Capítulo 20

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Penélope galopava até aos portões do terceiro reino, eles tinham uma estrutura bastante forte o que servia para proteger das possíveis ameaças.
   Eles fazia-me lembrar os do primeiro reino, o meu reino, apesar dos de lá serem bem mais claros.Tenho saudades da brisa do vento em tanto calor que lá vive. Aqui só existe neve, para qualquer lado tudo o que vemos é neve.
   Por isso,  gosto tanto de passar os meus dias na floresta das almas, onde nem é frio nem é calor, simplesmente é...
    As aves, o vento, o lago, a dança das árvores e o bater das folhas fazem uma música perfeita para meus ouvidos, quando vou para aquele lugar com os meus livros, sento-me e começo a desfolha-los, perco-me nas páginas e imagino as inúmeras histórias que estão para além desta barreira de magia.
    Um dos meus maiores sonhos é conhecer o mundo humano, olhar para eles, para pessoas iguais a mim, como será para além disto tudo?
   Confesso que por vezes sinto-me presa numa pequena caixa que está prestes a arrebentar, infelizmente ou felizmente ela nunca explode .
   Após o meu sinal a égua abrandou.
—Esqueceu-se de alguma coisa princesa ?– perguntou Augustus.
—Irei buscar um papel e uma pena, não irei demorar.–respondi antes de saltar do animal e dirigir-me de volta ao castelo.
    Voltei a virar-me para trás para falar com Ayla.
— Não saias daí pequena.
Continuei a correr.
Quando já estou dentro do castelo percebo que era perseguida  pelo meu guarda.
—Porquê que vieste, não era necessário.– falei.
—Era sim ...
—Irei até meus aposentos.–comuniquei.
—Muito bem.–Augustus faz que sim com a cabeça.
  Subi as escadas e abri a porta do meu quarto.
   Na mesa de cabeceira feita de madeira estava o que eu necessitava.
  Rapidamente peguei nos materiais e coloquei num bolso que tinha dentro do vestido, fechei a porta e saí a correr pelas escadas.
Uma por uma, cada vez mais rápido, comecei a não conseguir ver os meus pés apenas senti-me a cair mesmo de cabeça, tive a sensação do meu coração quase a sair-me pela boca.
   Coloquei as minhas mãos em frente para aparar a queda mas elas agarravam altos e fortes ombros que seguram a minha cintura com muita força.
  Olhei para quem ajudou-me e vi aqueles olhos castanhos que durante este tempo fizeram apaixonar-me.
— A princesa sente-se bem?–questionou Augustus.
— Sim, foi apenas um descuido, agora vamos que deixamos Ayla à espera.
    Sem aperceber-me o rapaz segura minha mão e seguimos para os cavalos.
   Atrás de nós, as portas do castelo fecham-se e voltamos para o sítio onde tínhamos parado.
Ao longe não consigo ver Penélope nem Ayla, começo a preocupar-me.
— Onde Ayla está, onde ela está ?– comecei a gritar.
— Não sei, ela permaneceu ali.– Augustus apontou para onde estava o cavalo dele.
Começamos a correr, quando chegamos ao local vimos as pegadas de Penélope que davam para a floresta.
- Não se preocupe princesa, iremos encontra-la, suba.–subi no animal onde Augustus já estava sentado.
    Cavalgamos  tão depressa que chegamos facilmente à floresta.
Entramos por ela a dentro, paramos e Augustus colocou o cavalo preso a uma árvore.
   Corremos enquanto calcavamos a relva.
—Ayla ! Ayla!– eu e o guarda gritavamos em uníssono.
  Não conseguia respirar, comecei a sentir náuseas e um aperto no peito preencheu-me.
    Afasto-me de perto de Augustus, olho para o sítio de onde a dor vinha.
Vejo meu colar a iluminar-se, meu coração palpitava cada vez mais.
  Sento-me no chão e espero pelo que sei que vem ter comigo, para apoiar-me.
—Ó minha filha, já faz algum tempo dês da última vez, não é ?–diz minha mãe com aquela voz tão serena.
    As lágrimas escorrem-me pelo rosto silenciosamente.
—Mãe, eu preciso da tua ajuda, não sei onde está Ayla, eu perdi a Ayla.– desato a chorar aos prantos.
—Não chores minha flor, ela é apenas uma criança inocente, está a brincar nos arbustos, bem perto daquela árvore ao lado do rio onde costumas ler.
Fiquei surpreendida pelo facto de Hanna saber aqueles lugares tão específicos.
—Eu vejo tudo, ouço tudo e até por vezes sinto o que sentes.–não sei como Hanna conseguiu ouvir meus pensamentos.
—Agora vai, a pequena está à tua espera. Estarei sempre contido quando precisares, sempre...
—Obrigada mãe.–levantei-me e ela desapareceu.
Voltei para perto de Augustus.
—Onde estava ?–ele interrogou-me.
—Vem, eu sei onde Ayla está.
—Mas...
  Agarrei-lhe pela mão e segui caminho até à tal árvore, sem sequer deixá-lo.
   À primeira vista, quando chegamos, não consegui ver nada.Mas de repente apercebi-me do movimento que estava para além dos arbustos. Senti no fundo do meu coração que era ela.
Fui para perto das plantas verdes e lá estava menina, a brincar com alguns ramos e com a relva húmida do chão.
—Ayla!–falei um pouco mais alto que o normal.
—Olá Isa!–a criança riu-se.
—Estou muito chateada contigo. – sentei-me ao lado da pequena enquanto o guarda posicionou-se atrás de mim.
—Desculpa...–Ayla baixou a cabeça.
—Não sei se de desculpo.
—Por favor Isa, não fiques assim comigo, eu prometo que não faço mais isto.
—Mesmo?–interroguei.
—Mesmo.
—Isa, quando vamos ver os dragões ?– perguntou ela.
—Daqui a pouco, mas primeiro, gostava de fazer uma coisa contigo.–coloco a minha mão no bolso do vestido e retiro os matérias.Rasgo o papel em dois, coloco uma das partes na mão de Ayla.
— O que dizes se escrevermos aqui todos os nossos desejos, cada vez que concretizarmos um, podemos riscar-lo.
—Achei uma ideia fantástica , só existe um problema, eu não sei escrever.
—Não te preocupes, eu escrevo por ti.
—Muito bem então.–Ayla voltou a rir-se.

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