Capítulo 17

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Depois do que ocorreu os meus pensamentos dançavam pela minha cabeça.
Talvez eu possa temer Douglas mas não por mim, temo que ele possa fazer algo a Ayla se descobrir o que aconteceu.
Quem conhece-o sabe o quanto ele pode ser cruel, frio e repugnante mas, eu consigo ver naqueles olhos que ainda pode existir algum pingo de amor, por mais insignificante que seja.
Já o amei...
  Acho que na verdade não é exatamente este tipo de sentimento, porém tenho a certeza que aproximava-se.
Ainda sinto-me apegada a ele, apesar dos momentos que vivemos, apesar de tudo, apesar de tudo ainda sinto o que senti no primeiro dia em que o vi mas, sentido de maneiras diferentes.
—Acho que devemos ir.–Augustus fala levantando-se da relva.
—Depois irei encontrar a sua égua princesa, não se preocupe.
—Está bem, vamos então.– disse eu por fim.
—Desta vez vai ter de vir comigo no cavalo...–o guarda relatou.
—É melhor não, não vamos piorar a situação.
— Prefere andar este caminho todo pela floresta? O crepúsculo já aproxima-se e não convém ficar este tempo aqui.
— Eu irei no cavalo mas nada vai acontecer, nem irei-lhe tocar !–afirmei.
—Como a princesa quiser.
Andei em direção ao cavalo negro onde rapidamente e deveras muito ágil Augustus sentou-se.
Aparentemente este animal era muito mais fácil de montar já que, eu também consegui, sem ajuda, fazer o mesmo.
Fomos caminho de onde viemos, os cascos da criatura negra calcavam as flores.
O equídeo cavalgava com velocidade, os meus cabelos esvoaçavam e uma grande parte deles colavam-se aos meus lábios.
Ele corria tanto, com tanta rapidez que mal conseguia ver o caminho à minha frente.
Involuntariamente segurei-me à cintura de Augustus firmemente.
Senti o perfume do rapaz, um cheiro suave mas ao mesmo tempo acolhedor.
Encostei-me às costas dele sem aperceber-me.
—Sente-se bem Isabella?–interrogou Augustus.
— Sim...–reagi, um pouco envergonhada.

As portas do castelo do terceiro reino abriram-se com a nossa chegada

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As portas do castelo do terceiro reino abriram-se com a nossa chegada.
Preferia estar em casa com os meus mas Douglas insistiu em ficar aqui e, por mais que eu tente debater, ele aprecia levar as suas ideias a avante.
Faz algum tempo que já não vejo meu pai e muito menos Yasmim, eu sei que a minha irmã está perfeitamente bem já que, finalmente Daemon aceitou todos os seus caprichos, casou com ela e até vive no meu reino.
Apenas sinto falta do meu pai mas, deve estar também demasiado ocupado com todas as suas amantes.
  Ainda não consigo olhar na cara dele depois do que vi-o a fazer com Alana porém, além de tudo, ainda é meu pai.
—Deseja alguma coisa princesa–pronunciou-se a dama de companhia ao ver-me passar pela bandeira com o lobo branco, símbolo do terceiro reino, subir as escadas feitas de mármore que levavam-me para os meus aposentos.
—Um chá com pétalas de crilzas, as criadas apanharam ontem da floresta, estou a precisar acalmar-me, pode trazer-me ao meu quarto se fosse possível .
—Mas aconteceu alguma coisas?–ela perguntou.
— Nada que diga-lhe respeito.– sei que fui um pouco bruta com ela mas, aquilo saiu-me da boca.
Abri a porta do meu dormitório, ou neste momento, o meu e de Douglas. Apesar de muitas das vezes ele dormir ou fora do castelo ou noutro lugar do mesmo.
Deitei-me na minha cama, estava a precisar mesmo dela !
Cobri-me nos lençóis e logo ouvi a voz rouca e grave de Augustus.
—Deixe isso que eu irei levar isto à princesa.–ouvi o guarda atrás da minha porta.
—Posso entrar princesa?
—Sim, entre.
Augustus colocou uma bandeja por cima dos meus joelhos.
—Se precisar de mim estarei à porta do seu quarto.
—Fique...– sussurrei um pouco alto de mais.
— Mas não acha que Douglas vai aborrecer-se?
—E o Augustus acha que eu importo-me com isso?
—Sente-se aqui.–apontei para o meu lado esquerdo.
  Sinceramente, não sei bem o porquê de estar a fazer aquilo, já tinha perdido completamente no controle à umas horas a trás e não queria que isso acontecesse de novo.
  Douglas é como um amigo que, por vezes tenho vontade de beijar e outras e estrangula-lo até à morte mas, mesmo com isso tudo, nunca quis ser infiel, mesmo sendo contra a minha vontade este matrimónio, eu não planeio fazer isso.
—O que iremos falar?-perguntou
—O que quer falar?
—Não faço a mínima ideia.–Augustus riu-se.
—Conte-me alguma coisa que nunca contou a ninguém.–falei e ajeitei-me na cama.
—A minha vida está toda exposta por todos os reinos, não à nada que ninguém já não saiba.O meu pai foi morto, a minha mãe teve de fugir se não iria ter o mesmo fim, a minha avó perdeu tudo depois da infeliz morte de sua mãe e o resto da minha família nem sabe da minha existência.
—Não sei o que ei de dizer...–exprimi.
—Não precisa dizer nada, Isabella.
—Agora é a minha vez, diga-me uma coisa que nunca disse a ninguém.
—Acho que é melhor não.
—Porquê princesa, está com medo?
—Não, não tenho medo, está bem, eu vou dizer-lhe mas não poderá contar a ninguém.
— Não irei.–respondeu o guarda.
  Confesso que aquela conversa da parte dele soou um pouco estranha mas, prossegui.
—Em toda a realeza dos três reinos eu sou a única sem poderes, nem uma mera gota de magia, só os mais próximos sabem, por isso não consegui curar-me facilmente, sou como todo o povo, sem nada.
— Não sei o que dizer...
—Não precisa dizer nada, Augustus.
—Sabe como está o príncipe Daemon?
—Não estrague o meu bom humor a falar dele.–relatei.
—Mas porquê que não o aprecia ?
—Não suporto nem olhar para a face dele, nunca gostei que chamassem-me baixa apesar de ter plena consciência de o ser, no primeiro dia em que vi-o foi exatamente isso que ele fez, a partir desse momento acho que os meus pensamentos em relação ao mesmo mudaram.

