Capítulo 23

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Conseguimos sair facilmente da floresta das almas e seguimos caminho para o segundo reino onde iria decorrer a cerimônia de despedida do corpo de meu avô, com a leitura da sua herança e por sua vez, todos iriam descobrir quem Ablo deu o trono.
  Quando eu, Ayla e Augustus chegamos aos altos portões do segundo reino que já estavam abertos e mostravam uma vista para todo o povo, colocamos os cavalos do lado de fora, seguindo caminho até onde estava o  conselheiro do rei Ablo estava em cima de uma espécie de palco à espera que os presentes calassem-se.
—Onde estavas?–interrogou Douglas, depois de eu posicionar-me na primeira fila da plateia com um ar severo.
—O crepúsculo veio demasiado rápido e decidi estabelecer-me na floresta por uma noite por prevenção.–respondi.
— Prevenção Isabella, prevenção? Quem estava contigo?
—Não te preocupes, estava com Augustus, não aconteceu nada e mesmo que tivesse acontecido não estarias lá para socorrer-me.
—Não fales de coisas que não sabes, quero que a partir de agora fiques no castelo, ouviste?!–ordenou-me.
—Não mandas em mim Douglas, nunca irás mandar!
—Vê se tens modos para comigo, serei o teu rei e serás submissa a mim!– agarrou-me o pulso com extrema força e seus olhos escureceram.
  Consegui-me libertar e olhei de relance para o local onde Augustus tinha de permanecer junto dos outros guardas, presumo que tenha visto aquela situação mas não exprimiu nenhum sentimento, manteu-se naquela posição.
Quando estava prestes a voltar-me de novo para a frente, vejo dois vultos que estabelecem-se ao pé de mim.
—Olá cunhado!–Yasmim fala eufórica como sempre, dirigiu-se e abraçou o meu marido. Atrás dela estava Daemon e seus irmãos Denise e Dorian.
— Olá para ti também, irmã.– pronunciei-me.
—Não tinha-te visto irmãzinha, olá.–olhou-me de cima a baixo e  deu um pequeno aceno.
A passos largos, Daemon chegou-se para mim para cumprimentar-me, senti algo estranho em minha barriga ao olhar para aqueles olhos claros tão iluminados.
—Como estás, Isabella?–pegou rapidamente em minha mão e beijou-a, senti-me arrepiar.
  Retirei minha mão de perto de seus lábios e coloquei-nos a alguns metros de distância.
—Estou bem, e tu, como vens passado?     Por experiência própria, prevejo que não muito bem já que, tens de aturar a minha irmã.
— Vê lá como falas de mim, sua criatura !– Yasmim gritou e saiu de perto de Daemon para empurrar-me mas, o rapaz foi mais rápida e agarrou-a.
—Nem na cerimônia de nosso avó ages normalmente.–revirei os olhos.
—Sabes irmã, a única estranha aqui és tu, não admira seres uma criança mimada e revoltada porque nosso pai nunca amou-te tanto quanto a mim e não concedeu-te poderes, na realeza dos três reinos, tu és a única que merece apodrecer sem uma gota de magia junto com os que são iguais a ti!– aponta para os cidadãos que a olham confusos ao descobrir a minha maior diferença.
—Não tinhas esse direito Yasmim, não tinhas !–não aguentei aquilo e  as lágrimas escorreram-me pela minha cara,  saí daquele local para perto das escadas onde encontravam-se os guardas.
Sentei-me no último degrau com as pernas encostadas ao meu tronco, com os braços pousados em meus joelhos e com minha cabeça em cima das mãos.
Não precisava que ninguém dissesse-me que não era nada comparada com os "poderosos da realeza", eu já sabia disso!
  Não preciso que Yasmim esfregue-me na cara que Harry não ama-me, eu sei disso!
Por minha culpa a minha mãe não está cá, por minha culpa o meu pai não tem a família perfeita que sempre quis ter, ele, Hanna e minha irmã.
Eu sei disso tudo ...
Culpo-me todos os dias por infelizmente ter nascido, por  destruir  tudo o que toco mesmo sem ter poderes e lamento ainda mais que as pessoas olhem para mim com uma expressão de pena.
  Eu não pedi para nascer, apenas fui posta neste mundo horripilante...
Quanto mais tentava-me acalmar, pior parecia para conseguir conter meu choro.
  De repente umas mãos fortes mas suaves encostam-me nas costas.
Voltei-me para a pessoa que acabou por sentar-se ao meu lado.
— O que queres agora Daemon, vais acabar de dizer-me as coisas que Yasmim não me disse ?–falei sarcasticamente enxugando aquelas gotas salgadas na manga do vestido.
—Porquê que és assim, tão má? Só queria saber se estavas bem.–falou o príncipe.
— Como se realmente isso te importasse...
—E importa.– mas eu consegui.
—Olha Daemon, preciso estar sozinha, por algum tempo.
—Não irei deixar-te sozinha no meio desta multidão.
—Acho melhor voltares para perto na tua linda mulherzinha.
—Isso suou-me a ciúmes, não é?– riu-se.
—Ciúmes, de ti ?!–gargalhei.
—Sim de mim...–Daemon aproximou-se um pouco mais até conseguir encostar suas pernas nas minhas.
—Nunca sentiria ciúmes de ti .
—Duvido.–Daemon na maior rapidez começou a fazer-me cócegas nas partes laterais da barriga e eu sem conseguir suportar comecei a rir-me demasiado alto o que fez toda a atenção virar-se para o nosso lado.
—Para Daemon, para!–falei.
Ele ria-se ao ver-me naquele estado e só parou quando viu que já não suportava mais.
—Já sentes-te melhor?–perguntou-me
— Acho que sim...–respondi.
—Eu sei que não vais muito com a minha cara e acredita que sinceramente também não vou muito com a tua–surriu–mas acho que talvez estejas a precisar disto à muito tempo.–Daemon abraçou-me e eu instantaneamente, sem pensar na situação e nem em quem estava à minha volta, retribui.
  Aquele abraço provavelmente foi o mais caloroso que recebi em toda a minha vida, o que fez-me sentir de novo aquela sensação estranha na barriga.
  Quase que pressenti que ele sentiu o mesmo, já que abraçou-me ainda com mais força.
—Apesar de não gostar lá muito de ti, podes contar comigo, baixinha–disse Daemon.
—Baixinha não Daemon, baixinha não!–ri-me e de seguida, com a ajuda dele levantei-me das escadas e voltamos para o local onde estava Douglas,Yasmim,Dorian e Denise.
  E foi nesse instante que vi Augustus a olhar de relance para mim e não apresentava estar de bom humor.

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