Para meu inimigo, com amor

|Capítulo 10|

Isabella Walker

Não.

Não. Não. Não. Não. Não.

Ai. Meu. Deus.

Assim que acordo sinto um peso em cima das minhas pernas e alguma coisa em meu pescoço que me faz cocegas, resmungo baixo e quando abro os olhos tenho certeza de que estou em algum tipo de pesadelo. Ou morri e fui para o inferno.

Christopher Cannon está dormindo comigo. Ou melhor, grudado a mim. Uma de suas pernas está em cima das minhas, seus braços estão ao redor da minha cintura enquanto seu rosto está enterrado no meu pescoço.

Não. Não. Não. Não. Não. Não.

Dou um pulo na cama me afastando e o empurro com as pernas, Cannon acorda em um pulo, batendo as mãos no colchão e me olhando com os olhos arregalados de susto. Dois segundos depois, ele volta a cair na cama, resmungando e fechando os olhos ao levar a mãos na cabeça.

Estou parada, ainda sentada tentando entender o que aconteceu quando me dou conta de que sou eu quem está no quarto dele, o que piora ainda mais minha situação. Volto a olhar para o Christopher, ainda deitado na cama, a mesma roupa de ontem a noite, os cabelos bagunçados e os olhos um pouco inchados de dormir que agora me encaram.

– Que porra você está fazendo. – digo assim que me levanto, conferindo que todas minhas roupas ainda seguem no lugar, a não ser pelo meu cabelo que agora está solto.

– Estou apenas deitado, tentando voltar a dormir. – ele resmunga, fechando os olhos e colocando os braços embaixo da cabeça.

– Christopher, o que aconteceu? Por que caralhos você estava dormindo comigo?

– Só vou fazer uma observação rapidinha aqui – ele abre os olhos, se divertindo com a situação – Você quem está dormindo no meu quarto. É você quem me deve uma explicação.

– Christopher Cannon – rosno tentando manter o tom baixo por que eu nem faço ideia se o meu irmão esta em casa, ou se o Thomas já chegou, ou se alguém nós viu juntos – É melhor você me explicar agora o que aconteceu.

– Isabella, não tem muito o que explicar, a gente....

– Não. – o interrompo, andando na frente da cama enquanto ele se senta – Não fala, não quero mais saber. Porra. Que inferno. Deve ser um pesadelo.

– Não, Isabella. Calma.

– Não chega mais perto de mim, ok? E, se alguém ficar sabendo disso aqui, eu te mato.

Bagunço os cabelos ao mesmo tempo em que o garoto revira os olhos na cama, faço um coque no cabelo e abro a porta do quarto espiando se a alguém no corredor, mas não vejo e nem ouço movimentação alguma.

– Bella, acho melhor a gente conversar antes de você ir para o seu quarto. – ele fala, e de repente esta ao meu lado, pressionando a palma da mão contra a porta e a fechando.

– Eu definitivamente não quero e não preciso conversar com você.

– Ok, mas eu acho que você deveria me escutar só dois minutos para entender algumas coisas.

– Christopher, me deixe sair.

– Tudo bem. – Cannon levanta as mãos, desistindo de falar o que quer que seja e eu saio do quarto, cuidando, pela primeira vez, para não bater a porta dele.

Com quatro passos estou no meu quarto, fecho a porta devagar e solto todo o ar que eu nem havia notado que estava segurando. Respiro com força, e então me jogo na minha cama, bem menor do que a que eu estava 03 minutos atrás e bem menos macia.