|Capítulo 17|

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Christopher Cannon

Apoio as duas mãos no balcão da cozinha assim que Isabella sai do cômodo, Thomas resmunga algo que eu nem mesmo me esforço para entender e, cinco segundos depois Peter aparece, jogando as chaves na mesa e contando algo para nós.

Não podia ter acontecido de novo.

O que aconteceu no jogo, a forma como estávamos jogando ridiculamente e a forma como ela gritou comigo na frente dos meus companheiros, do meu time, me deixou com tanta raiva que tudo que eu tinha vontade era nunca mais a ver e deixar tudo para trás quando ela fosse embora amanhã. Hoje.

Mas, quando ficamos a sós, as coisas mudam. Ela muda. Não é como se eu estivesse sempre gritando e brigando com ela, ou achando motivos para isso. Hoje eu poderia ter evitado, mas ela queria também. Ela não se afastou. Ela não brigou ou me bateu ou fez qualquer coisa para recusar.

Ela queria. Eu queria.

E se não fosse pelo Thomas estávamos ferrados agora mesmo.

Depois que Peter sobe para o quarto, me estico no sofá, fechando os olhos e cruzando os braços.

– Quer me explicar agora o que estava rolando? – Thomas pergunta não muito baixo ao meu lado.

– Não é da sua conta. – resmungo de volta, ainda sem abrir os olhos.

– Ah, é da minha conta sim. Vocês dois declaram guerra o dia todo um para o outro e ai, no momento em que ficam sozinhos por dois minutos, eu os pego se agarrando.

– Não estávamos nos agarrando.

– Não por que eu cheguei antes. – Thomas tinha a voz em um tom um pouco irritado. Abri meus olhos.

– Não foi nada, ok? Esquece. – suspiro me sentando e passando as mãos pelo cabelo – Ninguém pode saber.

– Vocês estão se pegando? Meu Deus, Chris. – ele levanta as sobrancelhas, indignado.

– Não Thomas. Porra. Não.

– Certeza? – o encaro com o rosto fechado, as sobrancelhas franzidas quando ele bufa baixo – Certo.

Ficamos em silêncio por mais alguns segundos quando meu amigo volta a dar a opinião dele que eu nem pedi.

– Olha, é muito esquisito isso, sério. Eu ainda não estou entendendo.

– Bebemos. Brigamos por causa do jogo. Aconteceu!

– Então é briga que te da tesão? – Thomas franze as sobrancelhas e eu o encaro – Por que se for isso, vou avisar para que a Iris pare de correr atrás de você e comece a te xingar e falar uns palavrões, vai que funcione com ela também.

– Thomas! – retruco entre dentes para que pare.

– Certo. Parei. – ele fala, dando de ombros e se recostando no sofá – Chris, por mais que isso possa parecer loucura e que foi só uma vez, segundo você, é a Bella, sabe? Ela já deixou claro que te odeio desde criança. Não vai por esse caminho. Não vai dar certo. E tem o Peter ainda. E ela se muda amanhã.

– Pare de falar besteira.

– Ok. Tudo bem. – Thomas se levanta, me encara por mais alguns segundos antes de voltar a falar – Só... deixe ela, ok? Tem o lance com o Wostden ainda e ela já ta bem perdida, não precisa de mais você na cabeça dela confundindo as coisas.

– Não tem nada para confundir, Thomas. – retruco quando ele sai da sala, mas nem eu sei se acredito em mim mesmo.

Na manhã seguinte quando Thomas e Peter começam a arrastar as coisas do quarto ao lado me acordo, escuto a risada baixa da amiga da Isabella, a loira que estava ontem e, minutos depois, escuto Alicia pedindo para que a Isabella ajudasse ela a carregar a caixa antes que derrubasse tudo.

Para meu inimigo, com amorOnde histórias criam vida. Descubra agora