Nath, pra minha mãe, pro Marcus, e até pro Cass, mas estava encaminhando pra caixa de mensagens. Iria ligar pra Sandra, mas ela deve estar dormindo agora, afinal ela é humana, não é que nem meus familiares que dormem só de duas a três vezes por semana.

Eu: — Ô puta, tô tentando ligar, mas não vai. — deixei a mensagem de voz pra ela na caixa postal. Mas tá tranquilo.

Pelo menos eu achava que estava tranquilo, até o cheiro do ambiente mudar completamente. Uma sensação esquisita me tomou e meu coração acelerou a ponto de dar porradonas contra meu peito. Olhei para os cantos dos meus olhos e esperei algo, fiquei parado na rua deserta.

Eu: — Não tô gostando dessa brincadeira. — cantarolei e sorri de canto. Pela primeira vez senti um dos movimentos involuntários das minhas orelhas. O arco interno da minha orelha esquerda detectou algo no eco, algo suspeito. Me virei na mesma direção, e quase me assustei ao ver um cara sentado num banco de madeira distante. Respirei fundo e o homem acenou. Ele não estava ali antes. E esse cheiro... são flores... mas não flores normais. São lírios, e do tipo que eu conheço.

O homem se levantou do banco ainda distante e tirou as mãos dos bolsos. Percebi seus dedos finos na silhueta, mas não consegui distinguir muito bem seu rosto. Não está escuro o suficiente para que a visão noturna dos astrianos fique ativa, e nem claro o suficiente para iluminar aquelas feições desconhecidas. Mas a cada passo que aquilo dava, eu sentia algo muito... bom, o que me deu um sorriso instantâneo.

Eu: — Leto?

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