—Mas porquê que não o aprecia ?—Não suporto nem olhar para a face dele, nunca gostei que chamassem-me baixa apesar de ter plena consciência de o ser, no primeiro dia em que vi-o foi exatamente isso que ele fez, a partir desse momento acho que os m...

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Nunca pensei em chegar a este ponto mas a verdade é que tinha de sair das mãos do meu irmão de alguma forma, não estava a aguentar ser mais torturado.
Ele é um mostro e sinceramente ainda não consigo entender como é que Isa não o vê dessa forma.
A princesa sempre viveu no mundo onde as nuvens são coloridas, onde tudo para ela está bem.
Tenho pena dela, tenho pena pelo simples facto que quando Isabella encarar a realidade vai  deparar-se com um lugar completamente diferente, ela é muito ingénua.
  Além disso, só aceitei a proposta de Yasmim e sai do castelo porque tinha a certeza que Douglas não iria fazer nada à baixinha.
Sei que todos os herdeiros dos três reinos não são quem realmente fingem ser.
A minha vida sempre foi o que os outros quisessem que ela fosse.
Nunca quis ser rei de nada mas sei que vou ter de ser.É o sonho de meu pai ser rei, não o meu.
Quando olho para trás vejo exatamente a quem Douglas é parecido ...
Roger é tão inconveniente, horripilante e, em todos os lugares que passa devasta tudo à sua volta.
Não consigo entender o porquê de meu pai ter sido assim para mim, para minha mãe.
Lembro-me daquelas tardes quando era pequeno, ele pegava-me pelo casaco que recusava-me a retirar e levava-me para trás do castelo, no terceiro reino, perto no estábulo.
Sinto e vejo como fosse hoje, até porque não consigo esquecer os tempos que levo gravados em minha carne.
Os meus olhos ficavam vermelhos só de o ver a pegar naquele chicote castanho cheio de magia negra, ele enrolava-o na mão, aquele objeto era comandado para as minhas costas, deitava faíscas pretas que perfuravam-me o casaco até chegarem às minhas costas manchadas de sangue.
Roger nunca gostou de ser contrariado e eu sempre fui uma criança deveras aventuraria, adorava brincar no jardim com a neve, atirar pedras ao rio na floresta e sujar-me, sujar-me muito!
Chegava a casa imundo por essa razão, sempre achei que esta era a única razão para o que ele fazia-me, mas nunca tive a certeza disso.
Viver com Yasmim no primeiro reino tem essa vantagem apesar de ainda não  ter-me habituado ao tempo extremamente  quente.
Não tenho tantas memórias desses longos anos, nem vejo meu pai ,mas os pesadelos ainda permanecem .
Yasmim não é nem um pouco parecida com a irmã, não é mal humorada e diz que sim a qualquer coisa que eu digo, isso chateia-me às vezes.
Mas nunca foi Yasmim, e nunca será ela...
Sempre a considerei como uma irmã, como a minha melhor amiga.
Dês que crescemos as coisas tornaram-se estranhas, especialmente vindo da parte dela.
E em relação ao que ela sente, eu nunca poderei retribuir da mesma maneira.
—Príncepe Daemon, o jantar já está na mesa, o senhor Harry quer que compareça, disse que necessitava de falar consigo.–falou a dama de companhia enquanto eu me levantava da minha cama.

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