Capítulo 29

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Não consegui acreditar quando Daemon disse aquilo sobre Augustus, o que ele achava que estava a fazer?
  Ele deve pensar que colocava-me contra ele assim tão facilmente.
  Tentei descansar mas não consegui com  o barulho dos bombardeamentos, do fogo e dos cavalos a relinchar.
  Douglas queria o segundo reino a qualquer custo e seu pai Roger, apoiava-o, já que pretendia ter o controle do trono.
  Apesar disso tudo, Daemon continuava implacável, todos os dias havia notícias de soldados mortos na guerra mas, o orgulho de meu marido não o fazia parar e até começou a enviar pessoas do povo para o ocorrido, como é óbvio, praticamente todas morram.
  Existia dias que passava o tempo todo nos meus aposentos com Ayla no meu colo, consolava-a para que ela se acalma-se mas quem realmente precisa de consolo era eu.
  Por vezes, Augustus batia na porta para ver como estávamos e logo depois voltava ao seu posto, felizmente ele não foi colocado para a guerra, não sei como ficava se algo lhe acontecesse.
  Não sei o porquê, mesmo que tenha sido por alguns instantes, achei que Douglas seria um homem bom, já era de esperar que acreditasse nisso, com aquela ingenuidade que todos dizem que tenho.
   Nunca ouvi mais nada sobre Harry dês que o apanhei com Alana, se já o perdoei?
Confesso que sim, apesar de não o querer ter feito.Porém, tive de refletir que ele não deixa de ser meu pai e muito menos o facto dele ter sido o único a estar comigo em todos os momentos terríveis.
  Sem nenhum sentido aparente, uma pontada demasiado forte estabelece-se no meu peito e coloco a minha mão por cima de onde estava-me a doer.
— Estás bem?–Ayla perguntou-me ao ver a minha cara, nós ainda estávamos em cima de minha cama enroladas nos lençóis.
— Estou bem, meu amor.– falei, apesar de não estar, senti que algo iria acontecer, apenas não sei o quê.
— Podemos ir para o jardim?
— Acho melhor não Ayla, a cada dia que passa a guerra fica pior.
—Por favor...–ela juntou os lábios em sinal de súplica.
—Está bem, vamos, mas não podemos estar lá muito tempo.–a menina sorriu com um ar vitorioso.
  Descemos as escadas e fomos parar ao jardim, os soldados rodeavam o local para que nada nos acontecesse.
  Ayla começou a correr pela relva cheia de neve enquanto eu apreciava a felicidade dela.
  Uma dor na cabeça preencheu-me, senti que algo não estava certo, que algo estava prestes a acontecer.
Parece que quanto mais pensava nisso, mais aquilo acontecia.
  Um dos soldados agarrou no meu braço e outro foi atrás da menina.
  Vi que o fogo estava a alastrar-se para o castelo, atiravam setas numa espécie de carruagens, tive medo, não por mim mas sim pelo que poderia acontecer à criança que considero como filha.
  Quando olhei para a frente vi que Daemon estava em frente aos portões o que fez-me arrepiar quando o vi também na batalha.
  Roger ao ver tudo aquilo, começou a correr até a entrada.
  Soldados estavam deitados no chão cobertos do próprio sangue.
  Mal a porta abre-se, o rei do terceiro reino é atingido com uma seta no peito, fiquei aterrorizada com aquela situação.
  Não consegui-me mexer e mesmo que quisesse não conseguia com os guardas ao meu lado, tapei os olhos de Ayla para era não ver aquelas coisas honrosas.
— Levem-na para dentro!–ordenei.
— Tem de vir também conosco, não a podemos deixar aqui, o senhor Douglas não iria...–interrompi-o.
—Já!–ordeno.
  Douglas é um autêntico cobarde e disso todos já sabiam, provavelmente ele devia estar sentado em seu quarto a rir-se.
  Depois de respirar fundo, segui caminho até onde estava Roger, naquele momento não pensei em ser atingida, apenas em salvar-lo.
   Ajoelhei-me naquele chão congelante e rasguei um pedaço do meu vestido para conseguir estancar aquele ferimento.
