Capítulo 22

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Realmente já estava a ficar de noite porém, uma das coisas que eu mais amo é apreciar as estrelas.
Dirigi-me em pés de lã de volta à tal árvore.
—Menina, não acha que já está tarde ?–falou Augustus.
—Não...Anda, vem aqui, anda ver as estrelas comigo.–respondi .
  O rapaz mesmo não contente com a minha resposta chegou perto de mim e encostou-se à árvore.
—Vez como são lindas...
—Pessoas como eu não têm tempo para coisas tão banais como ver estrelas.–respondeu o guarda.
—Acho que precisas de um tempo para ti, até as coisas que achamos banais são necessárias se não, não havia lógica delas existirem, tudo é importante.–agarrei-lhe a mão, olhei para seus olhos e por meros segundos consegui sentir os palpitares daquele acelerado coração.
Ele entrou em minha alma e, em sussurros disse:
—Eu sei...
Apesar de não saber os nomes de todas as estrelas, tentei explicar um pouco sobre elas e onde localizavam-se as constelações que conhecia.
—Sabes Augustus, existe uma lenda muito antiga sobre uma linda princesa de peles macias Calisto, sua beleza encantava tanto homens comuns com deuses.Zeus apaixonou-se perdidamente pela mulher, apesar de já estar casado com Hera.–comecei por dizer.
—Viveram um intenso romance e desse amor surgiu um filho, Arcas.– voltei a olhar para as estrelas.
—Tudo corria como um conto de fadas, o único problema, é que na realidade , na cruel vida, eles não existem e Hera descobriu mais uma das tradições de seu esposo.Então, a deusa enfurecida transformou Calisto num selvagem urso, sua doce pele tornou-se pelo, suas suaves mãos viraram enormes garras.– Augustus olhou para mim com um ar interessado.
—A ursa caminhou para a floresta onde abrigou-se e viveu mas, sempre à espera que seu amado resgatasse-a.
Infelizmente, isso não aconteceu.
Zeus não queria enervar ainda mais a mulher então, deixou a situação tal com estava.–ao falar isto eu e o rapaz aproximamos-no.
—Apesar dos riscos de ser cassada, Calisto por trás da floresta via seu filho a brincar com a esperança de rever a mãe, o seu coração enchia-se.–respirei um pouco mais fundo que o normal.
—Os tempos foram passando e Arcas havia tornado-se homem, aventurava-se pela floresta quando avistou um urso que mal sabia que era sua progenitora e, por tempos Calisto esqueceu-se de quem tornou-se e em movimentos rápidos levantou-se para abraçar o filho.O homem a pensar  que ia ser atacado, apontou o arco que estava em sua mão mesmo para o meio do peito da mulher.–sinti-me um pouco triste ao dizer aquilo.
—Zeus viu tal acontecimento e decidiu intervir, assim, este transformou os dois em extraordinárias e belas constelações.A constelação de Calisto ficou conhecida por ursa maior e de seu filho por ursa menor.–falei por fim.
—Nunca tinha ouvido tal história.–afirmou Augustus.
—Nunca tinha visto os teus olhos tão iluminados...–corei.
As árvores dançavam com o sabor da brisa, senti aquele aroma inundar-me o corpo e apreciei tudo o que estava a acontecer à minha volta.
Os nossos olhares alinharam-se, Augustus sorriu levemente e eu retribui ainda de mão dada com ele.
—Não devíamos estar aqui Isa, e se Douglas...–interrompi-lhe, por acabou a frase.
— E se aproveitasses o momento, só tu, eu e as estrelas, esquece o mundo lá fora, vive o agora, neste momento só quero estar contigo Augustus, só contigo – coloquei minhas mãos sobre a áspera face do rapaz.
—Tu és demais para mim, uma pessoa como eu nunca irá ter alguém como tu, eu não devia sentir isto que sinto, mas sinto ...Fazes-me enlouquecer Isabela Morganster, estou a enlouquecer e começo a aperceber-me que já não tenho controlo dos meus sentimentos quando estou contigo, porquê que fazes isto, porquê?!–colocou suas mãos sobre as minhas.
—Porque também gosto de ti Augustus.– cheguei-me rapidamente para seus lábios e dirigi seu rosto para o meu.
Os segundos, os minutos ou até mesmo as horas pararam e eu só senti sua boca quente e com um leve sabor a menta na minha.
O beijo antes bastante lento tornou-se mais profundo o que me fez-me ficar de costas para a árvore.
— És só minha Isa, só minha.–sussurrou o guarda em meu ouvido o que fez-me arrepiar.
— Sou só tua Augustus...
Rapidamente virei-me e foi ele quem ficou de costas para a árvore.
  Ele sentou-se na relva um pouco húmida e minhas pernas enrrolaram-se à sua cintura, aquelas grandes mãos masculinas surgiram no meu rosto enquanto as minhas estavam pousadas em seus ombros.
—Só queria que o tempo abranda-se, que os dias fossem mais calmos, que não existisse mais ninguém no mundo.– acrescentei, desencostando-me dele.
—E Douglas ?
— Esquece o Douglas, Augustus, ele a cada dia que passa torna-se mais distante e sinceramente, não sei o que irei fazer em relação a ele, agora não iremos falar dele, finge que só nós existimos neste pequeno pedaço de terra.
—Está bem, irei tentar.
  Sorrimos um para o outro e, por meros segundos, consegui ver o brilhar daqueles olhos quando voltamos para aquele doce beijo.

Quando olhei para o céu que já começava a clarear, deparei-me nos fortes braços do meu guarda que ainda encontrava-se a dormir

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Quando olhei para o céu que já começava a clarear, deparei-me nos fortes braços do meu guarda que ainda encontrava-se a dormir.
  Tentei esgueirar-me silenciosamente dos seus membros mas vejo que alguém está a fazer o meu trabalho.
—Acordem seus dorminhocos, temos de voltar para o reino, não se esqueçam da cerimônia do rei Ablo!–gritou Ayla.
—A cerimônia !– levantei-me rapidamente e corri até onde estavam os cavalos – Anda Ayla, levanta-te Augustus antes que dêem conta da nossa ausência.
  Ayla saltou para Penélope onde eu já estava e o rapaz foi para o outro cavalo que encontrava-se de sobra.
  Galopamos  rapidamente pelo meio dos arbustos, finalmente encontramos a estrada que dava para o castelo.
—Sempre soube que tinham algo.–a criança riu-se– mas não confio nele, não parece boa pessoa.
—Ayla, tens de prometer que ninguém vai saber disto, está bem?– interroguei.
—Tudo bem, mas tem cuidado, não gosto muito dele.
—Tudo bem pequena, eu teria cuidado .

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