Capítulo 32

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Estava tão feliz, depois de tanto tempo, os dias de terror acabaram.
  Apesar de tudo isso, a única coisa que realmente conseguia pensar era em Ayla, como ela estava.
— Podemos ir para o castelo?Eu quero ver como está a menina.– falei para os que estavam atrás de mim.
— Sim, claro que vamos, quero ver a minha neta.–presumo que Edson saiba que ela não nasceu de mim– o Daemon é o pai, não é?
Eu iria falar, mas o rapaz fez isso primeiro.
— Sou...
Não sei o porquê daquilo ter-me parecido estranho, tentei ignorar e ir andando para o castelo.
 No caminho, vi que as pessoas estavam a sorrir e tentavam reconstruir as coisas que foram destruídas ao longo de toda a guerra.
 Quando os guardas viram a nossa chegada, os portões abrirem-se e entramos, eles fizeram uma cara estranha ao ver Edson mas, decidiram não interferir.
Quando já estávamos lá dentro, comecei a correr até às escadas, nem olhei para trás porém  sabia que também estavam a subir pelo som do calçado a bater.
  Estava tão ansiosa por ver aquela carinha linda, um pouco rosada.
  Nunca pensei que era possível amar tanto alguém, mas com ela é diferente, quando estou com Ayla sinto que as horas não passam, estou completamente calmas apesar de meu coração bater mais forte, é uma sensação inexplicável.
—Onde está Ayla?–perguntei a um dos guardas que estava por perto.
— A menina está em seu quarto, princesa.–agradeci, eu Yasmim, Edson e Daemon seguimos para aquele local.
A porta estava semi-aberta então, entrámos.
De início, ela não apercebeu-se que estamos ali, Ayla sorria com o livro que Daemon deu-lhe, quando começamos a andar para perto dela, esta reparou que estamos ali.
—Estas a gostar do livro?–Daemon perguntou já com os braços abertos à espera dela.
—Pai!–ela gritou e correu para abraça-lo, foi a primeira vez que ela disse aquilo em voz alta, não conseguia parar de rir e vejo que Daemon estava quase a chorar com tudo aquilo.
—E eu, não mereço um abraço?–interroguei-a.
—Claro!–cheguei-me mais perto, ela agarrou-me, com isso, encostei-me a Daemon que estava ao meu lado.
  Senti as minhas bochechas queimarem, sai da beira deles para que estes não notassem tudo aquilo.
Quando fiz aquilo, vi que Ayla olhou para meu pai.
— Quem é este senhor?
— É o teu avô.–respondi.
—E o avô Harry?
—Também é teu avô.
— Então, tenho dois avôs?
—Sim.–ri-me.
  Sem nenhum motivo aparente, ela correu para Edson e abraçou-o.
— Nós vamos deixar-vos conversar, está bem?–Yasmim interviu, e nos os três, eu Daemon e minha irmã decidimos ir para o salão para que eles se conhecessem.
  Estávamos praticamente nas últimas escadas quando Harry e Allana apareceram-nos à frente.
—Precisamos falar convosco.–disseram em uníssono.
  Da última vez que disseram isso, as coisas não correram assim tão bem, só espero que este não seja o caso.
— Queremos assumir o nosso relacionamento, sempre fomos apaixonados um pelo outro mas tínhamos medo do que poderia acontecer.–meu pai começou por falar.
  Não era novidade para ninguém que eles estavam envolvidos, apesar disso, ainda sentia-me um pouco desconfortável em relação aquele assunto.
— Sabemos que não aprovam, mas é muito complicado para nós estar a esconder isto à tanto tempo.–Alana ressaltou.
— Nós já sabíamos, notava-se ao longe todo esse vosso sentimento.–Daemon falou e Yasmim concordou com a afirmação.
Não tinha nenhuma expressão então, todos ficaram a olhar para mim.
— Têm todo o meu apoio.–falei por fim.
  Eles sorriram com um ar aliviado.
— Obrigado, minha querida.–Harry puxou-me para  meio deles.
