Capítulo 10

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Numa alta montanha coberta de neve, caimos, depois de alguns segundos de percurso dentro do portal.
   Estavamos a congelar pois, nossas vestes não eram as mais indicadas para o frio que se apresentava.
   Aquele enorme deserto gelado parecia como as ruas do terceiro reino só que muito mais amplo.
—Onde estamos ?–perguntei.
— Eu... eu não sei ...–Daemon tremia.
—A tua ferida está a abrir cada vez mais, temos de encontrar algum lugar para cuidar disso.–pego no braço de Daemon e subreponho-o aos meus ombros.
—Tens de ir sozinha Isa, não vou conseguir aguentar-me por muito tempo e se ficares aqui morrerás ao frio.
—Não deixarei-te aqui. Agora faz um esforço, iremos chegar a qualquer lugar.
Caminhamos pelo pavimento branco, descemos a montanha e depois de uma extensa caminhada chegamos numa pequena aldeia no meio do nada.
  Os tetos eram cobertos de neve e as casas eram minúsculas.
  Daemon escorria de sangue e eu mal  aguentava-me de pé mas, com os resquícios de força que tinha, bati em todas as portas que vi.
   A sorte não estava do nosso caminho  pois, ninguém estava disposto a dar-nos
guarida.
Bati numa porta de madeira clara e fina, da última casa que faltava do caminho percorrido.
Uma criança que aparentava ter por volta de quatro ou cinco anos abriu-a
—Pai, estão aqui pessoas !–ela gritou ainda dentro de casa.
 Um senhor de cabelos pretos e olhos castanho veio a correr até ao local do  acorrido.
 Dirige-se para fechar a mesma mas quando vê o estado em que Daemon encontrava-se deixou-nos entrar.
  — Muito agradecida ,senhor.–falei.
  —O rapaz pode  sentar-se ali.–já dentro da casa, o homem aponta para um pequeno sofá, coloco Daemon sentado nele.
Uma mulher de cabelos negros e olhos cor de castanhas, com um vestido longo de um tecido fino vermelho escuro e um pouco rasgado, entra pela sala com um balde de metal carregado de água com um pano no ombro.
—Agora preciso que fiques o mais quieto possível para não aleijar-te mais do que preciso.–falou a senhora enquanto molhava o pano na água limpando o sangue do peito de Daemon.
  Os olhos do príncipe enchiam-se de lágrimas e ficaram cada vez mais vermelhos quando a mulher começou enfeixar o peito do mesmo.
—Porquê que ele está a chorar ?–diz a menina escondida atrás do sofá.
—Vai para o teu quarto Ayla, iremos  chamar-te daqui a pouco.–falou a provável mãe da criança.
Com aquela ordem, ela andou cabisbaixa pelo pequeno corredor até que deixou-se de ver por onde ia .
— Mas afinal que raio aconteceu para este rapaz estar nesta miserável situação?– perguntou o senhor bastante incrédulo com tudo aquilo.
— Eu, eu...–por mais que odiasse Daemon, sentia pena por ele, então continuei a frase.
—Ele foi atacado por paycos, uma espécie de fadas da floresta das almas da parte mais obscura.
—Isso explica os ferimentos.–disse a mulher.
—Não quero ser indelicado mas, não temos quartos suficientes para vocês os dois, quando o rapaz sentir-se melhor, deviam ir embora.
—Yuri! Peço imensa desculpa pelo meu marido, ele não costuma ser assim.–falou a mulher.
— A verdade é que nós estamos a mais,  mal ele melhore iremos embora.–falo um pouco preocupada com tudo aquilo.
—Nada disso ! O rapaz mal anda, não deixarei-vos desamparados, iram embora quando tiver a certeza que ele está melhor.

