Não podia acreditar que meu avô havia morrido.
Confesso que nunca fomos tão próximos como ele e Daemon já que estive durante cinco anos no primeiro reino mas, mesmo assim, não deixa de ser meu avô.Estava no meu quarto e encostei-me à parte de baixo da cama.
Douglas nestes dias andava muito distante, quase não parava no castelo e nas vezes que aqui estava, apenas vinha para buscar material para a caçada.
Já não partilhavamos os aposentos e sinceramente não sei o porquê porém, confesso que agradou-me um pouco a ideia.
Augustus, o que posso falar dele...
Em algumas palavras ele é simplesmente tudo o que sempre desejei, é agradável, adora o ar livre, é forte, vistoso e ao mesmo tempo bastante sensível, encanta-me aquele olhar penetrante que até por vezes faz-me enlouquecer .
Sei que ele tem medo de arriscar, de sermos apanhados em algum instante, mas realmente, não me importo.
Nunca quis ser infiel mas Augustus faz-me sentir algo de outro mundo.
Estava a ler um livro de capa dura , um dos meus preferidos, ele foi trazido do mundo mortal, foi uma das prendas que recebi no meu baile de cinco anos.
—Isa ! Podemos ir à floresta, tu prometeste que íamos ver os dragões, por favor, por favor.–suplicou Ayla depois de abrir a porta muito rapidamente.
— Sabes que Douglas não gosta se formos sem supervisão, pequena.–respondi.
— O Augustus pode vir conosco, além disso vocês os dois convivem muito.
Naquele momento fiquei sem saber o que dizer ou o que pensar, será que está muito aparente?Será que foi por isso que Douglas distanciou-se ? Será que mais alguém apercebeu-se? A minha cabeça estava ao rubro.
— Precisam de ajuda, senhoras ?– perguntou Augustus ao pé da entrada.
Corei de uma tal maneira que meu rosto mais parecia aqueles morangos que são cultivados pelos humanos.
Levantei-me num instante, ajeitei a parte de traz do meu vestido de seda em tons de azul bastante claro.
—Na verdade sim, precisamos de dois cavalos pois iremos à floresta das almas.–exigiu Ayla.
— Muito bem então, irei buscar Penélope e mais um cavalo e iremos, se permitem-me, vou dirigir-me até ao estábulo.
—Rápido! rápido!–saltitou a menina.
Fui procurar depressa a minha bolsa no meu abastado guarda roupa antes que as minhas damas de companhia entrassem a correr a perguntar o que eu precisava.
Andei até ao local onde estava antes sentada, perto do amplo tapete, peguei no meu livro e coloquei-o na bolsa.
—Vamos indo para o jardim, esperamos por Augustus lá.–disse.
Eu e Ayla passamos de mãos dadas pelos corredores e paredes recheadas de quadros com a família real neles, descemos as escadas feitas de mármore e, andamos disparadas até ao portão principal onde estavam dois altos guardas com um tipo de instrumentos afiado na mão.
Fomos para a relva e cheiramos o belo e doce aroma que o ar trazia para nossas narinas, ele era bastante frio e os flocos de neve caiam-me na cabeça.
—Podemos apanhar as flores daqui?- interrogou a pequena criança.
Aquelas plantas eram apenas encontradas no terceiro reino, eram de várias tonalidades de azul.
—Sim, claro, as flores crescem logo a seguir que são arrancada. Vamos apanhar algumas para fazer coroas com elas.
—Conseguimos fazer?–ela perguntou-me.
—É óbvio, nunca fizeste?–questionei
—Não existem muitas flores destas na minha aldeia.
Começamos a colhe-las, elas tinham variados. Posicionei as mesmas contra a palma da minha mão e voltei a passear pela neve até encontrar-me de novo com Ayla que, ainda colher.
—Já acabaste?–falei.
—Sim, e agora como fazemos as coroas ?
—Temos de enrrula-las muito bem até formarem uma espécie de arco, vem , senta-te, irei mostrar-te .
—Os cavalos já estão prontos senhoras, além disso, adorei as flores em vossas cabeças.–dirigiu-se Augustus a nós.
— Eu e Isa fizemos, com as nossas próprias mão.
—Estou muito surpreendido por tais qualidades.–ele riu-se.
—Acho melhor acabarmos com a conversa antes que escureça e sabem o quanto a floresta das almas pode ser perigosa pela noite.–Augustus disse e cruzou os braços.
Tentava fingir estar contente, feliz, para que Ayla não sentisse-se mal ao ver-me mal. Não suportava pensar na morte de meu avô, agora eu interpretava o papel de uma pessoa totalmente bem e alegre.
Peguei ao colo Ayla e coloquei-a em Penélope.
—Quer ajuda a subir princesa?–perguntou Augustus, um pouco desconfortável pela situação que nos deparava-mos.
—Não é preciso, obrigada, acho que aprendi desta vez.–saltei para cima da minha égua onde Ayla estava à frente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Herdeiros de um só Trono
FantasyMais perto do que todos imaginam um mundo de seres peculiares é escondido por uma barreira feita de uma imensa e poderosa magia. Esse pequeno pedaço de terra, rodeado pelo mar é Clidriam ,constituída por três reinos , cada um com as suas diferent...