Capítulo 28

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Já era de manhã, a minha noite no terceiro reino foi calma, apesar de ter refletido muito sobre o que ouvi da parte de Augustus.
   Não sei como vou dizer a Isa mas, vou ter de o fazer.
   A senhora que esteve a cuidar de mim disse que já podia ir embora então, sai da cama onde ainda estava deitado perplexo a olhar para uma parede de pedra, sem nenhum sentido aparente para aquela ação. 
— Onde está a princesa ?– disse para um dos guardas que estava na porta.
—Esta na hora do pequeno almoço da menina, por isso, deve estar no salão a comer a sua refeição.–respondeu-me.
—Obrigado.– dirigi-me para onde o homem tinha falado, e ali estava ela, com um vestido lindo em tons de um vermelho claro com alguns pormenores cintilantes.
Apesar de estar sentada conseguia-se ver suas definidas curvas.
  Era estranho ver uma Morganster na mesa de um Tarfild, especialmente vindo de Isabella.
  Meu pai e minha mãe ainda vivem aqui, não sei como Isa, com aquele feitio não imbirrou com meu progenitor, eles estavam todos sentados e eu decidi fazer o mesmo, acomodando-me ao lado dela.
— Como estás, sentes-te melhor ?– perguntou a menina.
— Sim, muito melhor, além disso, tenho de  agradece-te por teres-me salvo, se não fosses tu, provavelmente não estaria aqui.–ressaltei o episódio de ontem.
— O que interessa é que nada de mal aconteceu.– ela esboçou um sorriso e eu retribui.
— E pode-se saber o que aconteceu?– Roger virou sua cabeça em minha direção com aquele ar repugnante.
— Não, não se pode.–falei do mesmo modo como ele havia se dirigido a mim.
  Ele revirou ou olhos e mexeu-se na cadeira como algo lhe estivesse a atormentar.
— Sempre soube que não servias para nada, apenas não sabia que também cresceste um mal educado.– decidi ignorar aquele cometário já que tinha assuntos muito mais importantes para tratar.
— Isa, precisamos falar, a sós se for possível.- voltei a olhar para o rei do terceiro reino.
— Vamos para o jardim.–relatou-me
Seguimos até ao local.
Do lado de fora não via-se uma única nuvem mas o nevoeiro cobria o céu, dava para ver perfeitamente os flocos de neve a cair no chão já coberto de neve.
  Clidriam é enorme mas de uma coisa é certa, aqui com certeza é o lugar mais gelado de todos.
Lembrei-me da primeira vez que Isa veio aqui, continua com o mesmo deslumbre no olhar.
  Atirou-me com uma bola de neve à cara e eu fiz o mesmo, começamos às gargalhadas como duas autênticas crianças.
— Do que querias falar?
— Sei que vai parecer estranho e talvez possas até não acreditar.– comecei por pronunciar.–Mas ontem, ouvi uma conversa muito estranha da parte de Augustus com alguém, ele falava coisas sobre ti, disse que contou tudo o que sabia para aquela tal pessoa.
— Isso são ciúmes?– Isa exprimiu-se.
— Ciúmes? De ti?–sorri sarcasticamente.
—Se queres-me colocar contra ele acho que vais ter de esforçar-te mais.
— Isa, pelo menos uma vez na vida ouve o que os outros dizem-te, ele não é uma boa pessoa!– confesso que exaltei-me um pouco.
— Porquê que estás a mentir, o que tens a ganhar com isso ?
— Não estou a ment...–fui interrompido.
— Estás sim! Neste momento, não consigo respirar o mesmo ar que um mentiroso como tu, não sei o porquê de estares a fazer isso mas já digo que não irá resultar, agora faz um favor a ti mesmo e, sai daqui!–ela apontou o dedo para aquele portão enorme com aquela abastada fortificação que percorria o castelo concêntrico a toda a volta.
  Não podia sair sem o casaco que tinha deixado onde passei a noite então, voltei para dentro do castelo e dirigi-me para o local.
  Durante o caminho, vi de novo o meu pai que parecia ter um olhar reprovador mas com um sorriso estampado na cara.
  Douglas felizmente não passou a noite cá, se ele aparece-me à frente tinha medo do que podia fazer.
— Sabe onde está o meu casaco?– falei com a tal senhora.
— A menina Isabella pediu para que os guardas o levassem para os seus aposentos, presumo que deva estar lá.
    Quando subi as escadas perguntei a um dos guardas onde era o dormitório da princesa e qual foi o meu espanto quando referiram o sítio onde antes era o meu quarto.
  Assustei-me quando entrei nele, ele estava em tons demasiado claros que até ofuscaram-me, tinha plantas e livros espalhadas por todos os cantos, com tinta colorida, trazida da terra humana em algumas  partes do chão, com quadros de paisagens linda, que presumo terem sido pintadas por ela junto daquelas manchas.
  Avistei o meu casaco em cima de uma poltrona e fui lá para o pegar.
  Sem nenhum sentido aparente, quando coloquei a mão no mesmo, o meu olhar desviou-se para a mesa de trabalho, para um papel em específico.
  Tentei não ser bisbilhoteiro mas a curiosidade foi mais forte que eu e aproximei-me dele para o conseguir ver.
  Verifiquei se não tinha ninguém na porta e comecei por abri-lo.
 " Lista de desejos de Isa", este era o título escrito provavelmente com uma pena, feito com certeza pela princesa, nota-se que a escrita é a dela porque em todo o lado está espalhado tinta, como ela é desajeitada.
"Dormir ao sabor das estrelas"
"Correr descalça pela terra com uma pessoa especial."
"Viajar até o mundo humano."
"

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