Para meu inimigo, com amor

|Capítulo 27|

Christopher Cannon

Arrumo a camisa do time nos ombros e me escorro no meu armário escutando enquanto Daniel fala. Não é que ele seja ruim, mas não tem liderança. E ele sabe disso por que me olha a cada 30 segundos pedindo por ajuda.

Dou de ombros e cruzo os braços, Peter e Thomas estão concentrados em arrumar a rede dos tacos, não prestam atenção no colega falando ou no Treinador que diz um ou outra palavra de vez em quando.

– Cannon! – ergo minha cabeça quando escuto a voz do Treinador me chamando – Por que ainda não esta vestido?

– Como? – franzo o cenho e encaro meu próprio corpo, da camisa do time a calça jeans escuro e os tênis brancos e limpos.

– Por que não esta vestido para jogar? – ele pergunta, sibilando as frases com raiva.

– Pensei que eu estava suspenso de jogar. E que perdi o titulo de Capitão. – digo dando de ombros e vejo seu maxilar ficar tenso. Ótimo.

– Isso não quer dizer que não ficará no banco de reservas.

– O que? Ta brincando? Por que eu ficaria no banco se não posso jogar?

– Por que não ficaria no banco?

– Treinador, com todo o respeito, você esta brincando comigo? – pergunto perdendo a paciência e me colocando direto de pé.

– Esta vendo alguém com cara de palhaço aqui, Cannon?

Respiro fundo umas três vezes e fecho os olhos para não responder e acabar me prejudicando ainda mais no time. Quando os abro e encaro todos a minha frente, coloco as mãos no bolso e dou alguns passos em direção a porta.

– Não vou ficar no banco se não posso jogar, não faz nem sentido para mim. Se for por causa da imagem do time, diga que estou machucado. Vou assistir da arquibancada. – aceno brevemente em direção ao treinador e então me viro em direção ao resto – Bom jogo, pessoal. Quando estiverem em campo, lembrem o que representam e quem são. Vamos vencer. Confio em vocês!

Um sorriso nasce no meu rosto a medida que eu caminho em direção a porta e o time bate palmas atrás, incentivando um ao outro como nos outros jogos. Caminho tranquilo pelo corredor em direção ao portão do campo e dou a volta, até encontrar a escada para a arquibancada.

Não é difícil encontrar a Isabella no meio da arquibancada, principalmente porque ela e as amigas sentam sempre nos mesmos lugares que o Peter reserva todo jogo, mas os cabelos vermelhos que contrastam com a camisa preta do time é o que me faz seguir na direção.

A arquibancada inteira está lotada e tenho um pouco de dificuldade em chegar até ela, preciso parar para cumprimentar alguns alunos e dar um breve aceno quando pedem o porque de eu não estar em campo.

Quando finalmente chego ao seu lado, encaro a garota de cabelo cacheado sentada ao lado direito da Isabella, ela mexe no celular e demora para notar minha presença.

– Oi, posso sentar aqui? – pergunto aproximando meu rosto da sua orelha, o que faz com que ela semicerre os olhos na minha direção.

– E o que eu ganho com isso?

– Descobrimos depois do jogo, na festa. – sussurro de volta, ciente de que a Isabella ouve cada uma das palavras, mas porra, não tenho outra forma de sentar aqui, preciso usar a minha péssima fama para alguma coisa.

A garota pisca um olho para mim quando se levanta e deixa o braço tocar o meu, abro um pequeno sorriso para ela a medida que ela se afasta e, assim que ela desvia o olhar do meu, desmancho o sorriso e me jogo na cadeira.