  As minhas mãos estavam cheias de um autêntico mar vermelho e desatei em choro, sem saber o que fazer.
  O coração de Roger ainda batia o que fez-me sentir aliviada e nesse mesmo instante vejo que Daemon foi atingido de raspão com uma espada quando avistou-nos e correu para onde estávamos.
— A tua cara...–falei, apontei para aquele arranhão.
— Isso agora não é importante.– Daemon respondeu-me, sentando-se e ajudou-me com seu pai.
  Consegui sentir que os poderes de Roger estavam fracos através da sua maneira de respirar, se não tivéssemos num lugar um pouco mais escondido não sei o que poderia acontecer.
—Daemon...–Roger começou a sussurrar.
— Não fales.–o filho disse.
—Tenho de dizer, o trono é teu meu filho, eu sei que nunca fui justo contigo, mas apesar de tudo sempre amei-te,mesmo tu não sendo...–o vento suspirou e nesse mesmo instante levou-o consigo.
E Roger morreu...
  Quando vi que Daemon estava prestes a desabar, a carruagem com as cores brilhantes do primeiro reino, pára mesmo à nossa frente, dá para entender que, durante o caminho, também tentaram atacar o meio de transporte.
  Vejo que ali estava meu pai, Dorian, Denise, minha avó Daiana e Yasmim.
A minha irmã e minha cunhada permaneceram dentro da carruagem enquanto os outros saíram a correr.
   Harry apressa-se para meus braços, incrédulo com aquela situação, ele olha para Daemon com um ar tão sincero que voltei a chorar.
— Porquê que vieram aqui, saiam!Isto está demasiado perigoso.–o novo rei do terceiro reino depois da coroação gritou.
  Dorian ao ver seu pai estendido no chão foi ter com ele.
  Um vulto chegou perto do rapaz e uma espada afiada  percorreu  suas costas o que fez-me gritar.
  Dorian com a arma ainda no corpo, cai no cadáver do pai.
  Não tinha nem mais lágrimas para chorar então, fiquei apenas ali, perplexa com aquela situação.
Daemon enfurecido, levanta-se e corre até chegar perto do assassino de seu irmão,com um simples murro, o homem é atirado ao céu, só o voltei a ver quando caiu no chão já completamente destruído.
Depois daquele ato, Daemon cai no chão, perto dos seus entes queridos já mortos.
Já não existia mais raiva naqueles olhos azuis, apenas tristeza.
 Comecei a tremer e Harry abraçou-me.
— Minha querida, se algo acontecer, o trono é teu, acho que vais ser uma ótima rainha, já falei com Yasmim, ela aceitou...– vi que ele tinha a mesma infeliz intuição em relação a minha avó, uma lágrima escorreu-me pelo rosto depois daquilo.
  Não conseguia ver mais aquela situação então, comecei a falar para os que ainda estavam na carruagem também ouvisse-me.
—Vamos para dentro do castelo!
Aos meus comandos todos seguiriam caminho até à entrada, os meus guardas não deixaram ninguém entrar o que fez-me sorrir no meu de tudo aquilo.
  Daemon de prenssipio, não queria sair dali, não queria desapegar do corpo de  seus parentes, apesar depois de vir conosco, deu-me a impressão que tinha algo para resolver com o irmão, que sentia-se culpado por algo que havia acontecido.
  Alana mãe de Daemon, estava na porta do castelo quando entrámos, senti-me aliviada quando os portões fecharam.
Aliviada até ver quem tinha deixado para trás.
— Vou ficar por meu povo meu amor, vais ser uma rainha incrível, estarei sempre contigo, sempre.–a minha avó Daiana sorriu mesmo com as lágrimas nos olhos, sabendo se ficasse ali morreria.
  Sei que não podia fazer nada mesmo que quisesse, era a decisão dela...
Apenas ajoelhei-me no chão e desatei num choro sem fim.
  No amor não existe um meio termo, ou ele faz-te a pessoa mais feliz de sempre, ou ele destrói-te, neste caso e depois disto tudo sei que ele nos destruiu completamente.

  

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