—Nada disso ! O rapaz mal anda, não deixarei-vos desamparados, iram embora quando tiver a certeza que ele está melhor

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 O céu  já tinha ficado escuro e nós que estávamos dentro de casa iríamos comer a última refeição do dia.
—O jantar está pronto!–gritou a mulher.
Ayla corria pela casa até chegar à pequena cozinha, a menina tinha o cabelo do pai e os olhos azuis da mãe.
Enquanto isso, Yuri encaminhou-nos para a mesa.
  O corredor era estreito e só podia-se andar nele um de cada vez, o chão era todo de uma pedra extremamente fria tal como as paredes que nos cobriam.
—Então, de onde é que são?–perguntou a criança.
— Vivo quase ao lado do castelo do terceiro reino.– falou Daemon  um pouco recuperado, ele decidiu  não dizer quem realmente era para não assustar ninguém.
 —Isso não é longe daqui ?
— É quase do outro lado do reino, já que estamos no ponto mais a norte  do terceiro reino.–exprimiu a moça à filha que estava a saborear uma peça de carne mal passada.
—E como vieram aqui parar ?–perguntou Ayla.
—Bem ...– comecei a falar mas fui interrompida.
—Não achas que estás a fazer demasiadas perguntas pequena? Acho melhor ires para a tua cama, amanhã temos muito trabalho pela frente.–disse Yuri.
—Mas pai !
— Nada de pai, agora vai dormir Ayla, a mãe Camilla já vai ter contigo.
A criança sai repentinamente da sala de jantar e Camilla traz em suas mãos um cobertor bem longo e peludo.
—Só temos dois quartos, presumo que tenham de dormir na despensa, já a arrumei para poderem apoderar-se dela.
—Muito obrigada, estamos muito agradecidos pela vossa generosidade.-disse.
Camilla dirige-nos  para a despensa.
  As únicas coisa que iluminavam o local eram duas velas que estavam pousadas no chão.O sítio era tão pequeno que até mesmo eu que não passo de um metro e meio, não deitava-me confortavelmente.
  A cobrir o chão estava um lençol castanho com uma espécie de almofada.
—Anda, eu ajudo-te.–relatei a Daemon.
Segurei-o em meus braços com a maior delicadeza que consegui ter e agachei-o até deitar-lo por completo.
  Dirigi-me para o lado dele. Deitei-me com as mãos no peito e com os meus olhos fixos no teto para não olhar para a parte desnuda do peito de Daemon, por algum motivo que desconheço a minha respiração acelarou  e as minhas veias palpitavam em minha pele pálida.
Cobro-nos rapidamente.
—Isabella, ainda estás acordada ?–falou sussurrando e voltando-se para mim.
—Sim ... 
—Obrigado por estares  a fazer isto tudo.
—Eu não podia ter deixado-te ali a escorrer de sangue.
—Eu teria deixado-te.–ele riu-se.
—Felizmente não sou nada parecida contigo mas, se fazes tanta questão disso, para a próxima eu deixo-te morrer.
—Não vai haver próxima vez.
—Pois eu acho que sim.–sorri em silêncio.
—Achas que o Douglas vem atrás de nós ?
—Ele deixou-nos escapar mas talvez fosse só pelo sentimento de culpa, conhecendo o Douglas como conheço ele não vai parar até ter o que quer .–respondi.
—Não deixarei que isso aconteça.
—No estado que estás pode passar qualquer coisa por ti e não vais poder fazer nada.–disse.
—Sempre muito simpática, não é Isabella?
—Agora, tenta descansar.–resmunguei e ignorei-o.
—Porquê, não gostas de ouvir-me ?
—Não ...
—Não?–sussurrou perto do meu ouvido levantando-se lentamente– Acho que até gostas, baixinha ...– Daemon riu-se.
— Baixinha não, Daemon !
—Adoro quando ficas assim , chateada ...–voltou a rir-se
 —Vai descansar !
  

O tempo foi passando-se e todos dentro da casa já haviam adormecido

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O tempo foi passando-se e todos dentro da casa já haviam adormecido.
  Naquele habitação o único barulho que conseguia ouvir era o de Daemon a ressonar.
  Entretanto, apercebi-me de passos de imensa gente a bater na neve.
  O som das portas da aldeia a serem arrombadas com pontapés, pairou nos ouvidos de Daemon .
— Isa, acorda está alguém aqui.–sussurrou o príncipe.
—Estou acordada Daemon.
—Estão a invadir a aldeia ...–ele é interrompido pelo barulho da porta de casa a abrir  e ser invadida por  pelo menos dez homens armados.

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