Apesar de já ter absorvido toda aquela informação e realmente ter aceito tudo aquilo, precisava dum ar puro para relaxar.
— Vou para a floresta está bem?
— Mas estás bem?–Daemon perguntou-me.
—Sim...
  Sai do salão e depois de sair pela porta dirigi-me para o estábulo, sentei-me em Penélope e galopamos.
  Ao longo do caminho, senti uma sensação inovadora.
  Eu estava livre, e mesmo depois do céu consegui ver um outro mundo.
  Naquele momento, percebi muito sobre a vida, sempre disseram-me para ter cuidado porque aquilo poderia causar-me medo.
  Agora sei que o medo não é nada comparado com aquilo que sou, e se tivermos medo, a única coisa que temos de fazer é apenas enfrenta-lo.
  Realmente, o mundo pode ser escuro, triste e por vezes injusto, mas se olharmos com outros olhos podemos ver as maravilhas que ele pode-nos trazer.
  Só senti que já tinha chegado à floresta das almas quando uma maravilhosa brisa bateu-me na cara.
  Sai de cima de minha égua e fomos as duas para o lindo lago onde passei grande parte da minha vida.
  Encostei-me numa das enormes árvores a olhar para algo maior que eu, lembrei-me de quando era pequena e do quanto gostava de apreciar o céu, ainda gosto, mas agora tem outros significados.
  Como é bom por vezes sairmos do nosso mundo e respirar um bom ar preenchido de esperança.
  Coloquei minhas mãos no chão para sentir o dançar da relva e por meros segundos fechei os meus olhos.
—Isa,Isa...–senti alguém com uma voz suave a tocar em meu ombro.
Abri vagarosamente os olhos e vi que era ela...
— Mãe?
— Olá meu amor, estou tão orgulhosa de ti,eu sei que foi difícil o que passaste,eu consigo sentir a tua dor, mas sei que és forte o suficiente para enfrentar tudo isto e muito mais, eu sempre soube que ias conseguir.
— Como é que sabias?
— Porque sei o quão incrível a minha filha é.
Não esperei nem mais um segundo e fui parar em seus braços.
  Senti cada centímetro de sua pele, ela era macia, e aqueles olhos claros brilhavam com estrelas.
Senti-me a levantar quando olhei para meus pés que estavam a flutuar no ar, estava no colo de Hanna e por mais que não soubesse para onde levava-me  sei que estava segura.
   Reparei que paramos, voltei a olhar para baixo, estávamos em cima duma nuvem, virei-me para ela e sorri ao perceber o que era aquilo.
— Então, vamos concretizar um sonho?–interrogou-me.
—Sim!–gritei empolgada.
  Ela passou a agarrar minhas mãos o que nos fez rodopiar pelo céu.
— Não sei dançar!–afirmei ainda numa autêntica risota.
—Parece que então vai ser hoje que vais aprender.–minha mãe disse.
  Os nossos pés, assim como todo o nosso corpo voava, porém parecia que existia um chão que nos segurava e fazia com que fizéssemos passos de alguma dança.
  Agarrei-me a seu pescoço para apreciar mais de perto sua face, era tão bela...
—Acho que tens pessoas à tua espera.– não entendi até ela apontar para o chão e dirigimos-nos  ao mesmo.
— O que fazem aqui?–falei já com os pés assentes em terra, depois despedi-me da minha mãe que logo desapareceu.
—Viemos ter contigo para fazer umas coisas.–Daemon abanou o papel que tive a certeza ser aquele que escrevi com Ayla.
—Aquela era a avó não era? Sendo assim, um dos desejos já está feito!–a pequena pronunciou-se, o rapaz fez uma cara estranha, percebi que apenas a criança  conseguiu vê-la.
Daemon pegou numa pena que estava num dos bolsos de sua vestimenta e pelo gesto,presumo que tenha riscado essa parte.
— Não podemos perder tempo, a viagem ainda é longa.
— E para onde vamos?–perguntei.
—Depois vês, agora anda.– Ayla agarrou na minha mão e fez-me correr até ao cavalo, vi que eles também traziam um, este era castanho com algumas manchas brancas.

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