Capítulo 25

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—O que foi aquilo Daemon ?– disse, sem saber muito bem como reagir depois daquela situação, nós estávamos a caminho da floresta das almas já que era perto de onde estávamos.
—Não ias entender...– ele baixou a cabeça repentinamente com um ar mal humorado.
—Se não contares-me, com certeza não irei entender.
—O que é que isso te importa?Falas assim como realmente te importasses com algum assunto vindo de mim.
—Mas importa!– gritei, depois disso um silêncio foi estabelecido entre nós.
  Durante todo o caminho existiu uma serenidade que por vezes incomodava-me, olhavamos um para o outro sem dizer uma única palavra...
  Pelo menos, cinco borboletas passaram por nós, apreciava aquele bater de asas tão encantador, tão livre, sempre quis ser livre como elas.
—Quando tinha por volta de uns cinco anos eu ia sempre brincar ao teu reino com a Yasmim, estávamos sempre do lado de fora porque eu não aguentava o calor dentro do castelo.Por vezes, o teu pai e até a tua mãe vinham ter conosco ao jardim e sentavam-se  no meio da relva. Eles falavam como fossemos da mesma idade que eles e isso provavelmente foi o que tornou a minha infância aceitável.– dirigiu-se Daemon a mim.
—Quando as vi– o príncipe apontou para as borboletas que estavam a ir na mesma direção que nós–lembrei-me desses tempos.A tua mãe contava-me que elas eram anjos que estavam aqui na terra para ajudar-nos.–falou por fim.
—O que são anjos?–perguntei um pouco envergonhada por não saber.
—É uma coisa que os humanos acreditam, como fosse uma espécie de criança mas com asas, pensava que sabias disto.
—Não, a minha mãe nunca teve tempo de contar-me...–falei e o silêncio voltou a estabelecer-se.
  Sem apercebemo-nos, já tinhamos chegado à floresta.
  Deitamo-nos na relva um pouco molhada de orvalho, a olhar para as nuvens, perto do lago.
Depois de algum tempo olhei para ele e este retribuiu o gesto.
—O que falavas com o meu pai?–interroguei-o.
—Ele nunca foi muito de falar, ele mandava alguns dos guardas trazerem brinquedos do reino humano e passávamos horas a mexer neles.
—Harry nunca fez isso comigo.–fixei o meu olhar no céu para não começar a chorar.
—Ele não é uma pessoa assim tão má como achas, Isa.
—Talvez...
—Como está a correr o reinado do teu pai, depois que Josepha morreu?–perguntei.
—Para o Roger, está a correr lindamente, sempre foi o que ele mais quis.–Daemon revira os olhos a falar daquilo.
 —A senhora Daiana ainda não faleceu, pois não?–interrogou-me.
—Felizmente a minha avó é forte, tenho a certeza que ainda vai durar alguns anos.–respondi.
—Então parece-me ser teimosa como a neta mais nova.–risse e fala de um modo sarcástico.
—Daemon!–digo um pouco mais alto que o habitual, sem pensar muito empurro-o para o lago.
  Levanto-me e começo a rir sem conseguir parar.
  Quando dei por mim, Daemon está numa das beiras do lago a puxar pela minha cintura para que eu me desequibra-se, foi isso que aconteceu.
Dei mesmo de cara na água e a minha roupa tornou-se completamente transparente, a dele estava exatamente como a minha.
  Não consegui controlar meus olhos quando, eles foram para o seu abdominal espetacularmente escultural.
Daemon riu-se e eu voltei do meu transe.
  As suas mãos ainda estavam na minha cintura, rapidamente tirei-as para fazer uma coisa muito melhor.
Atirava toda a água que conseguia para Daemon e ele sem esperar retaliou.
—Pára!–ria-me e gritava.
—Tu é que começaste, baixinha.–ele deu uma gargalhada quando falou a alcunha que ele tanto adora-me chamar.
—O quê que me chamaste ?!–cheguei-me um pouco para onde o príncipe estava e parei com a água.
—Baixinha.– ele também aproximou-se com um ar desafiador.
—Volta a repetir!
—Baixi...–ele não conseguiu acabar a frase já que enfiei a sua cabeça no lago e segurei-a para que ele ficasse naquele estado por um pouco.
—Agora já não consegues falar, pois não.–sorrio vitoriosa e logo depois deixei-o voltar com a cabeça à superfície.
Notei que seus olhos estavam pouco vermelhos e que estava chateado.
— Não voltes a fazer isso !–exigiu.
—Ou se não, fazes o quê?
—O que eu quiser.
—Como se realmente pudesses fazer tudo o que queres.–revirei os olhos.
—Não posso?–perguntou-me.
—Não!–neguei.
 Sem dar conta, Daemon volta a pegar na minha cintura, o que fez-me chocar com o seu corpo.
Retirou uma de suas mãos do local onde estava e colocou-a no meu rosto, logo depois inclinou-se, nossos lábios tocaram-se...
  Pensava que já havia sentido tudo o que tinha para sentir com Augustus, mas não, agora sei que não.
  A única coisa que eu conseguia pensar era como o rapaz que eu provavelmente menos gosto à face da terra a seguir de Douglas beija tão bem.
  O meu guarda fugiu-me completamente da cabeça quando, ele pegou em mim e sentou-me na beira do lago, posicionando-se entre as minhas pernas.
  Nossas bocas faziam uma dança em completa harmonia acompanhando a música que os pássaros davam-nos.
O beijo tornou-se mais rápido, por meros segundos tive a noção que já não tinha controle sobre meu corpo, acho que Daemon também não.
  Ele começou a tirar a sua roupa ensopada atirando-a para a relva e ajudou-me a fazer o mesmo.
Voltamos a colocar as nossas bocas uma na outra.
Dei-me conta do que estávamos a fazer e  nos riscos que tínhamos em ser apanhados.
Subitamente, afeitei-me dele.
—Daemon , o que estamos a fazer?!
—Não sabes o que estamos a fazer?
—É claro que sei, só que não devíamos.
—Não queres fazer isto?–falou com um ar confuso.
—Quero mas, é melhor não...–eu disse.
—Tudo bem, é como quiseres.–Daemon saiu do lago, sentou-se ao meu lado e logo depois empurrou-nos para deitamos-nos na relva.
 Nunca tinha tido aquela sensação antes, uma sensação de conforto...
 Naquele momento tive a certeza que nunca iríamos fazer nada que eu também não quisesse, senti-me protegida.
  As horas foram passando-se em  conversas sobre o que eu gostava e outras sem nenhum sentido .
—Daemon posso fazer-te uma pergunta?–perguntei, com a cabeça posta  no seu braço.
—Podes.
—Conheço Douglas muito bem e sei que talvez se lhe fizesses um ultimato em relação ao documento ele provavelmente cederia e contaria a verdade enquanto isso, vou ver se o consigo encontrar, o que achas da ideia?
—Acho que é exatamente isso que tenho de fazer.–ele levantou-se e rapidamente vestiu-se, as roupas já estavam secas.
—Já vais?–interroguei-o.
—Não há tempo a perder, pois não?–concordei com ele com a cabeça e também vesti-me.
—Vemo-nos por aí, tenho de ir para o teu reino para escrever a carta ao meu irmão.
—E eu irei para o teu.–rimo-nos e ele despediu-se de mim com um beijo na bochecha, o que fez-me ficar sem reação e corar.

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